Jonas M. Olímpio
http://ebvirtual.blogspot.com.br/
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São tantas as dúvidas que surgem em nossa vida que, muitas vezes, nem sabemos que direção tomar; essa é a razão pela qual não devemos agir por nós mesmos, pois só Deus conhece o nosso caminho |
Nossas decepções têm uma só origem: a falta de orientação divina na hora de tomar decisões. A autoconfiança levada pela vontade ou pela necessidade de uma resposta rápida nos impulsiona a agir por nós mesmos e, ignorando a supremacia[1] de Deus ou ingenuamente crendo que Ele sempre aprova nossos negócios, não nos damos ao trabalho de pedir sua orientação e esperar pela sua resposta. Mas esse mal não é uma exclusividade dos dias atuais, pois há quase três mil anos atrás, como está escrito em Provérbios 16:1, o sábio professor Salomão dava uma lição sobre isso ensinando sobre a falibilidade[2] dos projetos humanos diante de Deus: “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a resposta da boca”; em outras palavras, isso significa que você pode até fazer seus planos, mas é o Senhor Deus quem dá a última palavra. De nada adiantam projetos bem elaborados, altos investimentos, trabalho árduo e até mesmo a fé se Ele não estiver no negócio. A vontade do Senhor sempre prevalece acima de tudo, e se persistirmos em contrariá-lo, podemos até ter um sucesso temporário, mas o resultado é trágico.
A ovelha conhece a voz do seu pastor; isso significa que quando não conseguimos reconhecer a voz de Deus, algo está errado em nossa vida espiritual |
Porém, pelo que se pode observar, o maior problema da maioria dos crentes não é a falta de fé e nem a rebeldia em dar ouvidos a Deus, mas sim a dificuldade em entender se é Ele mesmo quem está falando ou não, ou seja: falta de discernimento espiritual; e é esse um dos dons que, tanto em sentido coletivo quanto individual, a Igreja necessita com mais urgência atualmente, pois nele está a diferença entre o fracasso e o sucesso. O crente não pode de forma nenhuma se conformar em não reconhecer a voz de Deus, pois de acordo com o que Jesus ensina em João 10:1-5, as ovelhas conhecem a voz do seu pastor; baseados nesse contexto, podemos então concluir que aquele que não reconhece a voz do Senhor não é uma ovelha, ou seja: não é um crente verdadeiramente íntimo em sua relação com o Pai Celestial. É aí que entra a necessidade do discernimento, o qual o apóstolo Paulo classifica em 1ª Coríntios 12:10 como o dom de discernir espíritos; e é por meio dele que você vai ter condições e autoridade de julgar entre o que é de Deus, do homem ou de Satanás, dessa forma não sendo enganado por líderes mal-intencionados, falsos profetas, profetizadores movidos pela emoção, pregadores egocêntricos[3], mestres contrários aos princípios bíblicos e os enganos do seu próprio coração. E, como todos os dons, esse também é conquistado por meio de oração. Muita oração.
A morte não avisa quando vai chegar, por isso devemos estar sempre alertas, tendo em mente que os mais importantes projetos da nossa vida são aqueles que incluem o plano divino da salvação |
Em Tiago 4:13-16[4], existe uma clara demonstração de como é importante pedirmos a orientação divina em nossos projetos: primeiro, ele ensina que nossa vida é frágil e a morte imprevisível e, depois, conclui ensinando que devemos considerar que nossos desejos somente se realizarão se Deus quiser que assim seja feito. Da mesma forma, aprendemos no Salmo 127:1,2[5] que se o Senhor não estiver na direção dos nossos planos, todo o nosso trabalho é em vão. No texto de Isaías 55:7,8 conseguimos entender o porquê de Deus agir dessa forma: Ele sabe o que é bom para nós e conhece o melhor caminho para que não venhamos a errar o destino. Tomar decisões sem consulta-lo é o mesmo que caminhar de olhos fechados sem nenhum objeto de apoio ou ninguém para guiar e, da mesma maneira, procurar ajuda no lugar errado é o mesmo que ser guiado por um cego (Lc 6:39).
Muitos cristãos também não buscam orientação divina antes de tomar decisões porque não creem que Deus está no controle da sua vida ou não se conformam com sua vontade para com eles. E esse é o motivo do fracasso de muitos casamentos em que as pessoas olharam mais para a aparência ou o poder aquisitivo, a desilusão de vários anos perdidos em cursos e faculdades visando apenas o lucro daquela profissão sem considerar sua vocação, grandes investimentos em negócios que pareciam rentáveis, mudança de um lugar para o outro ambicionando lucros financeiros e até a saída de uma igreja para outra visando apenas crescimento ministerial; todas essas coisas, quando feitas sem que se tenha ouvido previamente a voz de Deus, resultam em decepção, tristeza, desânimo, falta de fé e até doenças como, por exemplo, a depressão. E essas consequências, dependendo de cada caso, tanto podem ser castigo pela desobediência, como também uma experiência ou uma oportunidade para uma segunda chance; mas o fato é que, seja como for, esse é o preço por quererem agir por si mesmos não aceitando a supremacia de Jeová em sua vida (Rm 6:23). Se o próprio Senhor Jesus Cristo, num momento de grande agonia, orou dizendo que se Deus quisesse que o livrasse daquela situação, mas que todavia se fizesse a vontade dEle e não a sua (Mt 22:41,42), quem somos nós para nos opormos à soberania[6] divina impondo o nosso querer? Determinar ou “profetizar” bênçãos é uma forma de dizer: “Deus, o que importa é a minha vontade e não a tua!”. Lembra do que Ele disse ao profeta Jeremias sobre os que profetizam bênçãos sem que Ele tenha mandado (Jr 14:13-16)? Cuidado! Isso é muito perigoso (2ª Pe 2:1-3)!
De fato, as Escrituras Sagradas são muito claras em relação à necessidade de haver direção espiritual em nossa vida. Mas, é ainda preciso saber que Deus fala de várias formas e que nem sempre vai se dirigir a nós da forma que esperamos. Seja por meio da profecia, Palavra pregada, sonho, um sentimento colocado no coração, resposta a um sinal que pedimos ou até mesmo no silêncio, uma coisa extremamente importante que precisamos entender é a seguinte: não basta ter fé, discernimento e a graça de obter uma resposta, acima de tudo, é preciso estar disposto a obedecer a sua voz mesmo que sua vontade pareça desfavorável diante da situação; pois isso é demonstração de fé e Ele não se agrada de incredulidade (Hb 11:6). Buscar a orientação divina antes de tomar qualquer decisão é uma forma de dizer: “Senhor, reconheço que sou dependente de ti e aceito o seu domínio sobre a minha vida!”; essa também é uma forma de adoração: um meio de glorifica-lo. Nada devemos fazer sem oração, pois, sem Deus, de nada somos capazes (2ª Co 3:5) e nossos planos acabam falhando (Lc 12:16-21). É ainda preciso ressaltar que para nos achegarmos diante de seu santo trono em busca de orientação é necessário que estejamos com nossas vestes limpas, ou seja: vivendo em santidade (Ec 9:8; Sl 139:24).
[1]Supremacia: O poder supremo, perfeitamente independente e superior a todos os poderes. Superioridade ou grandeza maior que todas as outras. Hegemonia, preponderância, proeminência.
[2]Falibilidade: Qualidade daquilo ou de quem é falível. Possibilidade de errar.
[3]Egocêntrico: Pessoa especialmente interessada em si mesma e em tudo quanto lhe diga respeito, normal nas crianças de menos de sete anos.
[4]Desvanecer: Desaparecer.
[5]Sentinela: Guarda, vigia.
[6]Soberania: Domínio; autoridade. Caráter ou qualidade de soberano. Autoridade suprema. Autoridade moral considerada como suprema; poder supremo, irresistível.
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