domingo, maio 15, 2016

Sensualidade é Pecado? Por Quê?

Jonas M. Olímpio
http://ebvirtual.blogspot.com.br/

Apesar da tendência da moda de
um modo geral oferecer poucas
opções legais que sejam decentes,
a mulher cristã deve persistir em
preservar sua imagem moral, pois
sua escolha diante da vitrine é um
dos fatores que comprovam se ela
é mesmo uma escolhida.
    O que é bonito é pra ser mostrado? Vamos ver o que Deus pensa disso: “as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia...”; de acordo com o texto de Gálatas 5:19, lamento informar, mas Ele não concorda com isso não. Antes de dar sequência, quero dizer que embora o contexto desse assunto seja uma exortação mais voltada às garotas, os meninos também estão incluídos, pois admirar a sensualidade é tão pecado quanto praticá-la e também produz consequências negativas. Voltando ao texto em questão, é de extrema importância que respondamos à seguinte pergunta: o que é lascívia? Resumindo as informações que encontramos nos mais conhecidos dicionários, a lascívia é definida como uma “conduta vergonhosa como sensualidade, imoralidade sexual, libertinagem[1], incontinência[2], luxúria; corrupção de bons costumes”. E, por sua vez, a sensualidade indica o estado daquilo que é sensual, ou seja: é relativa à sensação física captada pelos órgãos dos sentidos no que se refere aos prazeres da carne ou ao apetite sexual; é o que estimula o desejo por sexo por meio da exposição do corpo. Traduzindo de forma bem simples: normalmente, se refere à mulher que usando roupas curtas, apertadas ou estando mesmo nua, leva o homem a sentir desejo por ela. Esse é um dos pecados concebidos através dos olhos (1ª Jo 2:16,17). É importante também lembrar que a sensualidade não está apenas no estilo insinuante das roupas, mas também em palavras, gestos, olhares, enfim, o comportamento de modo geral.
    Para se ter uma ideia da gravidade da exposição do corpo, em Oséias 4:11, por exemplo, está escrito o seguinte: “incontinência, e o vinho, e o mosto[3] tiram a inteligência”. Nesse texto em que Deus fala sobre o castigo que viria sobre Israel devido aos seus pecados - entre os quais estão incluídos os atos sexuais ilícitos -, em várias versões, a palavra incontinência aparece traduzida como prostituição[4]. Nos escritos antigos foi utilizado o termo grego “akrasia” que também significa “falta de domínio próprio ou intemperança”. Isso nos mostra que a pessoa que pratica ou admira a sensualidade, além de ser desprovida de inteligência, não tem controle sobre si própria e está sim, de certa forma, se prostituindo. Então você pode me questionar: “Mas desprovida de inteligência por quê?”; e eu posso responder: “Porque pessoas inteligentes não se expõem. Elas se valorizam, pois têm a consciência de que seu corpo não está a venda e quem se interessar por elas deve  primeiro conquista-las para depois ter acesso ao seu conteúdo”. Interessante também que aqui esse ato aparece associado ao consumo de bebidas fortes; afirmação essa tão realista que nos dias atuais vemos o quanto aquelas que se perdem no álcool e nas drogas acabam, por muitas vezes, devido à sensualidade, sendo exploradas ou abusadas sexualmente. Não vou, não posso e nem devo, de maneira alguma, defender nenhum ato de agressão sexual, mas a grande verdade é que em grande parte dos casos de estupros, as vítimas atraíram seus próprios agressores pelas roupas insinuantes que as mesmas estavam usando. Aí entra aquela polêmica questão: “Isso quer dizer que eu devo perder minha liberdade de me vestir como quero?”; então eu coloco uma outra questão: “Vale a pena preservar uma liberdade que coloca em risco sua segurança?”. Aí não adianta questionar a permissão de Deus ao sofrimento de uma pessoa “inocente” sendo que esta, por se comportar indecentemente, não somente pecou contra Ele como também se colocou voluntariamente numa situação de perigo (Rm 6:23).
    Analisando a prática da sensualidade de uma forma bem realista, vou te mostrar apenas dez dos diversos motivos que você tem para não ser uma pessoa sensual:
1.     Ela fere os princípios morais exigidos por Deus.
2.     Além de estar pecando, leva outros a pecarem por alimentar suas fantasias obscenas[5] ou também por falarem mal de sua vida.
3.     Ela mancha o teu caráter moral destruindo sua boa reputação.
4.     Com a moral manchada e a reputação em baixa, dificilmente alguém vai confiar em você para um relacionamento sério.
5.     Se expondo como um objeto sexual passa a ideia - ou a certeza - de que é alguém fácil de se levar para a cama.
6.     Esse tipo de exposição revela pensamentos ou fantasias sexuais dessa pessoa, te levando a ser vítima de preconceito por parecer que ela só pensa em sexo.
7.     Isso te coloca em situação de risco, podendo te fazer ser vítima de violência física.
8.     Além de violência física, devido à má reputação, isso pode também te provocar traumas que deixe consequências por toda a vida.
9.     Sendo uma pessoa cristã, o problema é ainda mais sério, pois dessa maneira você está escandalizando o Evangelho, dificultando a salvação de outras almas e envergonhando a Igreja.
10. Tal ato consiste em erro consciente o qual acarreta em várias outras consequências incluindo a perda da salvação se não houver arrependimento e mudança (1ª Co 6:9-11[6]).
    Em 1ª Timóteo 2:9, a Bíblia orienta as mulheres a usarem trajes honestos, os quais devem ser com pudor[7] e modéstia[8], o que significa não mostrar ou deixar transparecer partes íntimas do corpo e ter moderação até mesmo na exibição de joias para não parecer soberba ou arrogante. Dessa forma, a Palavra as continua instruindo que a verdadeira beleza é interior (1ª Pe 3:3). Será que isso significa que devemos “demonizar” a moda e só usar roupas ultrapassadas? É claro que não! O importante é saber se vestir, não importa qual seja o seu estilo ou gosto pessoal. Deve-se ter bom senso para saber diferenciar ensinamentos sobre usos e costumes da doutrina bíblica, pois a Palavra de Deus não impõe encargos pesados, ela apenas nos leva a entender que devemos andar de uma forma que nos diferencie do mundo não necessariamente pela aparência, mas pelas atitudes que demonstrem pureza (1ª Ts 4:1-3). Nosso corpo é extremamente importante para Deus, seu valor é tão grande que ele é habitação do seu Santo Espírito (1ª Co 6:18-20). Por isso, se vestir e se portar decentemente não é uma mera obediência a regras de igreja, mas um ato de referência e fidelidade ao Senhor que tem grande propósitos em nossa vida, mas exige de nós condições para permanecermos em sua presença (1ª Ts 4:7). Sendo assim, quando o inimigo, através dos seus instrumentos vierem a te elogiar não pelas suas qualidades, mas pelo seu corpo usando argumentos do tipo “Deus só quer o coração!”, simplesmente responda: “Ele me criou, me salvou e me sustenta por inteiro; então pertenço a Ele por completo” (1ª Ts 5:23). Além do mais, ao vestir roupas sensuais, ainda que a sua intenção não seja fazer nenhuma insinuação sexual, existe a questão da sua imagem pessoal: a sua moral (1ª Ts 5:22; 1ª Co 10:31-33).




[1]Libertinagem: Vida de libertino. Devassidão, licenciosidade, lascívia, sensualidade, imoralidade, luxúria.
[2]Incontinência: Lascívia. Falta de moderação no controle do apetite sexual (1ª Co 7:5).
[3]Mosto: Vinho novo. Sumo da uva, antes de se completar a fermentação. Suco, em fermentação, de qualquer fruta que contenha açúcar.
[4]Prostituição: Comércio sexual do corpo (Os 1:2; Gl 5:19). A prostituição cultual era praticada na adoração aos deuses da fertilidade Astarote e Baal; na época, eles acreditavam que relações sexuais com prostitutas ou prostitutos fariam com que as terras produzissem boas colheitas e os animais tivessem muitas crias (Dt 23:17-18; 2º Rs 23:7). Figuradamente, esse termo também expressa infidelidade a Deus (Jr 3:6-13; Ez 16:1-41).
[5]Obsceno: Indecente, sujo, imoral, vergonhoso.
[6]Sodomita: Nascido ou habitante de Sodoma: cidade que foi destruída por Deus junto com Gomorra devido à imoralidade sexual. Homossexual (1ª Tm 1:10).
[7]Pudor: Sentimento de pejo ou vergonha, produzido por atos ou coisas que firam a decência, a honestidade ou a modéstia. Vergonha. Pundonor, recato, seriedade.
[8]Modéstia: Simples; sem vaidade. 

Jonas M. Olímpio

segunda-feira, abril 11, 2016

Nada aflora meus sentimentos como o Natal – seu brilho, suas cores, suas cantatas. Ele e a Páscoa são os únicos momentos do ano em que é-se lembrado que Cristo não é propriedade de nenhuma religião. Mas espere: essa não é mais uma daquelas frases de efeito politicamente corretas. O ecumenismo do Natal traz mesmo muitos inconvenientes: essa conversa de espírito natalino, fraternidade universal, paz mundial, fé no amor etc. não passa de um disfarce fajuto para a reivindicação – esta, sim, sincera – “não torrem minha paciência, respeitem meu espaço, teçam-me mil loas, torçam pelo meu sucesso e então poderemos nos tolerar”. É claro que a maior parte das celebrações natalinas é incontornavelmente pagã. Mas o mundo é pagão. O que quero dizer, e o Natal me faz lembrar, é que, se uma função vital compete à religião cristã face à humanidade, esta não é a de criar uma mensagem salvadora (fosse esta, tal mensagem seria mui pouco fidedigna), mas a de receber uma mensagem que lhe é – à própria religião cristã – surpreendente, e transmiti-la fielmente. A Natividade foi anunciada, e tal anúncio registrado na Escritura, a astrólogos pagãos. Cristãos que, ano após ano, tentam demonstrar erudição dizendo que o Natal é uma invenção de Constantino, a apropriação de um ritual de louvor ao deus-sol, e debatendo – santo Deus! – se é pecado ter uma árvore de Natal em casa, são duplamente ignorantes. Esquecem-se, exatamente na data mais propícia para se lembrar, de que Cristo é anunciado a todos, e o papel – civilizador, com efeito – da religião cristã é anunciá-Lo na exatidão e plenitude de Sua manifestação.

Este ano, dois aspectos complementares da mensagem do Natal assaltaram-me o pensamento.

O primeiro deles deriva-se de uma fortíssima imagem poética que se repete na obra de um dos maiores cineastas e um dos maiores artistas cristãos contemporâneos, Terrence Malick: a da infância como lugar da verdadeira utopia. O paradoxo é proposital: utopia é negação do topos, é aquilo que não tem lugar. A infância, podemos enxergá-la como um lugar, mas tão somente lugar de transição – o que acarreta benesses e desconfortos. Em The thin red line, Malick apresenta-nos a crianças indígenas, brincando com pedras, nadando no rio, cantando em uníssono as cantigas da aldeia; alegram-se com pouco, são expostas a fortes adversidades: tudo lhes fala de morte, muitas viram suas mães falecendo atormentadas por moléstias, a ameaça de uma invasão estrangeira é constante, o mar é imprevisível porque pode sempre trazer o navio inimigo. No auge da guerra, com a aldeia em farrapos, o questionamento é inevitável: “Esse grande demônio, de onde vem? Como se entranha no mundo? De que semente, de que raiz se desenvolveu? Quem é que está fazendo isso? Quem está nos matando? Furtando-nos de vida e luz, brincando com o que talvez pudéssemos vir a saber... Será que nossa ruína beneficia a Terra de alguma maneira? Será que ajuda a grama a crescer ou o sol a brilhar? Essa escuridão está dentro de ti também? Já teve esse pesadelo também?” Não menos cruenta do que a guerra com armas é a guerra interior a cada ser humano: não se pode negar, o problema está em nós, somos nós que fazemos a guerra. O questionamento que atravessa a mente de quem destrói e de quem vê a destruição é invariavelmente pela imortalidade: de que vale ela, se é que há uma, perante o poder de destruir e o infortúnio de ser destruído? Mas o alvoroço da guerra passará, e então o que ecoará na floresta, o que atravessará o mar, é a cantiga das crianças – cantiga que não morre e assim nos comunica a eternidade. Em The tree of life, a criança aprende sem nenhuma dificuldade o que as freiras ensinam: a diferença entre a natureza e a graça. Quando é constrangida pela impaciência do pai – ao ensinar a tocar piano, ao ensinar a jogar baseball, ao ensinar a capinar o jardim, ao insistir para que jante toda a comida, até ao inquirir como foi seu dia ou fazer-lhe carinhos –, após sentir raiva, refugia-se sob a mãe, e até faz troça do equívoco paterno em achar que a natureza pode vencer a graça. Com a mesma precipitação com que faz travessuras – quebra uma janela, mata um passarinho, briga com o irmão, rouba uma peça de lingerie –, se sensibiliza com aquilo para o que os adultos se esforçam, quase como uma questão de sobrevivência, em não dar atenção: a deficiência física, a senilidade, o banditismo. A infância não é exatamente um paraíso: ser iniciante nas convenções sociais, não saber como se portar na maioria das situações, não saber como se defender da maioria dos perigos, e como não bastasse, poder ser impactado com a morte de um irmão – tudo isso tem um quê de infernal. Mas o mundo é uma criança de Deus, e haverá de ser redimido. Em pular sob as árvores, em correr sob o sol, em cantar em frente ao ventilador em movimento, nessas banalidades sinceras está a Alegria – a Alegria à qual nos dirigimos ansiosamente durante toda a vida, da qual nos esforçamos por lembrar quando somos achatados por prédios cinzentos, por preocupações de adultos, por cansaço e falta de tempo. No fim, naquela imortalidade anunciada pelo canto das crianças de The thin red line, dois retornos serão igualmente redentores: o do irmão que falecera e o da infância que se fora. A fraternidade não é mais implicada pelo medo e pela insegurança, mas se mostra uma fraternidade esclarecida. Ali até o pai demonstra graça para com os filhos; os abraços são desinteressados porque tudo o que se pode desejar já é presente e atual. Não doar é uma impossibilidade sob o doce constrangimento da doação absoluta. A eternidade é a apreensão daquilo que nos escapa: da infância. Mas não de qualquer infância, e sim da infância redimida, da infância sob o império da Graça, sob o cuidado direto e permanente do verdadeiro Pai.


O segundo aspecto da mensagem do Natal a assaltar-me o pensamento este ano deriva-se diretamente da expressão de fé apostólica, registrada na Escritura, no “Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Os cristãos veem-se graciosamente surpreendidos com o privilégio de se referirem a Deus, não como o Deus de antepassados desconhecidos e mortos, não como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas como o Deus daquEle que é atualmente nosso Senhor, daquEle que conhecemos pessoalmente – e não somente Deus, mas Pai de nosso Senhor. Conhecemos Deus não como aquEle que se revelou contidamente a patriarcas, mas como aquEle que nada esconde de nosso Senhor, que com Ele é Um só, que com Ele está em comunhão desde sempre e para sempre, e que O enviou pessoalmente até nós. Por isso, nossa relação com Deus não depende de nossa filiação a profetas antigos – quão frágil é tal filiação: “Até dessas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão!” –, mas de nossa fé naquEle que é gerado de Deus, de Sua natureza, Seu unigênito. Não é de nossas relações, de nosso trato para com a família, o clã ou o povo, de nossas obras, que a nossa salvação depende. Recebemo-la de graça porque Cristo é Filho de Deus e, nEle, podemos nós também sê-lo. Podemos nos confortar em saber que só somos filhos de Deus porque antes disso Jesus é filho de Deus, que Deus só é nosso Pai porque antes disso Ele é Pai de Jesus, numa relação perfeita: nossa infância foi redimida. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo!


Esses dois aspectos da mensagem do Natal parecem-me complementar-se na síntese realizada por Michel Henry com sua fenomenologia da vida (e torna-se ainda mais interessante citá-lo quando se lembra que Malick, que também tem formação em Filosofia, é especialista em Heidegger): com a encarnação do Verbo, não apenas podemos dizer que Deus se revelou remotamente, mas também que a carne passa a revelar o Verbo. “[...] a Encarnação do Verbo é sua revelação, sua habitação entre nós. Se podemos ter relação com Deus e ser salvos nesse contato com ele, é porque seu Verbo se fez carne em Cristo. A revelação de Deus aos homens é, pois, aqui, a existência da carne. É a própria carne como tal que é revelação” (Encarnação: uma filosofia da carne, p. 28). Nenhuma carne pode ser encontrada no limo da terra: nele só há corpos. “Algo como uma carne só pode advir e nos advém do Verbo” (idem, p. 31). De onde vem o grande demônio aludido em The thin red line permanece, em última instância, um mistério, mas pudemos assistir à vinda do grande Deus, e Ele nasceu de uma mulher!


Desde então, todas as noites são felizes como aquela em que a virgem concebeu em Belém. Desde então, os anjos não param de entoar: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens aos quais Ele concede o Seu favor”. Podemos olhar para uma criança e, com toda a sua imperfeição, com toda a nossa imperfeição, vermos uma imagem de Cristo. Foi para ela, foi para nós, foi para as crianças aldeãs que Deus se fez homem. Essa é a garantia de cumprimento da verdadeira utopia. Quão glorioso é sabê-lo! Quão glorioso é anunciá-lo! Nossa fé não poderia ter um fundamento mais firme: ainda que o mundo desabe, um lugar abrigará a esperança, e para lá deveremos olhar – a manjedoura.

sábado, abril 02, 2016

E Ver Pornografia... Tem Algum Problema?

Jonas M. Olímpio
http://ebvirtual.blogspot.com.br/

Além da desvalorização moral e
da indução ao sexo inseguro, os
adeptos da pornografia estão
também a mercê das
consequências do pecado da
infidelidade a Deus, o qual é
puro e repudia qualquer estímulo
à práticas sexuais ilícitas.
    É bom ver algumas coisas interessantes de vez em quando, né? Mas primeiro é melhor saber o que o Papai do Céu pensa disso. E antes que você questione, já vou dizendo que sim: esse é sim mais um estudo bíblico que vai dizer que é pecado se masturbar[1]; mas fique tranquilo, se você é apenas um adolescente ou um jovem solteiro, seria desumano demais da parte de uma pessoa casada te condenar e dizer que você merece queimar no inferno por causa disso... mas também não vou garantir que não queime. Brincadeiras à parte, a intenção não é condenar ou absolver, mas apenas orientar com o objetivo de ajudar rapazes e moças que valorizem sua vida espiritual e que façam questão de honrar seu compromisso com Deus, portando-se de forma pela qual possam sentir-se cada vez mais próximos a Ele. Antes de entrar no assunto, precisamos saber que pornografia[2] se refere não apenas a material visual que exponha imagens de sexo explícito, mas a qualquer meio, incluindo também textos, áudio ou gestos de sensualidade que insinuem a prática de um ato libidinoso[3]. Sendo assim, cuidado com tudo a sua volta (Hb 12:15,16[4] [5] [6])!
    É importante também que os próprios jovens solteiros não se culpem pelo desejo ou pela curiosidade sexual, pois é nessa faixa etária, entre 12 e 13 anos - podendo haver variação para mais ou para menos - , que os seus membros estão em início de desenvolvimento e a dificuldade de controle sobre a excitação[7] é inevitável. Esse processo se chama puberdade[8]; é nesse período em que ocorrem as mais notáveis e significativas transformações no corpo humano. A partir daí, além de mais maturidade[9], a pessoa ganha também a capacidade de gerar filhos. Para os meninos, a mudança mais comum é a primeira ejaculação[10] e, para as meninas, a menstruação[11]; para ambos, a ativação dos hormônios[12] sexuais é de grande impacto, pois altera não apenas o lado físico, mas também o emocional. E, no que se refere à emoção, isso provoca não apenas paixões, mas também desejos, os quais dependem muito de uma mente sadia para que a pessoa consiga se controlar e conciliar a vontade e a curiosidade com a moral e a espiritualidade. Geralmente, é nessa fase que os meninos passam a se preocupar em adquirir uma boa forma física e uma melhor aparência para atrair as garotas e, por sua vez, as meninas passam a se preocupar com o tamanho dos membros sedutores do seu corpo e a se expor sensualmente. Nessa “campanha” de sedução e conquista do sexo oposto, independentemente do resultado obtido, o que ocorre normalmente é a procura da satisfação daqueles “arrepios no corpo”, normalmente, com uma revista na mão durante longos banhos; como também na cama, o que explica o fato de as vezes acordarem molhados; e ainda, quando estão sozinhos em frente à TV ou ao computador. Nessa fase, a sensação é de que todas as palavras do seu dicionário têm apenas quatro letras: S-E-X-O. Resumindo: trata-se de uma granada ambulante: se “soltar o pino” o estrago pode ser grande, muito grande mesmo. Teriam eles culpa por carregar toda essa “pólvora” no corpo? Biblicamente sabemos que o ser humano foi criado com isso, e é por isso que ele procria e dá continuidade à existência da espécie (Gn 1:27,28a; 2:18[13]; 9:1,7[14]); assim, podemos concluir que quanto à tentação a resposta é “não”. Porém, se ele detonar essa “bomba”, ou seja: se entregar à tentação, então a resposta passa a ser “sim” (Gl 5:16[15]; Rm 8:1).
    Atualmente, a mídia transformou a sociedade de um modo geral num imenso mundo de Sodoma[16] e Gomorra[17], aonde ser imoral é sinônimo de esperteza e exercício de direito de liberdade, e ser decente significa ser careta e preconceituoso.  A prova disso está nas letras de determinadas “músicas” de conteúdo totalmente depravado[18] e na maioria dos programas de televisão, revistas e shows públicos, cujos assuntos principais sempre giram em torno da prática sexual fora do casamento e, principalmente, a internet que permite livre acesso - e também interação[19] - a tudo isso sem nenhuma censura. Como um jovem cristão pode manter sua integridade moral e espiritual num mundo em que quase tudo a sua volta estimula a sua mente a pensar e o seu corpo a desejar o sexo? Antes de responder a essa pergunta é necessário responder a algumas outras de alguns que foram vítimas da maligna lavagem cerebral que os leva a confrontar os princípios bíblicos com as seguintes indagações:
    Com a pornografia, estou apenas vendo e não praticando sexo, por que é pecado? Mesmo não sendo criminoso, se você presenciar voluntariamente um crime já é considerado como cúmplice; com isso quero dizer que ninguém vê pornografia sem a vontade de praticar aquilo que ela mostra. Aí o que conta não é a ação, mas sim a intenção. Se a Bíblia nos orienta a dispensarmos nossa atenção à coisas que nos edifiquem e que não desviem nosso foco da espiritualidade (1ª Co 7:34,35), isso significa que ainda que não estejamos fazendo, não há razão para alimentarmos nossa mente e “torturarmos” nosso corpo com algo que não devemos fazer; porque se é inevitável não sentir desejo só por pensar, quanto mais por ver.
    Qual é o problema em ver as partes íntimas do sexo oposto, sendo que, de alguma forma, nenhum membro do corpo é desconhecido, e então não estou vendo nada que eu já não conheça? A menos que você seja estudante ou profissional de alguma ciência relacionada ao corpo humano, não há como justificar a “necessidade” de ver partes íntimas do corpo alheio ou cenas de atos sexuais. Que motivo levaria à curiosidade pela pornografia ou pelo erotismo[20] a não ser a cobiça pela prática sexual? Várias podem ser as desculpas daqueles que não querem se prestar ao sacrifício da resistência à tentação, mas, nenhuma delas escapa da confrontação bíblica, a qual expõe o pecado - ainda que em pensamento - como uma afronta a Deus (Mt 5:28). De que forma pode alguém que usufrui conscientemente de um produto profano justificar-se diante da santidade divina (Rm 9:20)? Somos nós tão fortes que podemos contrariar nossa natureza carnal a ponto de presenciar aquilo que mais nos seduz sem sentir desejo por isso? Embora, de fato, qualquer pessoa, por mais inocente ou ingênua que seja, tenha realmente de alguma maneira já visto e conhecido partes íntimas do corpo do sexo oposto e isso faça parecer que nada há demais em admirar ou observá-las sem uma real necessidade, a grande verdade é que seu acesso à visualização de sexo ou mesmo simplesmente da sensualidade provoca reações na mente e no corpo que o leve a querer satisfazer-se. O erotismo é algo tão sério que desde o início Deus já condenava a prática ou a admiração da nudez, considerando isso como algo vergonhoso (Gn 3:7,11,21). Em vez de arrumar desculpas, nossa obrigação como servos do Senhor é procurar meios de manter nossa fidelidade à Ele (Sl 86:11; 139:23,24).
    E quando a pornografia ou a sensualidade aparece na minha frente repentinamente, mesmo assim tenho culpa? O “culto” ao sexo tem se tornado cada vez mais comum na sociedade contemporânea tornando quase impossível para as pessoas decentes o desvio de seu olhar em direção às imagens de seus “deuses” depravados. Afinal, vivemos num mundo em que a exposição da sensualidade está cada vez mais escancarada e é difícil sair na rua, ligar a TV, acessar a internet, abrir uma revista ou até estar na própria igreja sem ver ou ouvir algo que lembre ou incentive a prática sexual. A sutileza maligna tem enganado a muitos (Pr 17:15; Is 5:20-22) tentando até mesmo constranger pessoas moralmente sérias a se envergonharem de seu comportamento como se elas é que estivessem erradas por não exporem seu corpo, nem falarem palavrão, não fazerem piadas maliciosas e nem praticarem ou defenderem a fornicação ou o adultério. Porém, a questão é a seguinte: realmente não somos culpados por presenciar algo que surge repentinamente a nossa frente, mas, a partir do momento em que persistimos em olhar ou olhamos novamente, ou, ainda pior, deixamos que a imagem domine nossa mente estimulando nossos desejos, acabamos por nos tornar culpados porque aí já se trata de uma ação consciente e não involuntária (Tg 4:17; 1:14,15). Não temos culpa se, de repente, um amigo abre uma revista pornô, se clicamos em um link e aparece uma mulher nua ou se passa uma bela garota quase sem roupa na nossa frente, mas temos culpa se “sem querer” continuarmos olhando a revista do amigo, se não fecharmos o site indecente que abrimos sem perceber e também se quase quebrarmos o pescoço olhando para traz depois que a garotinha sedutora já passou. Não use a casualidade como desculpa para o pecado; evite-a! Pois Deus conhece cada um de seus passos e sabe a intenção do seu coração em cada um de seus olhares (Sl 139:1-4).
    E se eu me masturbar imaginando aquela pessoa como minha futura esposa(o), ainda assim é errado? E lá vem ele de novo: o danado do “diabinho esperto” soprando no seu ouvido uma boa solução para você fazer o que sabe que é errado sem a sensação de culpa. Tudo bem, até concordo que a intenção é boa, pois aliviaria a ansiedade e, em sua mente, você estaria apenas “imaginando de uma forma mais intensa” como seriam seus momentos íntimos depois de casado com o grande amor de sua vida. Porém, unir o útil ao agradável nem sempre é uma atitude correta, principalmente para aqueles que querem manter-se firmes em sua comunhão com Deus, e isso por três razões bem básicas: primeira: o solteiro deve aproveitar sua liberdade para dar uma atenção especial às coisas espirituais (1ª Co 7:32); segundo: a mente humana é muito vulnerável (Sl 94:11; Rm 7:18-20). Quem pode garantir que seus pensamentos estarão realmente voltados apenas à pureza do sexo pós-matrimonial? E terceiro: o que é pecado sempre vai ser pecado independentemente das circunstâncias em que seja praticado (At 17:30). Nesse caso, como em todos os outros, o que resta é pensar no seu futuro cônjuge como alguém por quem você precisa orar desde já para ter um casamento abençoado, e assim, em vez de ocupar a mente apenas imaginando suas habilidades na cama, gastar o tempo planejando seu futuro com essa pessoa.
    Como vimos, se queremos ser autênticos cristãos, precisamos manter distância de tudo o que possa nos distanciar de Deus, e, inevitavelmente, a pornografia também faz parte dessa extensa lista. De fato, materiais pornográficos estão espalhados por toda parte e são apresentados de todas as formas, inclusive de maneira bem sutil, fazendo com que pareça algo normal sendo parte da cultura ou simples objetos do cotidiano. É assim que o inimigo trabalha para confundir, atrair e aprisionar suas vítimas. No entanto, sabemos também que nenhum poder ele tem se não lhe dermos autoridade para agir em nossa vida. E de que maneira podemos evitar isso? Basta não nos expormos a situações que nos levem a usufruir de todo esse material profano a que temos acesso. Isso inclui o controle ou, em casos extremos, até a eliminação de amizades ou objetos inconvenientes, e autocontrole sobre o que vemos e ouvimos. Indiscutivelmente, é bem verdade que servimos a um Deus bondoso e perdoador (1ª Jo 2:1), mas isso não significa que tenhamos o direito de pecar voluntariamente (Jo 8:10,11). Então, mesmo sabendo da compreensão e da misericórdia divina, o melhor mesmo é não se arriscar fazendo uso da Graça como um escudo para o pecado, e encarar a resistência a ele como um sacrifício em oferta ao Senhor como reconhecimento de seu merecimento da nossa fidelidade. Não se escandalize com o que eu vou dizer, mas você já entregou seus membros sexuais diante do altar hoje (Cl 3:5-7)? Esse é um sacrifício diário que você faz cada vez que diz “não” às seduções ilícitas que surgem diante dos seus olhos que tentam dominar seu pensamento (Sl 101:3; Mt 5:29,30).




[1]Masturbar: Praticar o ato da masturbação. Provocar com a mão ou com objetos adequados o gozo venéreo em si mesmo ou em outra pessoa. Estimular o desejo sexual no corpo podendo chegar ao orgasmo ou não.
[2]Pornografia: Arte ou literatura obscena. Tratado acerca da prostituição. Coleção de pinturas ou gravuras obscenas. Caráter obsceno de uma publicação. Devassidão.
[3]Libidinoso: Voluptuoso, lascivo. Que sente vivos desejos sensuais; lúbrico, concupiscente.
[4]Profano: Que não é sagrado ou devotado a fins sagrados. Não consagrado. Estranho à religião; que não trata de religião: História profana; literatura profana. Estranho ou contrário à religião cristã. Contrário ao respeito devido à religião.
[5]Esaú: Significa “Peludo”. Irmão gêmeo de Jacó (Gn 25:25). Vendeu o direito de primogenitura ao seu irmão por um cozido de lentilhas (Gn 25:30-34). Perseguiu Jacó para matá-lo, porém mais tarde fez as pazes com ele (Gn 32:3-33:17). Foi patriarca dos edomitas.
[6]Primogenitura: Direito pelo qual o primogênito recebia porção dobrada da herança (Dt 21:15-17; Gn 25:31-34). Primogenitura, segundo a Bíblia, é o fato de que  a primeira cria de um animal, como os primeiros frutos das árvores deviam ser oferecidos ao Senhor no santuário, em agradecimento pelo dom da vida. A mesma lei se aplicava ao primeiro filho do casal: ele era considerado propriedade do Senhor (Êx 13,2; 22,29). Mas como sacrifícios humanos eram proibidos, os pais, depois de oferecer o menino no templo, o resgatavam mediante uma oferta material. Esse costume devia lembrar aos israelitas a noite do êxodo, quando Deus fez morrer os primogênitos dos egípcios, ao passo que preservou os filhos dos israelitas (Êx 12,29). Ao filho primogênito cabiam os direitos de primogenitura, como dupla herança (Dt 21,17), supremacia entre os irmãos e chefia da família (Gn 27,29.40; 49,8). Jesus é o "primogênito de toda criatura" (Cl 1,15; Hb 1,6) em razão da supremacia que o Pai lhe concedeu entre os homens (Rm 8,29).
[7]Excitação: Ato de excitar (despertar, estimular). Termo geralmente usando em referência ao estímulo sexual.
[8]Puberdade: Idade em que as pessoas adquirem aptidão para procriar. É também a fase em que mais se despertam os desejos e as curiosidades sexuais.
[9]Maturidade: Madureza (fruto maduro). Idade madura; experiência, seriedade, responsabilidade.
[10]Ejaculação: Ato de ejacular; jato. Expulsão repentina e abundante de líquido. Abundância de palavras. Termo popularmente usado para se referir ao orgasmo masculino.
[11]Menstruação: Ato ou efeito de menstruar; mênstruo. Nome dado ao período de duração do fluxo menstrual. Trata-se da descamação das paredes internas do útero quando não há fecundação. Essa descamação faz parte do ciclo reprodutivo da mulher e acontece todo mês. O corpo feminino se prepara para a gravidez, e quando esta não ocorre, o endométrio (membrana interna do útero) se desprende. É caracterizada pela perda de sangue; devido a estímulos hormonais, a superfície do endométrio se rompe e é excretada pela vagina, sob a aparência de um fluido de sangue. Em geral, a primeira menstruação - chamada de menarca - ocorre aos dozes anos.
[12]Hormônio: Cada uma das várias substâncias segregadas por glândulas endócrinas (tireoide, ovários, testículos, hipófise, suprarrenais etc.) que, passando para os vasos sanguíneos, têm efeito específico sobre as atividades de outros órgãos. Essa palavra provem do grego ormao que significa evocar ou excitar.
[13]Adjutora: Ajudadora.
[14]Noé: Significa "Descanso". Filho de Lameque da descendência de Sete (Gn 5:28-32). Noé era um homem justo. Quando Deus decidiu destruir o mundo através de um dilúvio, ele escolheu Noé e sua família para escaparem da destruição. Durante o dilúvio, Noé e sua esposa, seus três filhos e suas esposas e muitos animais permaneceram dentro de uma arca que havia sido construída por Noé. Depois que as águas secaram, Noé e sua família saíram da arca e receberam de Deus a ordem e a bênção para povoarem de novo a terra. Noé viveu 950 anos (Gn caps. 6-9).
[15]Concupiscência: Forte e continuado desejo de fazer ou de ter o que Deus não quer que façamos ou tenhamos (Rm 7:8). Desejos carnais.
[16]Sodoma: Significa "Lugar de Cal". Uma das cinco cidades do vale de Sidim, destruída por causa de sua pecaminosidade (Gn 13:10; Gn cap. 14; 18:16-19; cap. 29; Jd 1:7).
[17]Gomorra: Significa "Submersão". Cidade que ficava na planície ao sul do mar Morto. Foi destruída por causa da maldade dos seus moradores (Gn 19:24-28).
[18]Depravado: Corrompido, corrupto, pervertido. Malvado, perverso. Estragado.
[19]Interação: Ato de interagir. Ação recíproca de dois ou mais corpos uns nos outros. Atualização da influência recíproca de organismos inter-relacionados. Ação recíproca entre o usuário e um equipamento. Ações e relações entre os membros de um grupo ou entre grupos de uma sociedade.
[20]Erotismo: Caráter ou tendência eróticos. Paixão sexual anormalmente insistente. Estímulo sexual sem apresentar o sexo em forma explícita, o que o diferencia de pornografia. Palavra originada do termo grego "erotikós", derivada de "Eros", o deus do amor na mitologia grega, sendo o mesmo "cupido" na mitologia romana.


Jonas M. Olímpio