Mostrando postagens com marcador Mateus 15; 21. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mateus 15; 21. Mostrar todas as postagens

domingo, março 29, 2015

O poder da oração

O Poder da oração
JOÃO CRUZUÉ

Vivemos em uma época de grande eficiência nas comunicações. Em 1996, vendi uma linha de telefone fixo por R$ 5.200,00. Hoje, com aquele dinheiro, no mínimo, eu poderia comprar uns dez bons smartphones e, a quantidade de linhas fixas que poderia comprar, seria, talvez, umas cinco dezenas. Além do telefone fixo,  temos hoje: o Skype, Twitter, Whatsapp, Instagran, Facebook, Google+ e sistemas operacionais para todos os gostos, sendo os maiores [1]: o Androide, o iOS, o Windows PhoneFirefox.OS, Tizen, Ubuntu TouchSynbian  e o Blackberry. O interessante é que, mesmo com toda esta tecnologia, se não estiver ao alcance de uma antena, nada disso vai funcionar. Seu celular pode ficar mudo, talvez em um momento crítico e de extrema necessidade. Para os momentos de crise, há uma linguagem de comunicação que funciona há mais de 4 mil anos e ainda não foi desbancada por qualquer tecnologia de comunicação: ela se chama oração.

Quase todos oram. Há orações curtas e orações longas. Orações decoradas e orações espontâneas e orações excelentes (mas que não sou ouvidas) e orações simples que são respondidas. Deus responde orações, mas não a qualquer oração. Através da oração, Jesus disse que é possível transportar um monte para o meio do mar. Um fato indiscutível é que através da oração é possível receber um milagre, a cura de um mal incurável e a solução de problemas insolúveis. A oração sincera, de um cristão humilde, quando é feita dentro da vontade de Deus é a coisa  mais linda e poderosa que alguém jamais viu. Esta poderosa forma de comunicação é gratuitamente dada  por Deus a quem dela quiser fazer uso.

Em momentos de grave crise, a primeira coisa que o cristão deve fazer não é pegar do smartphone para ligar para o Hospital ou para a mamãe ou marido/esposa. Esta não é a primeira alternativa. Quando a coisa está muito difícil ou de qualquer forma que esteja, a PRIMEIRA coisa a ser feita é dobrar os joelhos e ORAR ao SENHOR. Deus está no controle de qualquer situação, e se ele está no controle, é para ele que devemos abrir a nossa boca para pedir uma luz, uma direção, uma porta aberta, um socorro urgente. A paz entre o casal, a segurança do emprego, o backspace de uma besteira feita, que não há como voltar no tempo para consertar. 

Para ilustrar esta mensagem volto a meditar no Evangelho segundo Mateus, 15: 21, quando Jesus saiu de Genesaré com seus discípulos, deixando o Mar da Galileia em direção a Sidon e Tiro, nas margens do Grande Mar para encontrar com a mulher cananeia. 

A Bíblia registra que a mulher cananeia surgiu de repente e começou a gritar atrás dos discípulos. "Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, pois tenho uma filha miseravelmente endemoninhada. Um espírito mau morava no corpo daquela moça e controlava sua mente. Não há registro detalhado do sofrimento imposto à filha e consequentemente à mãe.

Jesus ouviu, mas ficou em silêncio.

O que fazer quando Deus fica silencioso depois de uma oração? Ele não deveria responder logo, e livrar-nos de todo sofrimento? A Bíblia fala em II Coríntios 12; 9  que o poder de Deus se aperfeiçoa nas fraquezas do cristão. 

O que fez a mulher diante do silêncio de Jesus? Ela continuou gritando, a ponto de perturbar os discípulos que fizeram o seguinte comentário: Senhor, despede esta mulher, porque ela vem gritando atrás de nós... E a resposta de Jesus, foi adequada aos ouvidos deles: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.

E, Jesus ainda estava falando, quando aquela mulher chegou a seus pés e o adorou e depois falou três palavras: "Senhor, socorre-me."

Houve uma mudança maravilhosa de atitude. Agora, aquela senhora deixou de gritar e passou a adorar o Senhor. Seria algo como, deixar por um pouco uma extrema necessidade de lado  para adorar e exaltar o nome do Senhor, do único lugar de onde pode vir o socorro.

A mudança de ação da mulher também provocou uma mudança de atitude do Senhor. Ele rompeu o silêncio para dizer um NÃO, que aos ouvidos daquela mulher não era um não completo, havia uma pequena oportunidade. E ela veio quando o Senhor a provocou com estas palavras: "Mulher, não é bom deitar o pão dos filhos aos cachorrinhos.."

De novo a mulher surpreendeu ao Senhor com sua resposta. Ela poderia ter ficado indignada com o aparente preconceito de ser comparada aos filhotes de uma cadela. Mas, em vez disso se humilhou, porque o que estava em jogo não era o preconceito, mas a liberdade de sua filha do controle de um demônio.

--Senhor, não me importo que me chame de "cachorrinho", considere, apenas, que de vez em quando, algumas migalhas caem da mesa  dos donos dos cachorrinhos. A Bíblia não registra, mas depois de ouvirem estas palavras, os discípulos de Jesus se esqueceram da origem daquela mulher. 

Desta vez, o Senhor Jesus olho para aquela senhora, e exclamou diante de todos:

Ó mulher, grande é a tua fé! Seja feito aquilo que tu pedes. E desde aquela hora sua filha ficou liberta.

A oração ainda é e sempre será a forma mais eficiente de comunicação com Deus. Mas, sua resposta depende da vontade de Deus. E a vontade de Deus, na maioria das vezes, depende da postura de quem ora. A oração desde sua existência, que deve ter começado com a existência de Adão, nunca precisou de uma versão atualizada. Quem deve, se "atualizar" é o coração de quem precisa de uma resposta de Deus.

Quem era aquela mulher cananeia? Era ninguém aos olhos dos discípulos. Mas Deus tem o poder de transformar um ninguém em  alguém pelo estímulo à oração. Quando uma pessoa fala, nem sempre é possível entender se é arrogante ou humilde, se é persistente ou desanimada. Mas quando uma pessoa reage é bem possível perceber os defeitos de seu caráter ou as virtudes que possui.

Pelo poder da oração, a mulher cananeia mudou a situação de sua filha. Primeiro gritou, depois continuou gritando. Quando viu que só gritar não ia resolver, se aproximou de Jesus, abaixou-se a seus pés e o adorou. Depois de ter adorado, fez  a súplica em favor da filha.  Mas, foi quando reagiu com muita humildade diante das palavras duras de Jesus que ela se mostrou seu caráter por inteiro: sábia, objetiva, corajosa, insistente, intercessora, humilde e por isso, vitoriosa.

O sofrimento é algo que nos aflige e humilha, mas, às vezes, ele é a única forma de comunicação que Deus permite para tratar de um coração arrogante e teimoso que não mais  ouve ninguém. Se é este o seu caso, saiba que o filho pródigo saiu de casa por conta própria. Mas, saiba também que seu Pai, todo dia, olha pelo caminho que ele um dia poderia voltar. Nada que o pai dissesse ao moço poderia dissuadi-lo da própria vontade de sair de casa. Ficou em silêncio. Foi o sofrimento que trouxe juízo àquele coração duro. Passou-se muito tempo, e um belo dia, aquele pai viu o moço voltando, e foi com uma oração humilde que ele disse ao pai: Pai, perdoa-me porque eu pequei contra o céu e contra ti. Já não sou mais digno de ser chamado seu filho, mas permita que eu fique aqui e trabalhe com um de seus jornaleiros.

Estas duas orações: a da mulher cananeia e a do filho pródigo são o tipo de oração que os ouvidos de Deus não conseguem resistir, porque elas trazem em si a essência da humildade. A oração, quando feita por lábios sinceros e um coração humilde, é poderosa porque provoca uma resposta de Deus. Esta forma de comunicação está fora de alcance da tecnologia atual, mas é acessível a pobres e ricos, homens e mulheres, crianças e velhos. Não é preciso dinheiro, para falar com Deus, mas é preciso as palavras certas e uma postura humilde.

Meditação em 29.3.2015.