domingo, janeiro 15, 2012

Para onde vai a Igreja Evangélica no Brasil

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Fonte: Google
João Cruzué

Este é um tema muito difícil de abordar e considerando que alguém tem que dizer alguma coisa, neste início de 2012, a ocasião é oportuna e o tempo apropriado. São quatro, hoje, ao meu ver, os maiores protagonistas individuais do crescimento da Igreja Evangélica no Brasil: Apóstolo Valdemiro Santiago, Pastor Silas Malafaia, Missionário Romildo R. Soares e Bispo Macedo. Respectivamente os líderes das Igrejas: Mundial do Poder de Deus, Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Internacional da Graça de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus. Estas Igrejas, sob estas lideranças, praticam uma evangelização agressiva.

Nos anos 90s, a população evangélica dobrou, e creio que isto pode ser creditado a forte entrada da Igreja Universal na TV aberta, pregando um Evangelho de libertação. Junto com o Bispo Macedo estava, em segundo plano, o Missionário R. R. Soares, na liderança da Igreja Internacional da Graça de Deus.

Na primeira década do século 21, aquele crescimento vigoroso empacou. A Igreja Católica começava a apoiar sua corrente Carismática, na tentativa de matar dois coelhos com uma só cajadada: Defenestrar o estrago feito pela Teologia da Libertação e estancar a perda de fiéis para as Igrejas Evangélicas. Isto funcionou bem até 2005, dali por diante, estudos do Economista Marcelo Neri da FGV, apontavam que a taxa de crescimento dos evangélicos voltou ao mesmo patamar dos anos 90s.

A Igreja Universal neste período (2001 - 2010) trocou a mensagem do Evangelho de libertação pelo foco na prosperidade. Saíram de cena as entrevistas com demônios, substituídas pela pregação de um evangelho antropocêntrico. Deus a serviço do homem. O meio para se conseguir um fim. A isso adveio coisa pior: O uso da Rede Record, comprada indiretamente com dinheiro de dízimos e Ofertas, para disseminar novelas perniciosas, filmes mundanos e jogo político.

Mas, no final
da década passada, o apóstolo Valdemiro Santiago começou a se destacar no cenário da Igreja brasileira, pregando um Evangelho de curas e milagres, levando para a Televisão o ministério que o Pastor David Miranda deixou só no rádio. Contratanto maciçamente espaços nas TVs abertas, o pastor Santiago conquistou aquilo que a Igreja Deus é Amor não teve visão para mudar. E se deu muito bem, inaugurando no dia 1º de janeiro deste ano o megatemplo "Cidade Mundial", na Av. Monteiro Lobato, no município de Guarulhos. Com direito a realizar três cultos para 150 mil pessoas cada, deixando um engasgo de 20 km no trânsito da Rodovia Presidente Dutra e as autoridades da Polícia Rodoviária Federal e do Aeroporto Internacional de Guarulhos TIRIRICA da vida. E Ficou mal na história a Polícia Militar de São Paulo que estimou a presença de fiéis no local em apenas "50 mil" pessoas.

A competição pelos espaços na TV aberta pelas quatro Igrejas, se já era bem acirrada, agora está mais acirrada. E as redes de TV, espertas, estão dobrando seu faturamento inflacinando o custo de compra destes espaços. O cálculo do custo-benefício é muito simples: Maior tempo na TV, maior pregação do Evangelho e maior arrecadação. Maior arrecadação: mais templos, mais cruzadas, mais investimentos em treinamento de pastores mais jovens, mais missões no exterior. Verdadeiras multinacionais.

Para onde vai a Igreja Evangélica Brasileira?

Espero que não vá para o brejo. Como aconteceu nos anos 80s com a Igreja Evangélica dos Estados Unidos, onde os escândalos de prostituição e as briguinhas e ciumeiras entre Jim Baker [¹]e Jimmy Swaggart (& companhia) [²] detonaram a credibilidade da Assembleia de Deus por lá com escândalos de prostituição e estelionato. Os afluentes que desembocaram este esgoto todo vieram de uma situação de extrema vaidade: Cada ministério se dizia ter o "monopólio" do Espírito Santo. E esta loucura foi dar no maior pântano de descrédito que já se viu por lá. Será que isto vai se repetir no Brasil?

Eu oro para que isto não aconteça, mas a julgar pela competição por espaços na TV aberta (meio) para evangelizar e arrecadar fundos, à medida que outros Valdemiros forem se destacando e juntando aos quatro que lá estão, pode ser que uma onda de pedradas em telhados de vidro venha produzir uma reação em cadeia que infelizmente pode respingar lama em quem for hipócrita. Guerra de vaidades. E se isto acontecer, a pregação do Evangelho vai ser escandalizada e sua santidade, o Papa Bento XVI, vai mandar um cartão de agradecimentos para cada um. Ele que vem no Brasil este ano, para tentar estancar o êxodo nas fileiras católicas.

Antes de terminar, vou parafrasear um versículo bíblico: Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma, além de jogar a família inteira no inferno?

Menos vaidade e mais juízo. É isso que precisa ser dito agora, para que não se repitam aqui os mesmos escândalos, acontecidos no passado em terras americanas. Se isso for levado em conta, em 20 anos os evangélicos serão a maioria neste país.







2 comentários:

Lucio Freire disse...

Amigo João! Excelentes artigos, especialmente esse úlitimo "Para onde vai a Igreja evangélica no Brasil". Um ótimo artigo para nosso jornal; será que posso usar? claro citando a fonte. Um abraço.

Joao Cruzue disse...

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Lúcio, de acordo.

João.