sábado, janeiro 20, 2018

Como Resistir às Tentações do Adultério?

Jonas M. Olímpio
https://ebvirtual.blogspot.com.br

Uma quebra de aliança
conjugal começa na quebra da
aliança com Deus. Se quer 

saber se está em condições de 
resistir às tentações carnais, 
analise como está sua vida 
espiritual.
    O adultério[1] é uma das mais repugnantes práticas pecaminosas, porque ele não somente mancha o caráter moral e expõe a diversos riscos as pessoas envolvidas, como também afeta a todos os que fazem parte da sua vida. Geralmente, aqueles que se deixam levar pela satisfação passageira dos desejos sexuais ou por falsos sentimentos travestidos de amor, usam até mesmo a própria Bíblia na covarde tentativa de se justificar dizendo: “A carne é fraca”; mas se esquecem que no mesmo versículo em que diz que a carne é fraca, o Senhor Jesus também diz que o espírito está pronto, ou seja: nosso lado espiritual conhece a verdade e quer fazer o que é certo. Além do mais, o contexto dessa Palavra refere-se à oração, então, se querem realmente inseri-la nessa situação, isso significa que a própria pessoa admite que precisa orar mais e, inclusive, vigiar - tomar muito cuidado - em suas atitudes (Mt 26:41). Porém, alguns de “ânimo” mais aguçado poderiam me questionar: “Mas, em relação à tentação[2] sexual é diferente: o corpo foi feito pra isso; existe nos membros sexuais um constante e incontrolável pedido de prazer”; e então eu teria que responder que, urgentemente, é preciso parar de se esconder atrás da própria fraqueza e olhar para as Escrituras Sagradas e ver que é sim possível à um ser humano comum - mesmo com todos os seus membros sexuais ativos e aguçados - resistir às tentações.

  I.   As causas da tentação: As tentações são inevitáveis, pois somos humanos (1ª Co 10:12,13; Tg 5:17). No entanto, é preciso estar atento para não ceder à elas, por isso é necessário saber evitar tudo o que possa nos derrubar através dos desejos carnais, os quais costumam se manifestar de várias maneiras:
a)      Os sentidos naturais do corpo: As portas de entrada que estimulam nossos desejos são os olhos, por onde vemos e apreciamos o que é agradável; os ouvidos, pelos quais somos convencidos a agir; o paladar, um meio que, mesmo ainda não havendo um contato direto, sente vontade de saborear o corpo alheio como pelo beijo, por exemplo; o tato, que é o mais estimulado principalmente quando há uma aproximação mais intensa: geralmente, um abraço; e até mesmo o olfato, que serve como meio de excitação para pessoas mais sensíveis aos mínimos detalhes. Controlar esses sentidos não é tão fácil; porém, é importante lembrar que eles são dominados pela mente, pois somos seres racionais. Baseados nesse princípio, basta procurarmos ter autocontrole, pensamento firme naquilo que é certo e ocuparmos a mente com coisas saudáveis (Sl 101:2,3; Cl 3:2,3,5,6; Fp 4:7,8).
b)     Se colocar em situações de risco: Como sabemos que somos sujeitos ao pecado, devemos reconhecer nossa fragilidade e evitar ficar a sós e manter diálogos muito liberais com pessoas do sexo oposto. Isso também inclui um extremo cuidado com as conversas em redes sociais. Uma conduta vigilante é essencial para o autocontrole (1ª Pe 5:8,9) e, se for necessário fugir, fuja (Gn 39:7-12)!
c)      Auto-exposição: Esse fator se refere a ambos, mas o cuidado deve ser bem maior por parte das mulheres, pois a exposição do próprio corpo com vestes ou comportamento inadequados, como sorrisos maliciosos ou olhares insinuantes, as torna um alvo desejável para homens mal-intencionados. A partir do momento que a mulher - propositalmente ou não - causa excitação em homens, passa a eles a impressão de estar usando um cartaz que diz “estou disponível”. Diante disso, se ela não tiver realmente firmeza de caráter, em algum momento poderá não resistir às inevitáveis “cantadas”. A preservação da própria imagem é essencial para a preservação moral (1ª Ts 5:21,22; 1ª Co 10:32).

     II.  Adultério é desrespeito ao cônjuge, à família e a Deus: Atos de traição não representam apenas um estado de fraqueza carnal e espiritual, eles expressam também falta de maturidade, o que reflete no desrespeito aos compromissos em relação a tudo e todos que estão a nossa volta. Vejamos alguns dos principais exemplos:
a)      Representa falta de amor: A pessoa que ama respeita. Ainda que a tentação seja grande, não consegue fazer ao seu cônjuge o que não gostaria que ele fizesse com ela; pois mesmo que a atração tenha diminuído e os defeitos pareçam ser maiores do que no começo do casamento, se existe realmente amor, qualquer detalhe pode ser superado (1ª Co 13:4-7[3]).
b)     Demonstra falta de responsabilidade: Uma pessoa que constitui uma família e depois a desrespeita demonstra que não tem firme compromisso diante das responsabilidades que assume. O casamento é formalizado a partir de um juramento no qual está incluída a promessa de fidelidade sob quaisquer circunstâncias até que a morte os separe. Tal juramento é feito perante o cônjuge, a família de ambos, o Estado, a sociedade, a Igreja e o próprio Deus. Não cumpri-lo significa ter mentido diante do altar numa cerimônia que, independentemente de ter sido realizada em um templo ou não, é inegavelmente sagrada. Mentir já é um pecado grave (Jo 8:44), quanto mais diante de algo tão sagrado quanto a família (Gn 2:24; Mt 19:4-6). Além disso, deve-se ainda considerar que o casamento não lhe foi imposto, foi voluntário; e, se foi voluntário, precisa ser respeitado (Dt 23:21,22; Ec 5:4-7).
c)      Significa falta de temor: Qualquer pessoa que tenha o mínimo conhecimento bíblico sabe que o adultério é pecado, até mesmo porque isso consiste numa grave afronta aos padrões morais do ser humano em qualquer sociedade considerada normal. É inaceitável que alguém que se diz cristão cometa um ato tão abominável e fique com a consciência tranquila, pois o Espírito Santo é sensível e exige pureza; assim sendo, se um adúltero não se sente mal em suas atitudes, isso significa que ele já estava afastado de Deus a muito tempo, porque uma pessoa que peca e ainda tenha o temor[4] divino, prontamente se arrepende, pede perdão e procura consertar seu erro. Quem se conforma com o pecado não tem mais aliança com o Senhor e precisa, urgentemente, resgatar seus sentimentos espirituais, antes que seja tarde (Rm 12:1,2).

  III.  As consequências do adultério: Como na grande maioria dos atos pecaminosos, o adultério não atinge apenas os adúlteros, mas todos aqueles que fazem parte da vida deles. Além da morte espiritual - pois o Espírito Santo não habita em um “templo” de prostituição (1ª Co 6:15-20) -, a pessoa que desrespeita seu cônjuge está se destinando a arcar com prejuízos materiais, morais e sentimentais que passam a segui-la a partir daí:
a)      O adúltero fica em descrédito: Pessoas que caem em adultério, - mesmo depois de se arrependerem -, ainda carregam uma mancha por toda a sua vida. No caso de não conseguirem resgatar seu casamento - pois a Bíblia dá direito ao divórcio ao cônjuge traído (1ª Co 7:15,16; Mt 5:32[5]) -, na tentativa de se envolver novamente com outra pessoa, sempre vai enfrentar a desconfiança e questionamentos devido às razões de seu erro do passado. Quando consegue resgatar seu antigo casamento, a confiança também já não é mais a mesma, porque perdoar não significa confiar e, na mente do cônjuge sempre vai ter o seguinte pensamento: “Quem errou uma vez tem a tendência de errar novamente”. E os prejuízos vão além do âmbito sentimental, pois atinge todas as áreas, incluindo a ministerial, na qual é muito difícil se erguer novamente. Tudo tem o seu preço, principalmente o pecado (Rm 6:22,23; Gl 6:7-9).
b)     A vítima do adúltero é prejudicada em todos os sentidos: Seja homem ou mulher, quem tira uma pessoa de sua casa e de sua família assim alterando todo seu modo de viver, deve ter perfeito juízo sobre a seriedade do compromisso que está assumindo, pois se o relacionamento não der certo devido ao adultério - ou até mesmo outros motivos -, Deus vai requerer dele a maldade de ter ferido os sentimentos e a dignidade de uma pessoa que pode até ser levada ao sofrimento e à depressão por ter confiado e acreditado que ao seu lado teria encontrado sua tão desejada felicidade conjugal. O bem-estar das pessoas que vivem ao seu lado também fazem parte da mordomia cristã, ou seja: da responsabilidade do crente (Lc 12:42-46).
c)      A família do adúltero sofre por seu erro: A única vítima do adultério não é a esposa ou o esposo, mas, principalmente, os filhos. Pois, além de perderem a confiança - e, as vezes, até o amor - na figura de quem eles tinham admiração e respeito, estão também sujeitos a seguirem os maus exemplos chegando a ser, futuramente, pessoas infiéis. A responsabilidade da educação dos filhos, principalmente em sentido moral, é dos pais (Pr 22:6; Ef 6:4).

    O adultério não começa na cama, mas na mente e depois invade o coração de quem não está firme com Deus (Mt 5:27,28); por isso, é necessário conservar-se puro e irrepreensível para não arcar com as suas terríveis consequências. Mas existe perdão para o adúltero? Sim. Existe! Pois a fidelidade divina não se corrompe pela infidelidade humana (2ª Tm 2:13); porém, é preciso reatar o compromisso com o Noivo enquanto Ele ainda está concedendo oportunidade para uma reconciliação (Ec 7:26; Pr 6:23-26). Resistir ao adultério vai além de controlar a mente, o coração e o corpo, mas também depende da valorização do seu compromisso com Deus; pois quem se relaciona seriamente com Ele, tem esse amor refletido no relacionamento com seu cônjuge (1ª Jo 4:20,21). Quer resistir? Então não tente justificar sua fraqueza e honre os valores mais nobres que um ser humano - sobretudo um servo de Deus - deve respeitar (Tg 4:7).



[1]Adultério: Quebra da fidelidade conjugal. Adulteração, contrafação, falsificação. Heresia, apostasia.
[2]Tentação: Atração para fazer o mal por esperança de obter prazer ou lucro. Pode vir do tentador (Gn 3:1-5) ou de dentro do ser humano (Tg 1.14-15).
[3]Leviandade: Procedimento irrefletido, precipitado ou sem seriedade; imprudência (Jr 23:32; 2ª Co 1:17).
[4]Temor: Medo. Respeito. Reverência.
[5]Repudiar: Rejeitar. Divorciar-se; Repudiar a esposa. Renunciar voluntariamente: Arredar de si; repelir.

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sexta-feira, janeiro 19, 2018

Como Devo Reagir Diante das Oposições à Obra?

Jonas M. Olímpio
https://ebvirtual.blogspot.com.br

Texto Bíblico
Neemias 6:1-3 - Sucedeu que, ouvindo Sambalate[1], Tobias[2], Gesém[3], o árabe, e o resto dos nossos inimigos, que eu tinha edificado o muro, e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais, 2Sambalate e Gesém mandaram dizer-me: Vem, e congreguemo-nos[4] juntamente nas aldeias, no vale de Ono[5]. Porém intentavam fazer-me mal. 3E enviei-lhes mensageiros a dizer: Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?

Com os exemplos de Neemias
aprendemos que o crente
equilibrado em sua conduta, não
desce ao nível dos inimigos para
responder suas afrontas; ele
simplesmente diz que está muito
ocupado cumprindo seu trabalho
e deixa Deus fazer justiça em
seu lugar.
História
    Jerusalém. Ano 445aC. O cativeiro da Babilônia[6] já havia se findado e, aos poucos, os judeus eram enviados em grupos de volta à sua terra. Neemias[7], um copeiro do rei Artaxerxes[8], sendo um judeu temente a Deus e tremendamente apegado ao seu povo, recebeu tristes notícias sobre a situação de Jerusalém e, depois de orar e jejuar, sendo autorizado pelo rei, foi conferir de perto. Chegando lá, o que viu foi uma cena terrível: o que havia sobrado do muro estava aos pedaços, das portas restaram indícios de madeira e metal queimados, entulhos estavam espalhados por todas as partes de modo que ele nem conseguia passar com o animal sobre o qual estava montado, o povo estava em grande pobreza e sua identidade cultural, social e religiosa estavam sob forte influência dos seus colonizadores. A situação era gravíssima, pois um muro representava a segurança e a importância de uma cidade; e ele, como um fiel servo de Deus, sentiu-se na obrigação de tomar uma atitude. Mas o que fazer diante de um cenário tão caótico? Primeiramente, pedir a orientação do Senhor e, a partir daí, elaborar um projeto de reconstrução, reunir o povo, calcular os gastos, arrecadar o que fosse necessário, organizar tudo e dar início aos trabalhos. Fazendo isso, quando tudo estava em andamento, surgiu um grande obstáculo: os inimigos da obra: Tobias, Sambalate e companhia Ltda. Mas quem eram eles? Esses eram homens que ocupavam cargos importantes no governo e se sentiam ameaçados pela reconstrução dos muros, pois temiam que isso possibilitasse uma rebelião dos judeus, fato esse que lhes traria grandes prejuízos, pois Jerusalém era uma grande cidade. Esse é o perfeito retrato dos habituais inimigos da Obra que enfrentamos ainda nos dias de hoje: eles podem estar tanto fora quanto dentro da igreja, seus motivos são sempre a ganância material e a busca pelo status, seu alvo são aqueles que estão trabalhando pela edificação da Igreja e seus meios sempre visam a destruição dos que se opuserem aos seus planos malignos. Como devemos reagir perante eles? Neemias nos dá um perfeito exemplo de como deve agir um verdadeiro servo de Deus: “Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?”. Qual é o grau do seu envolvimento com a Obra? É apenas um membro dela ou está comprometido com ela?

Mensagem
    Qual é a sua prioridade? Diante da provocação você para de trabalhar e dá atenção ao inimigo, ou você ignora suas palavras e continua com sua atenção voltada para Jesus?

    As estratégias dos inimigos:
    Zombaria: Os inimigos usaram palavras ofensivas à honra, na tentativa de provocar o ego dos judeus (Ne 4:1-3). Muitas vezes somos afrontados pelos ímpios porque servimos a Deus ou até mesmo por crentes quando não concordam com nossa dedicação à Obra; porém, a justiça divina contempla todo sofrimento e age no momento certo (Sl 1:4-6).
    Falsas propostas: Vendo a determinação de Neemias, prepararam uma armadilha e se fingiram de amigos (Ne 6:2). O inimigo nem sempre se apresenta furioso e armado, por isso devemos estar sempre alertas a tudo o que nos é oferecido (Pr 26:24-26).
    Mentiras: Diante da persistência, os inimigos apelaram para a falsa acusação (Nm 6:6,7). As calúnias inventadas a nosso respeito somente nos derrubam se dermos ouvidos ao inimigo, pois quando resistimos somos justificados e honrados pelo Senhor (Mt 5:10-12).

    A resistência aos inimigos:
    Busca da orientação divina: A primeira reação de Neemias foi orar; ele “desabafou” com Deus todas as suas amarguras (Ne 4:4,5[9]). Quem busca a orientação de Deus, não somente consegue encontrar as respostas certas como também recebe paz em seu coração, pois começa a entender que seu verdadeiro inimigo é espiritual e não carnal (Ef 6:10-13[10] [11] [12]).
    Discernimento entre a verdade e a mentira: Nas tentativas de aproximação, que na verdade eram ciladas, podemos notar o discernimento espiritual de Neemias que não acreditou nos argumentos apresentados (Ne 6:2); nem mesmo os “profetas” conseguiu enganá-lo (Ne 6:12-14) e, prudentemente, já havia orientado o povo a vigiar enquanto trabalhava (Ne 4:17-20). Como servos de Deus, não podemos aceitar o fato de sermos enganados diante de qualquer argumento, pois temos que saber discernir entre a verdade e a mentira (At 5:1-3) considerando o fato de que o discernimento é um dom espiritual (1ª Co 12:7,10; 2:14,15) e, pelo meio do qual, nem mesmo os que usam o nome de Deus podem conseguir nos enganar (1ª Jo 4:1).
    Resposta firme aos opositores: Quando foi convidado para uma reunião com Tobias e Sambalate, percebendo que se tratava de um impedimento à obra, não tentou se desculpar e muito menos atendeu ao chamado, ele simplesmente disse que o que ele estava fazendo era muito mais importante (Ne 6:3). Quais são as respostas que estamos dando àqueles que tentam nos afastar das coisas de Deus (1ª Tm 4:1,2[13]; Rm 16:17,18[14])?
   
    O resultado da resistência:
    A conclusão do muro: O resultado da persistência, da coragem e da fidelidade a Deus foi excelente: eles conseguiram concluir o muro em cinquenta e dois dias (Ne 6:15[15]). A conquista do objetivo é certa, mas apenas para aqueles que não desistem. Não há como evitarmos a existência dos opositores, mas quem garante o sucesso da Obra é aquEle que ordenou que a fizéssemos (Mt 10:22; Gl 6:9).
    A exaltação do nome de Deus: O término da construção não somente alegrou aos judeus, mas também honrou a Jeová diante de seus próprios inimigos como também dos gentios (Ne 6:16); pois o serviço sacerdotal foi restabelecido (Ne 7:1,2); e o povo voltou a adorar livremente (Ne 8:1,6), podendo inclusive ofertar (Ne 10:37), assim alcançando um verdadeiro avivamento tendo sua fé fortificada (Ne 9:38). Qual é o objetivo que te leva a fazer parte da Obra do Senhor? Todos os trabalhos os quais tivermos oportunidade para fazer devem ser executados com amor e dedicação, lembrando-nos que trabalhamos para Deus e não para os homens (Cl 3:17; Ec 9:10).
    O resgate da dignidade do povo: Com a edificação dos muros passou a haver um controle sobre os habitantes de Jerusalém que lhes permitiu registrar suas genealogias (Ne 7:5); os que não pertenciam ao povo foram apartados, dando-lhes mais liberdade para se prostrarem diante de Deus (Ne 9:2) e assim puderam também voltar a zelar pela pureza do seu povo não estando mais sujeitos às mais diversas influências dos povos estrangeiros (Ne 10:29,30). Você tem se preocupado em manter-se puro vivendo nesse mundo tão corrompido pelo pecado? O verdadeiro crente preocupa-se muito em fazer a diferença em qualquer lugar que esteja (Jo 17:14-17).

Conclusão
    Sobrevivendo em tempos de supervalorização material numa situação em que o próprio Evangelho é encarado por muitos simplesmente como um bom negócio de grandes proporções financeiras, o verdadeiro cristão, que é aquele que não se rende aos “Tobias” e “Sambalate” que estão à sua volta, precisa se inspirar em homens como Neemias e no próprio Senhor Jesus Cristo para não se corromper e nem desistir de sua missão. Reconstruir muros já não é uma tarefa muito fácil, e com inimigos tentando impedir se torna quase impossível. No entanto, o que aprendemos aqui é que quando nos colocamos em oração pedindo a Deus que seja Ele o idealizador e executor de nossos projetos não há como a edificação não ser concluída. É assim que percebemos que os maiores obstáculos não são os opositores, mas sim nós mesmos quando não temos fé e confiança no próprio chamado. Neemias não precisou se expor entrando em brigas ou mesmo discutindo; sempre respondeu com mansidão e firmeza, e Deus cuidou de tudo por ele. Essa deve ser a reação de um verdadeiro cristão; o mundo precisa ver esse exemplo em nós. E, por essa razão, não devemos perder tempo em nosso ministério olhando e dando ouvidos às pessoas que não concordam ou não acreditam no que fazemos, porque se nós temos a certeza de que foi o Rei quem nos chamou e está nos capacitando, estamos mais do que autorizados a cavar os alicerces e prosseguir com o trabalho. Falando nisso, você já conversou com o Dono da Obra hoje (Ne 13:31b)?



[1]Sambalate: O seu nome na língua babilônia é "Sin-Uballit" que significa "Que Sim lhe dê vida" (Sim, na Babilônia, era considerado o deus da lua). Provavelmente nasceu em Bete-Horom, por isso era chamado de horonita. Ele foi o líder dos opositores de Neemias porque se sentia politicamente ameaçado com seu trabalho de edificação dos muros em Jerusalém. Seus filhos, Delaías e Selemias, tinham nomes judeus e sua filha se casou com o filho de um sumo sacerdote, o que dá a entender que ele possa ter feito as pazes com Neemias ou com seu povo.
[2]Tobias: Um amonita que foi um dos principais opositores à Neemias na reconstrução de Jerusalém. Era um provável oficial de alto escalão do governo persa. Ele e seus filhos se casaram com mulheres judias. Embora tenha sido recebido no Templo pelo sumo sacerdote Eliasibe, foi expulso por Neemias.
[3]Gesém: Chamado na Bíblia de arábio, acredita-se que foi um governador edomitas ou persa. Juntamente com Sambalate e Tobias, foi um dos principais opositores de Neemias na reconstrução de Jerusalém.
[4]Congregar: Reunir; juntar. Se reunir ou se juntar com outras pessoas.
[5]Ono: Citado no livro de Neemias (Ne 6:2), esse vale ficava a, mais ou menos, 32 quilômetros de Jerusalém.
[6]Cativeiro da Babilônia: Também chamado de Exílio ou Cativeiro da Babilônia, é o nome geralmente usado para designar a deportação em massa e exílio dos judeus do antigo Reino de Judá para a Babilônia por Nabucodonosor II. Este período histórico foi marcado pela atividade dos profetas do Antigo Testamento, Jeremias, Ezequiel e Daniel. A primeira deportação teve início em 598 aC.. Jerusalém é sitiada e o jovem Joaquim, Rei de Judá, rende-se voluntariamente. O Templo de Jerusalém é parcialmente saqueado e uma grande parte da nobreza, os oficiais militares e artífices, inclusive o Rei, são levados para o Exílio em Babilônia. Zedequias, tio do Rei Joaquim, é nomeado por Nabucodonosor II como rei vassalo. Precisamente 11 anos depois, em resultado de nova revolta no Reino de Judá, ocorre a segunda deportação em 587 aC. e a consequente destruição de Jerusalém e seu Templo. Governando os poucos judeus remanescentes na terra de Judá - os mais pobres - ficou Gedalias nomeado por Nabucodonosor II. Dois meses depois, Gedalias é assassinado e os poucos habitantes que restavam fogem para o Egito com medo de represálias, deixando a terra de Judá (ex-Reino de Judá) efetivamente sem habitantes e suas cidades em ruínas. É certo que o período de cativeiro "em Babilônia" terminou no primeiro ano de reinado de Ciro II (538 aC./537 aC.) após a conquista persa da cidade de Babilônia (539 aC.). Em consequência do Decreto de Ciro, os judeus exilados foram autorizados a regressar à terra de Judá, em particular a Jerusalém, para reconstruir o Templo. Esse cativeiro durou 70 anos.
[7]Neemias: Significa "Javé Conforta". Judeu, copeiro de Artaxerxes. Liderou um grupo que voltou do Cativeiro Babilônico para Jerusalém, onde foi governador e realizou reformas. Foi um homem de muita habilidade e coragem. É considerado um grande exemplo de liderança; uma de suas obras mais marcantes foi a reconstrução dos muros de Jerusalém sob forte oposição de Sambalate e Tobias. É o provável autor de um livro histórico do Antigo Testamento que leva o seu nome.
[8]Artaxerxes: Significa "Rei Poderoso" ou "Grande Guerreiro". É um nome próprio ou título (como César e Faraó) de três reis da Pérsia, dois dos quais são mencionados na Bíblia. 1) Artaxerxes I, apelidado de "Longímano" (mão longa), reinou de 464 a 424 aC. e proibiu a reconstrução do templo e de Jerusalém (Ed 4:7-23; 6:14). 2) Artaxerxes II, reinou de 404 a 358 aC. Ele deu a Esdras e Neemias autoridade e também mantimentos, ouro e prata para o Templo (Ed cap. 7; Ne 2:1-9; 13:6).
[9]Opróbrio: Desonra; vergonha.
[10]Principado: Dignidade de príncipe. Território cujo governo pertence a um príncipe ou a uma princesa. Mencionado na Bíblia também em referência a espíritos, sejam eles bons ou maus (1ª Co 15:24; Ef 1:21; 3:10; 6:12; Cl 1:16; 2:10,15).
[11]Potestade: Potência, força, poder. A divindade suprema, segundo a religião. Potentado.
[12]Hoste: Tropa, exército beligerante, corpo de exército. Bando, chusma, multidão.
[13]Cauterizado: Que sofreu aplicação de cautério (ferro quente, cáustico ou outro agente que queima e converte em escara (ferida de queimadura), ou destrói os tecidos a que é aplicado). Morto ou destruído por ação de ferro em brasa. Simboliza uma mente destruída (1º Tm 4:2).
[14]Lisonja: Bajulação. Agradar alguém por interesse.
[15]Elul: No calendário judaico, esse é o mês correspondente ao período de agosto e setembro.

Jonas M. Olímpio 

quarta-feira, janeiro 03, 2018

Âncora cristã para a pós-modernidade

Cristo na Tempestade - Pintura de Rembrandt

Por: João Cruzué

O desencanto da sociedade com a religião e depois com a ciência é a principal característica da pós-modernidade. E não parou por aí. No rastro destes dois pilares seguiu-se a política, a justiça e a imprensa.  Assim como na época do Renascimento, um espírito de inconformismo e insatisfação paira sobre tudo e todos,  até mesmo sobre a própria pós-modernidade.

Posso comparar esta época com a situação enfrentada por alguns pescadores no Mar da Galileia, há dois milênios, onde a a fúria do mar e a força do vento, que pareciam incontroláveis, se acalmaram pelo som das palavras de um homem.

Quero começar com a  Operação Lava-Jato, um dos agentes da pós-modernidade no Brasil. Ela desnudou e vem  desnudando com fotos, vídeos e gravações a forma centenária de como o poder do dinheiro vem comprando a consciência dos políticos no Brasil - aos MILHARES. desencanto. A forma como o Ministério Público tratou dos acordos de delação levou o Judiciário a aplicar penas brandas a grandes larápios do dinheiro público. Transparência e desencanto como os agentes da Lava-Jato.

A Igreja Evangélica, minha casa, também enfrenta os efeitos da pós-modernidade. A forma com que algumas denominações "arrecadam" os recursos do bolso dos fiéis é uma ofensa à prudência paulina dos capítulos 8 e 9 da II Carta aos Coríntios. Desde quando o Apóstolo Paulo, em nossos dias, ira tomar os dízimos e ofertas do povo de Deus para comprar uma rede de TV para transmitir novelas, filmes e programas indecentes? De que livro da Bíblia Sagrada veio a inspiração para Igrejas fundarem partidos políticos seculares? Com que autoridade um Pastor Presidente pode aparecer em um culto de Santa Ceia para apresentar pastores ou familiares a pré-candidatos a cargos de representação política? Não deviam eles anunciar nestas ocasiões e lugares um plano nacional de evangelização ou um novo campo de atuação missionária? Transparência e desencanto.

A Ciência que "deveria" soterrar a religião, empacou no sequenciamento do DNA humano. Depois de "sequenciado" trouxe mais dúvidas que certezas. O câncer ainda não tem cura, a AIDS ainda não tem cura. A tuberculose nunca esteve matando tanto. E no Brasil a febre amarela e o sarampo estão de volta. A Ciência não deveria ser ter a solução para toda espécie de males? E o que dizer da comunicação na era digital? É só olhar na hora do rush dentro dos trens e dos metrôs e principalmente em suas escadas: zumbis abstraídos com seus smartphones. Houve um recrudescimento da comunicação. As pessoas estão perdendo a sociabilidade, principalmente dentro dos lares. Ninguém tem mais paciência para conversar com ninguém. No meio cristão, é uma dificuldade reunir a família para orar na hora do almoço. Cada um está recolhido em seu espaço manuseando o seu celular. Não sabemos ainda aonde isso vai dar. Estamos cheios de problemas e comendo mal, perdoe-me a indiscrição: comendo porcaria. Uma quantidade enorme de substâncias químicas na carne, nos vegetais, na água, nos produtos enlatados. Nunca tivemos tanta alergia. E as bulas de remédios, cada vez maiores. Na verdade, grande parte das descobertas científicas está sendo aplicada na produção de bens de uso e consumo humano. Faturamento. A sociedade esperava mais.

Quanto à imprensa, jornal, rádio e TV, é 99% tendenciosa. Mostra a informação sob o ângulo que lhe convém. Muitos jornalistas falam aquilo que a audiência quer ouvir e escamoteiam a verdade. A transparência completa  é algo que ainda precisa ser incorporado ao processo de informação dos fatos à sociedade brasileira na era das páginas eletrônicas.  Gilberto Mendonça Teles (2010), registrou um fato interessante ao notar que os dicionários nem sempre reservaram um verbete especial para o termo transparência [1]. Para defini-lo com a profundidade exigida,  buscou auxílio no Dicionário dos Sinônimos - Poético e de Epítetos da Língua Portuguesa de Roquete & Fonseca (1848). Lá,  encontrou o seguinte:
A água é clara, quando nenhuma substância a turva; é diáfana, quando permite a passagem dos raios de luz, mas só é transparente quando permite a visão completa dos objetos que nela estão contidos.
Diante desses conceitos, não é possível dizer que há transparência em todos os fatos noticiados pela imprensa devido à manipulação.

O Judiciário brasileiro, principalmente o que está instalado nas grandes capitais, é a esfera de poder no Brasil que, segundo a grande imprensa, recebe remuneração, benefícios e aposentadoria acima dos limites impostos pela própria Lei. Transparência e desencanto.

Depois de ter se desencantado com tudo e com todos, chegou a vez da própria pós-modernidade. Sua visão crítica expôs a nudez de todas as áreas. A sociedade, sob está ótica,  passou a observar as mazelas e idiossincrasias de religiosos, cientistas,  políticos, juízes e jornalistas. O resultado disso é um comportamento individualista e consumista. O novo fica velho em menos de um ano. A descartabilidade de tudo.  A pós-modernidade é um pensamento que mostrou o cisco no olho das instituições sociais, sem dar nenhuma referência em troca. As instituições coletivas tiveram suas vidraças quebradas mas o indivíduo está se desgarrando e ficando solitário. Desagregação social.

E o cristão dentro da Igreja, diante de tudo isso, não está imune à fúria do mar e a força contrária do vento. A palavra de Deus ainda é o nosso referencial e a nossa âncora em meio à tempestade.  Entre tantos outros textos, citarei este, um dos meus preferidos: primeira Carta de São João, 2,  assim está escrito:
15 Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 
16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. 
17 E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
18 Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.
19 Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.
20 E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo.
21 Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade.

 O mundo passa, mas a Palavra de Deus permanece. Em meio às tempestades de quaisquer eras eu continuo ancorado nestes belos versos do Salmo 46:
DEUS é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.  Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não se abalará.

SP 03/1/18.