quinta-feira, outubro 25, 2018

O Chamado

Jonas M. Olímpio

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Jonas 1:1,2 - “E veio a palavra do Senhor a Jonas[1], filho de Amitai[2], dizendo: 2Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive[3] e clama contra ela, porque a sua malícia[4] subiu até mim.”

Pregar na temida e odiada cidade
de Nínive não fazia parte dos
planos ministeriais de nenhum
profeta; porém, desistir de salvar
almas perdidas também não faz
parte dos planos de Deus. A
primeira coisa que precisamos
entender num chamado é que a
escolha é dEle e não nossa!
1 - Deus chama revelando-se pessoalmente (1:1)
    O chamado[5] do profeta[6] Jonas é um dos mais extraordinários que podemos ver em toda a Bíblia: Deus falou com ele pessoalmente de forma clara e direta. As Escrituras Sagradas nada revelam sobre sua vida pessoal a não ser o nome de seu pai. O que sabemos é que ele era um profeta descendente da tribo de Zebulom[7], pois morava na cidade de Gate-Hefer[8]. Sendo profeta, certamente estava acostumado a ouvir a voz de Deus. Então, podemos imaginar que ao ouvi-lo falar, deve ele ter pensado que fosse essa apenas mais uma mensagem ao povo de Israel ou a algum cidadão específico; nada fora do comum para alguém acostumado a exercer esse ofício. Mal imaginava ele que se tratava de uma das mais importantes missões de todos os tempos e, certamente, nem se deu conta do privilégio de ter sido convocado pelo próprio Jeová.
    Em nossa vida ministerial acontece da mesma forma: quando nosso chamado é verdadeiro, o Senhor se revela a nós de alguma maneira fazendo-nos entender o que Ele quer de nós. É óbvio que nem sempre ele vai falar de maneira audível como falou com Jonas, mas se fará perceptível seja usando alguém por meio do dom de profecia, ou simplesmente nos levará a sentir em nosso coração despertando nossa mente por meio da oração, da Palavra, sonhos, visões ou de qualquer outra maneira que Ele queira se revelar (Hb 1:1). O importante não é a forma como recebemos o entendimento sobre nosso chamado, mas que tenhamos a certeza de que não estamos sendo enganados por nosso coração (Jr 17:9; Pr 28:26) e nem sendo induzidos por incentivo do homem. Uma das coisas que devemos saber em nosso chamado é que o dom - ou dons - que o Espírito Santo nos concede têm um objetivo (1ª Co 12:7,11), o que consiste, quase sempre, numa forma e num lugar específico a ser aplicado, sendo isso por tempo determinado ou não. Nenhum talento[9] nos é entregue para nossa satisfação pessoal (At 8:18-21) ou simplesmente sem motivo algum. Sermos escolhidos, capacitados e colocados diante de uma oportunidade de fazer algo a serviço do Reino dos Céus não é uma simples opção nossa, é um privilégio incalculável pelo qual devemos agradecer ao Senhor e executar com amor, dedicação e responsabilidade, sabendo que por isso seremos cobrados um dia (Mt 25:24-30). Por essa razão devemos ter plena certeza de nosso foco ministerial e se Deus está sendo honrado por meio do que dizemos que estamos fazendo para a honra e glória dEle (Jo 3:30). Você está certo do seu chamado e sabe qual é a importância dele?

2 - Ele dá a missão e explica o seu motivo (1:2)
    Diante da difícil missão que confiou ao profeta, é interessante atentarmos ao fato de que ao lançar esse “convite”, o Senhor não lhe perguntou se ele queria ir, não o consultou sobre suas possibilidades, não questionou sua capacidade, nem o incentivou com promessas de bênçãos e tampouco lhe disse o que ele iria ganhar com isso. Ele simplesmente o tratou como servo e lhe transmitiu uma ordem sem opção de recusa; suas palavras simplesmente foram enfatizadas por três verbos no modo imperativo: “Levanta, vai e clama[10]!”, dando-lhe o endereço do destinatário da mensagem: o temido e odiado povo da cidade de Nínive, seguido da razão da missão: a maldade daqueles cidadãos havia chegado a um nível intolerável. Nínive, na época, era a capital da Assíria[11]. Tendo sido formada por Ninrode[12], ela chegou a ser um dos maiores impérios financeiros e militares; muitos a chamavam de “cidade ladra”, porque ela invadia e roubava cidades de outras nações para enriquecer. Suas táticas de ação eram cruéis: consistiam em torturar e matar suas vítimas de forma desumana. Diante disso, Deus viu necessidade de intervir drasticamente destruindo os ninivitas por completo; porém, sua imensa misericórdia o levou a dar-lhes uma oportunidade de salvação por meio da mensagem de arrependimento enviada por um profeta. Temos aí também um grande exemplo de humildade: o Senhor explicando à um servo a razão do seu chamado.
    Em tua visão da Obra, o que você enxerga? Possibilidades e benefícios ou a necessidade dela e o custo a ser empregado? Quando Deus nos convoca, Ele não nos convida para uma entrevista numa sala de RH como se fosse nos dar um emprego. Ele simplesmente nos chama e nos direciona, e podemos ver pelo menos duas razões para isso: a primeira é que Ele quer mexer com a nossa fé (Hb 11:6) e a segunda é que grande parte do salário já foi paga (1ª Pe 1:18,19), ou seja: nós somos devedores e não Ele. Como servos, é necessário que entendamos que se aceitamos seguir a Cristo, isso significa que devemos confiar nEle e até, se necessário, estarmos dispostos a morrer em nome dEle (At 20:24; Fp 1:21); seu sacrifício por nós foi por amor e não por merecimento (Ef 2:4,5), portanto devemos trabalhar por amor e não pelo que Ele nos dá (Ef 2:8-10); e o cumprimento do nosso chamado, assim como as honras ministeriais que muitas vezes almejamos, têm um custo, o qual exige nossa renúncia a nós mesmos (Mt 16:24; 10:38). Mas há algo maravilhoso que podemos entender também: Ele não nos manda sem ferramentas (Lc 24:49) e nem nos envia sem capacidade para o trabalho (1ª Co 15:9,10). Resumindo: quando é realmente Ele quem chama, ainda que tenhamos que ir para “Nínive”, Ele se responsabiliza (1ª Co 10:13).



[1]Jonas: Significa “Pombo”. Profeta de Israel, filho de Amitai, natural de Gate-Hefer, que predisse a vitória de Jeroboão II sobre a Síria (2º Rs 14:23-25). Famoso por sua inusitada experiência de ter sido engolido por um grande peixe ao tentar fugir de Deus. É o autor do livro que leva seu nome (Jn 1:1): o quinto livro dos Profetas Menores, escrito para demonstrar que o amor de Deus não se limita a Israel, mas se estende a pessoas de outras nações (Jn 4:11). Não é apenas profecia no sentido restrito, mas é uma história com sentido profético (Mt 12:39-41). Na época de Jesus, existia um outro homem com esse nome, era o pai de Simão Pedro (Jo 1:42).
[2]Amitai: Em hebraico significa "Minha Verdade". Foi o pai do profeta Jonas (Jn 1:1).
[3]Nínive: Uma das mais antigas cidades do mundo, fundada por Ninrode (Gn 10:11). Durante vários séculos foi a capital dos assírios. Em se território, atualmente, está situado o Iraque. Foi destruída pelos babilônios em 612 aC. O profeta Jonas foi enviado até ela para convertê-la (Jn 1:2), e Naum anunciou a sua queda.
[4]Malícia: Propensão para o mal. Natural disposição para fazer e proceder mal; maldade. Interpretação maliciosa. Astúcia, esperteza, empregadas com intenção de prejudicar alguém.
[5]Chamado: Teologicamente, é um termo referente à capacidade dada por Deus, por meio de dons naturais ou espirituais, à cada crente para exercer determinadas funções ministeriais. Ter um chamado é ter uma missão a cumprir. Essa expressão denota uma escolha, um privilégio dado a um cristão para trabalhar a serviço do Reino. Porém, em Mateus 20:16 e 22:14, Jesus Cristo nos alerta que ser chamado não é uma garantia de salvação: “Muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.”; Isso significa que nossa responsabilidade é redobrada no que se refere aos dons que recebemos do Espírito Santo.
[6]Profeta: Pessoa capaz de predizer acontecimentos futuros. Biblicamente é aquele que fala por inspiração divina ou em nome de Deus. Um profeta nunca deve falar por si próprio.
[7]Zebulom: Significa habitação. Filho de Léia e de Jacó (Gn 30:19-20). Uma das 12 tribos de Israel (Nm 1:31; Mt 4:13-16).
[8]Gate-Hefer: Cidade em que vivia o profeta Jonas (2º Rs 14:25), situada há aproximadamente 5 quilômetros de Nazaré.
[9]Talento: O talento de ouro ou prata era a unidade de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro. Ele foi introduzido na Grécia Antiga e depois adaptado para o sistema monetário romano. Um talento era igual a 60 minas, que, por sua vez eram equivalentes a 100 dracmas. Sabendo que uma dracma era igual a 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento significava entre 27 a 36 quilos de metal. Estudiosos calculam que um talento hoje valeria no mínimo 1300 dólares (cerca de dois mil reais). Espiritualmente, os talentos representam os dons que o Espírito Santo nos concede e, na linguagem popular expressa as habilidades especiais de uma pessoa; era um termo muito usado pelos romanos para elogiar uma pessoa de valor.
[10]Clamar: O ato do clamor. Súplica proferida em altas vozes; lamentação.
[11]Assíria: Significa "Plano". País localizado na Mesopotâmia. Suas capitais foram Assur, Calá e Nínive. Sua população era semita (descendente de Sem). Em várias ocasiões os assírios guerrearam contra o povo de Deus (2º Rs 15:19,29; 16:7). Em 721 a.C. os assírios acabaram com o Reino do Norte, tomando Samaria, sua capital (2º Rs 17:6). Os medos e os babilônios derrotaram a Assíria, tomando Nínive em 612 a.C. A Assíria é mencionada várias vezes nos livros proféticos: (Is 10:5-34, 14:24-27, 19:23-25 20:1-6, 30:27-33; Ez 23:1-31; Os 5:13; Na 1:1-15; Sf 2:13-15).
[12]Ninrode: Um dos descendentes de Cam. Foi caçador e fundador de cidades e de reinos (Gn 10:8-12).

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