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quarta-feira, agosto 10, 2011

As quatro lições sobre o amor excelente (AUDIOBOOK)

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O amor de Deus é o tema principal do quarto audiolivro de Renato Collyer. O autor nos mostra que somente através da comunhão diária com Deus somos capazes de viver em um nível de intimidade com o Pai que nos leva a caminhos mais altos de entendimento de sua Glória. Deixamos de ver as coisas espirituais com olhos imaturos e passamos a enxergar com maturidade as maravilhas do Senhor e seus propósitos em nossas vidas. Somente o amor de Deus é capaz de trazer a esperança e fortalecer a fé dos abatidos. O amor manifesto vem diretamente do coração do Pai, nos trazendo novo vigor e forças para caminhar. Ouça As quatro lições sobre o amor excelente e abra seu coração para o grande amor de Deus.

Faixas

01 Abertura

02 Introdução - O grande amor do Pai

03 Lição 1 - O amor nos torna responsáveis pelos outros

04 O apartheid

05 Lição 2 - O amor aceita o erro

06 Lição 3 - O amor é desinteressado

07 Um amor que não estabelece condições

08 Lição 4 - O amor nos aproxima de Deus


Descrição do arquivo

Autor: Renato Collyer

Locução: Guto Russel

Tamanho do arquivo: 98 mb

Formato: Mp3 320 kbps

Qualidade: Excelente (gravação em estúdio)


AVISO: Audiolivro produzido e disponibilizado pelo próprio autor. Todos os direitos reservados ao autor (Lei n. 9.610/98). Este audiolivro pode ser copiado, exibido ou executado em outros locais, desde que sem fins lucrativos e devidamente citada a fonte, contendo o nome do autor.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Aprendendo a perdoar


Renato Collyer
Blog do Renato

Qualquer pessoa que disser que perdoar é uma tarefa fácil estará mentindo. O perdão pressupõe abrir mão dos direitos próprios contra o ofensor, justamente o motivo pelo qual é tão difícil exercitá-lo. Ninguém gosta de abrir mão de alguma coisa, ainda mais quando está certo em reclamar pelo que lhe é de direito. Mas se fosse tão fácil perdoar, não haveria necessidade de se estabelecer um princípio divino em relação ao perdão.

A sociedade onde vivemos tem suas leis. Elas funcionam como mecanismo de harmonização das relações sociais. Você já imaginou como seriam as interações entre as pessoas se não houvesse um instrumento capaz de frear as más condutas? Se com as leis, a sociedade está vivendo dias de instabilidade social, imagine como seria sem elas.

De igual modo, o mundo espiritual também tem suas leis próprias. Também chamadas de Princípios, são os responsáveis pela estabilidade e o equilíbrio entre o mundo físico e o Reino de Deus. Um dos princípios do Reino é o do perdão. Jesus disse: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.14,15).

Perceba que há uma relação de íntima dependência entre as nossas atitudes e a atitude de Deus. O perdão é uma das chaves que abrem a porta da comunhão com o Pai. Você deseja passar por essa porta e ter um relacionamento íntimo com o Senhor? Então libere perdão.

Sendo um princípio divino, o perdão faz parte do caráter de Deus. O Pai sempre concede a benção do perdão ao pecador arrependido que se apresenta perante ele com um coração sincero. “Mas contigo está o perdão” (Salmo 130.4).

Deus é misericordioso para nos perdoar e amoroso para esquecer o que fizemos. “Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, e não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas” (Daniel 9.9,10).

Mesmo quando fazemos tudo errado, mesmo quando contrariamos a vontade do Senhor, mesmo quando tomamos decisões que nos afastam de sua presença, nosso Pai não nos esquece. Pelo contrário, ele continua sempre disposto a nos perdoar e a nos aceitar de volta. Seu amparo está sempre presente mesmo quando estamos longe. Na verdade, nós podemos ficar distantes de Deus, mas ele nunca se distancia de nós. Ele sempre está por perto nos protegendo. “E recusaram ouvir-te, e não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste, e endureceram a sua cerviz e, na sua rebelião, levantaram um capitão, a fim de voltarem para a sua servidão; porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e grande em beneficência, tu não os desamparaste” (Neemias 9.17).

O ato de perdoar pressupõe uma reciprocidade. Na oração ensinada por Jesus (Mateus 6.12) Deus nos perdoa na mesma proporção que perdoamos as pessoas que nos ofendem. Se o perdão liberado por nós for completo, seremos perdoados. Do contrário, se não perdoarmos de verdade, não seremos perdoados pelo Pai. Perceba que Cristo, na oração do Pai Nosso, não disse “quando perdoamos”, mas “assim como perdoamos”.

Por acaso há uma cota exata para se perdoar? Há um limite para perdoarmos aqueles que nos fazem mal? Jesus nos deu um número: “setenta vezes sete” (Mateus 18.21). Entretanto, a matemática do Mestre é diferente da nossa. Metaforicamente, isso quer dizer que devemos perdoar sempre, quantas vezes for necessário. Isso só se torna possível quando estamos com Cristo. Através da sua infinita graça, somos capacitados a praticar o perdão.

Jesus também nos ensina que o perdão deve ser sincero. “Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mateus 18.35). O Senhor abomina o engano e o fingimento. O cristão deve perdoar na certeza de que seus direitos contra o ofensor são transferidos para Deus. Devemos sempre entregar nas mãos do Pai tudo que nos aflige.

Algumas pessoas oram durante anos, sem, contudo, alcançarem êxito ou mesmo resposta dos céus. Por que isso acontece? A falta de perdão representa um impedimento para que as bênçãos do Senhor fluam. É uma lei do Reino de Deus. Contra essas leis não podemos fazer nada, tão somente obedecer. “Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas” (Marcos 11.25,26).

Perdoar facilmente é um sinal de que estamos em comunhão com o Pai (Colossenses 3.13). É preciso liberar perdão para usufruir da presença real e plena de Cristo em nossas vidas. Não guarde mágoas, rancores e ressentimentos em seu coração. Dê lugar para bons sentimentos.

Já ouvi muitas pessoas dizendo: “Eu perdôo, mas não esqueço. Ele lá e eu aqui”. Quem perdoa deve realmente esquecer o que houve e não trazer à memória a ofensa recebida a cada nova oportunidade. Quem age desse maneira demonstra não ter capacidade de perdoar e, portanto, não merece ser perdoado por Deus. Se quisermos que o Senhor nos perdoe, precisamos apagar de nossas mentes a ofensa recebida.

Assim como Deus esquece nossos erros (em Jeremias 31.34 está escrito: “Porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”), nós também devemos perdoar e, de modo sincero, esquecer. Quando ficamos livres da mágoa e da tristeza, damos lugar para Deus agir em nossas vidas. Ao liberarmos perdão, somos contemplados com toda sorte de bênçãos dos céus, como cura espiritual, libertação e fervor.

Não se esqueça de que alcançamos a salvação por intermédio do perdão divino. Deus lançou fora toda lembrança de nossos erros e nos restaurou, nos deu uma nova vida. Pense nisso na hora de perdoar quem lhe ofendeu. Mesmo cometendo muitos erros, o Senhor perdoou você.

Você é capaz de fazer o mesmo?

terça-feira, novembro 09, 2010

O princípio 6.6

Renato Collyer

Certa vez, Jesus disse: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará” (Mateus 6.6). Jesus criticou severamente o modo como os fariseus oravam, condenando a prece pretensiosa, ostentosa e que atrai a atenção.

Cristo nos concede uma preciosa lição. Ele nos ensina sobre a intimidade com Deus. Jesus sabia dominar como ninguém a arte da comunicação. Ele dominava plenamente o uso adequado das palavras. Não estou me referindo ao modo correto do emprego das palavras ou ao conhecimento apurado da gramática. Cristo usava suas palavras como um verdadeiro canhão, capaz de transpor as barreiras do preconceito e do legalismo exacerbado, pois era o único instrumento que possuía.

Suas palavras penetravam no coração das pessoas, fazendo-as pensar, refletir e mudar de opinião. Nenhum elemento coercitivo era usado. Não era preciso. Jesus as convencia devido à veracidade que sua própria história como Filho de Deus transmitia. Quando outros elementos, como a coerção, são necessários para que nossas idéias sejam aceitas, revelamos o quanto elas carecem de sustentabilidade própria.

No sentido que Jesus estava empregando as palavras para que seus seguidores o entendessem, “aposento” ou “quarto de portas fechadas” está profundamente relacionado à lugar de intimidade.

Não tenho formação acadêmica em Arquitetura, no entanto sei que a porta principal de uma casa deve dar acesso à sala de visitas. Simplesmente porque a sala representa um lugar de livre acesso. Qualquer pessoa pode explorá-la sem reservas. Não há nada de pessoal lá. Você não guarda sua roupas íntimas ou as jóias da família na sua sala de visitas.

Você consegue imaginar uma porta principal de uma casa dando acesso ao quarto? O motivo? O quarto é o lugar onde guardamos coisas especiais. O quarto representa nossa intimidade. Você não convida um conhecido do trabalho para tomar um refrigerante no seu quarto. Um amigo, porém, tem intimidade suficiente para assistir um filme ali.

Você consegue entender o que Jesus estava tentando ensinar aos discípulos? Ele ensinava por meio de parábolas, uma espécie de pequenas histórias de fácil compreensão. Ele usava esse método porque sabia que deste modo suas palavras poderiam ser entendidas desde o mais sábio dos escribas até o mais iletrado do povo. Cristo não usava métodos de persuasão, nem fazia uso de uma linguagem rebuscada. Pelo contrário, utilizava-se da simplicidade das parábolas para transmitir seu recado.

Nas relações interpessoais, a grande chave para se alcançar um objetivo, seja ele qual for, é criar uma rota de fácil acesso entre o emissor e o destinatário. É preciso deixar claro o que se deseja alcançar. Não adianta utilizar métodos inovadores ou experimentais se não conseguimos expressar de modo coeso nosso raciocínio. Faz-se necessário oferecer sempre uma espécie de ponto comum de raciocínio, ou o que eu chamo de Ponto de Referência.

A partir de um ponto de referência, é possível chegar a qualquer lugar, partindo-se de um ponto de comum acesso e entendimento ao ouvinte. Jesus sabia usar isso como ninguém. Ele falava das coisas sobrenaturais usando como referência simples situações do dia a dia, facilmente conhecidas por todos. Assim, Cristo discorria sobre assuntos até então inalcançáveis pelas pessoas, porém facilmente assimiláveis por causa do ponto de referência que utilizava.

Nesse caso específico, Jesus não fez uso das parábolas, mas do ponto de referência para esclarecer algumas coisas. Uma delas é que somente através da oração conseguimos conquistar a intimidade com o Pai. Sim, é uma questão de conquista. Ter comunhão com Deus é ter uma relação onde nada é escondido. Estar no quarto significa mostrar quem você realmente é, sem máscaras ou ilusões.

Está escrito: “Eu sou aquele que sonda as mentes e os corações” (Apocalipse 2.23). Deus conhece nossos pensamentos, somente Ele é capaz de saber o que se passa em nossa mente. Por essa razão, nosso Pai nos entende tão bem. Imagine aquela pessoa que você mais gosta, que mais tem afinidade (pode ser um irmão, esposo, namorado ou amigo). Agora pense como seria se essa pessoa pudesse saber tudo que se passa em sua mente. Como seria se essa pessoa pudesse ler seus pensamentos, pudesse saber o que você deseja mesmo antes de você falar qualquer palavra?

Certamente seu relacionamento com ela iria mudar. Vocês iriam ter uma forte ligação. Provavelmente essa pessoa teria um grau mais elevado de sua confiança em relação às demais. Sua amizade seria ainda mais forte. Assim acontece com Deus!

Ele nos conhece plenamente, melhor que nós mesmos. Devemos ter essa confiança nele, devemos estreitar nossa relação com o Pai. Assim como um grande amigo que sabe todos os segredos do outro, temos que ter plena confiança no Senhor e entregar em suas mãos todas as nossas aspirações, ansiedades, projetos e sonhos. Jamais duvide disto: O Pai Celestial deseja sempre o melhor para você. Como a Bíblia declara: “Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial” (Lucas 11.13). E ainda: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera” (Isaías 64.4).

Lembre-se de que sua oração não deve ter como propósito atrair a atenção dos homens, mas representar o meio, por excelência, de seu encontro pessoal com Deus, para que você cresça em fé e viva uma vida cheia do Espírito Santo.


Concurso Literário Prêmio Blogueiro Cristão 2010.




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quinta-feira, outubro 28, 2010

O caso de Yang Peiyi


“A humildade precede a honra.”

(Provérbios 15.33)

Yang Peiyi
Renato Collyer

Blog do Renato

Yang Peiyi. Seu rosto não foi visto por mais de 90 mil pessoas ou por milhões de telespectadores de todo o mundo. As manchetes dos principais jornais chineses do ano de 2008 não estamparam sua foto na primeira página. Sua face gordinha e seus dentes levemente tortos não foram capa das revistas chinesas mais lidas daquele mesmo ano. Na verdade, pouco se sabe sobre ela. Sabemos somente que sua bela voz foi capaz de arrebatar os corações de todos que acompanharam, maravilhados, a abertura dos Jogos Olímpicos, na China.

Yang foi a vencedora de um concurso que escolheria a criança perfeita para cantar na abertura dos Jogos. O conceito de perfeição, entretanto, mostrou-se relativo para os organizadores do evento. No lugar de Yang, uma outra menina, de nove anos, apenas dois anos mais velha que ela, fez sua apresentação. Magistral. Brilhante. Impecável. Porém um único detalhe faria toda a diferença: a voz que todos ouviram não lhe pertencia. Era a voz da pequena Yang.

O “anjo sorridente”, nome que recebeu Lin Miaoke após sua belíssima apresentação, ganhou notoriedade. Lin já possuía certa fama em seu país, por já ter feito alguns comerciais para televisão. Mas quando você ganha um título (e, por sinal, um título lindo como “anjo sorridente), o estrelato acaba sendo inevitável.

Nada de holofotes para a pequena Yang Peiyi. Sem sessões de fotos ou horas sentadas na cadeira do maquiador. Seus cabelos não precisaram de um belo penteado. Suas unhas não foram pintadas, ou sua pele cuidada. Afinal, ela não iria ser o centro das atenções.

Sem luzes, flashes, ou espelhos por toda parte. Yang não queria isso. Yang não fez questão disso. Sua belíssima voz foi capaz de ultrapassar os muros do preconceito e da falsa noção de beleza, discretamente presente no mundo oriental.

Nada de jantares com famosos ou distribuição de autógrafos na escola para Yang.

A propósito, quando perguntada por jornalistas acerca do ocorrido e sobre como estava se sentindo, Yang Peiyi apenas disse que se sentia feliz por ter sido a voz ouvida pela multidão. Em outra ocasião, a pequena Yang disse ao jornal chinês “China Daily” que não estava arrependida de ter emprestado a voz a Lin e que ficara feliz por ter participado da cerimônia.

Você participou, Yang. Muito mais do que imagina.

A pequena Yang nos ensinou uma preciosa lição. A verdadeira beleza está na humildade. Não está simplesmente nos olhos de quem vê, mas na emoção de quem transmite o que é verdadeiramente belo.


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sábado, outubro 23, 2010

A perseverança na grande maratona da vida cristã

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Maratona
Maratona de Nova York
Renato Collyer

Blog do Renato

Ser cristão não pressupõe uma vida repleta de alegrias e alheia às tribulações. Muitas pessoas têm o errôneo entendimento de que seguir a Cristo é viver num mar de rosas. O próprio Jesus disse que enfrentaríamos problemas e que passaríamos por dificuldades ao longo de nossa caminhada por este mundo (João 16.3).

Isso não quer dizer, no entanto, que nossa vida deva ser repleta somente de dificuldades e perseguições. Por sua imensa compaixão, Jesus nos assegurou bênçãos, alegria e paz. A Bíblia nos mostra que quando estamos no centro da vontade do Pai, as tribulações têm efeito positivo, porque nos ensinam a depender de seu precioso amor.

A palavra tribulação significa sofrimento, aflição e adversidade. Também representa tormento e amargura. “Eis que foi para a minha paz que tive grande amargura, mas a ti agradou livrar a minha alma da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados” (Isaías 38.17).

Como filhos de Deus, temos paz com ele através de Jesus Cristo. Fomos justificados, tendo livre acesso à paz e às bênçãos divinas. Porém é muito fácil oferecermos louvor e ações de graças quando tudo está estável. Adorar na calmaria é simples! A Palavra de Deus nos ensina que também devemos dar glórias nas dificuldades, sabendo que a tribulação produz paciência.

A paciência nos ajuda a suportar as dores e os infortúnios com resignação. É uma atitude que expressa nossa compreensão da vontade de Deus. Mesmo sendo uma difícil lição, devemos praticar a paciência em nosso lar, depois praticá-la na igreja local, no tratamento com nossos irmãos em Cristo e até com as pessoas que nos querem mal. “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis” (Romanos 12.12-14).

A tribulação também produz experiência. Assim como um soldado que só adquire experiência no campo de batalha, a experiência cristã demanda tempo na presença do Senhor, adorando-o e servindo-o. Isso porque não se adquire experiência no momento da conversão.

Essa experiência consiste na prática dos preceitos cristãos, na medida em que se obtém conhecimentos necessários para uma vida vitoriosa em Cristo. Há cristãos que não passam na prova da experiência porque são induzidos a pular etapas quando novos na fé. Assim, eles não adquirem o conhecimento e a maturidade espiritual, imprescindíveis para encarar os problemas de frente.

Ao invés disso, murmuram contra Deus e chegam até mesmo a desistir da caminhada cristã. Em virtude disso, é imprescindível a prática da paciência para aprender as lições da experiência. Siga o exemplo de Davi: “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor” (Salmo 40.1).

Para suportar as tribulações é preciso ter fé.

Certa vez, quando estava dando aula para um grupo de adolescentes, expliquei para eles que a fé em Cristo pressupõe três elementos essenciais: sensibilidade, esperança e perseverança.

Sensibilidade. Presenciei situações de pessoas que não tiveram a sensibilidade suficiente para receber as bênçãos dos céus. Elas não estavam sensíveis à voz do Senhor. Estavam tão incrédulas que foram incapazes de sentir o mover de Deus.

Ter sensibilidade é estar atento ao chamado do Pai. É não criar barreiras internas para a ação sobrenatural do Senhor. Dentre outras razões, a falta de sensibilidade é também um dos impedimentos que obstam o agir de Deus na vida do cristão.

Quando nosso coração não está sensível, deixamos de acreditar que o milagre existiu e damos lugar à dúvida, outro fator que impede que contemplemos o Reino de Deus nesta terra. Abra seu coração e se permita depositar plenamente sua confiança no Senhor.

Esperança. O apóstolo Paulo escreveu: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5.3-5).

Esperança é a atitude de aguardar algo que se deseja e não simplesmente desistir no meio da jornada. O cristão deve esperar, confiando que Deus cumprirá todas as promessas que fez. Nos momentos de angústia não podemos perder a esperança. É um componente essencial da fé. Sem esperança, não há fé.

Jó foi um exemplo de como um servo de Deus pode ser vitorioso nas tribulações. O patriarca perdeu seus filhos e toda sua riqueza em um só dia. Mesmo diante da adversidade, lançou-se em terra e adorou ao Senhor. “Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou” (Jó 1.20).

O relacionamento com Deus não é mera teoria, mas realidade para aqueles que o buscam e esperam o cumprimento de suas promessas. “E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (Jeremias 1.12). Nosso Pai Celestial nunca falha (Isaías 43.13) e está sempre pronto para conceder o desejo do nosso coração (Salmo 37.5), mediante sua perfeita vontade.

Perseverança. As lutas e tribulações fazem parte da vida cristã do mesmo modo que as bênçãos divinas. Jesus disse que no mundo (vida secular) teremos aflições, mas que devemos ter perseverança, pois ele venceu o mundo. As tribulações servem como aperfeiçoamento do caráter cristão.

Durante os Jogos Olímpicos, vemos diversos atletas de diferentes países competindo por uma medalha de ouro. Alguns desses atletas recebem altíssimos patrocínios e gozam de uma vida financeiramente estável. Porém muitos que ali estão não possuem sequer condições para se manterem em seu próprio país de origem. Esses últimos, entretanto, são os que recebem mais atenção da mídia quando conquistam uma medalha.

O motivo? Perseverança.

Os atletas que possuem os melhores equipamentos, a melhor estrutura, os melhores patrocinadores não chamam tanto a atenção quando conquistam a medalha porque, de certo modo, já se era esperado que eles ganhassem, e chegassem ao lugar mais alto do podium. Os verdadeiros heróis são aqueles que conseguem ultrapassar as barreiras do preconceito, do racismo, da quase miserabilidade e conquistam a medalha de ouro.

Os heróis não vivem em casas luxuosas e gozam de uma vida de fartura. Os heróis (de verdade) vencem inimigos muitos mais poderosos do que seus oponentes.

Do mesmo modo acontece na grande maratona cristã que perfazemos a cada dia. É preciso perseverança para vencer os obstáculos da vida e alcançar o grande prêmio: a coroa da vitória em Cristo.






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quarta-feira, outubro 06, 2010

Louvor apaixonado


Renato Collyer

blog: www.renatocollyer.blogspot.com

É muito comum nos envolvermos com a música que está sendo executada enquanto adoramos a Deus. Eu simplesmente amo o momento do louvor da minha igreja. Não estou menosprezando os outros momentos do culto, mas quando abro meus lábios e louvo ao Senhor, nada mais interessa, nada mais tira minha atenção da doce presença do Espírito. Todos que ali estão são envolvidos por uma atmosfera de adoração única e sublime.

Com a ajuda das lindas melodias, os corações contritos são convertidos em verdadeiros mananciais de graça e paz. A música possui essa singular capacidade de contagiar e estimular nossos sentimentos. Ela nos move. A música nos transporta para um lugar tranquilo e seguro: a maravilhosa sala de visitas de Deus! Esse é um lugar comum para os adoradores. Gostamos de estar lá. Adoramos a companhia do Pai.

Através da música, declaramos nossa paixão e nosso desejo de estar sempre na presença de Deus.

Já que estamos falando de louvor através da música, vou apresentar a você alguns breves conceitos com o intuito de facilitar a compreensão do tema que estamos tratando aqui.

A música pode ser dividida em três partes: melodia, harmonia e ritmo.

Melodia. A melodia nos faz sonhar, chorar ou rir de alegria e sentir emoções que provêm do fundo da alma. Não vou me deter em diferenciar instrumentos harmônicos de instrumentos melódicos, pois não é nosso objetivo aqui, mas fique à vontade para pesquisar sobre o assunto.

A melodia é responsável pela "cor" da música, pelo seu entusiasmo ou angústia, agressividade ou suavidade e paz. Em geral, acordes menores transmitem pesar, obscuridade. Tente executar uma música composta por acordes menores e perceba o resultado. Acordes maiores, entretanto, possuem um som mais aberto, divertido. Independentemente do tipo de sequência utilizada, a música transmite uma mensagem, ainda que não seja cantada.

Um solo de blues, por exemplo, transmite algo doloroso, mas ao mesmo tempo agradável de se ouvir. As notas de um saxofone podem expressar toda a beleza de um amanhecer ou o pesar de um coração amargurado.

Em uma linguagem acadêmica, é a melodia que dá sentido a uma composição, sendo sua voz principal. A melodia encontra apoio na harmonia e no ritmo. Na clássica notação musical, ela é representada no pentagrama de forma horizontal para a sucessão de notas musicais e de forma vertical para sons simultâneos.

Harmonia. Chamamos de harmonia a relação vertical das notas que são executadas num mesmo momento, podendo ser ternária (sons formados pelo intervalo de terças, como dó/mi/sol), quaternária (intervalo de quartas, como fá/si/mi), quinária (intervalo de quintas, inversão do de quartas, como si/fá/dó) e assim por diante.

Talvez um modo simples de explicar o que é harmonia seja dizer que representa o acompanhamento da melodia, o apoio da voz principal. Enquanto um ou mais instrumentos executam a melodia, os demais funcionam como base de sustentação para as notas executadas. Não são responsáveis pelo brilho principal da música, mas fornecem as cores para que a obra prima seja feita com maestria.

Ritmo. Ele está intimamente ligado à nossa percepção externa, pois atinge nosso corpo, nossa carne. Vou explicar. É muito comum vermos uma criança balançar-se à “batida” (ritmo) de uma música agitada. Sem saber, a pequena criança expressa, através de movimentos, suas emoções. Seu corpo responde ao estímulo sonoro. Seus movimentos refletem o que o ritmo provoca. É uma resposta quase que natural do corpo humano. Creio que, justamente em virtude disso, o diabo tem tentado tomar posse de diversos estilos musicais com o intuito de perverter o principal propósito da música: a adoração ao Pai.

O Inimigo tem disseminado sensualidade e erotismo através de ritmos envolventes, levando jovens para um caminho errado. Mesmo inconscientemente, seus corpos são envolvidos pela mensagem de pecado presente nessas músicas.

Não devemos esquecer que o diabo exercia a função de adorador antes de ser expulso dos céus – essa função pertence ao homem agora. O Inimigo tenta corromper a música e o faz com grande destreza, pois entende muito bem do assunto. Como Igreja do Senhor, no entanto, devemos destronar seu poderio sobre a música e disseminar aos jovens uma música inspirada por Deus. Músicas capazes de libertar almas presas pelo pecado. Músicas carregadas de paixão e amor pelo Pai!



Concurso Literário - Prêmio Blogueiro Cristão 2010




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quinta-feira, setembro 02, 2010

O novo nascimento

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Renato Collyer

Blog do Renato

Certa ocasião, Jesus disse a um homem chamado Nicodemos que era necessário nascer de novo para ver o Reino de Deus. O homem, bastante confuso com aquelas palavras, perguntou a Cristo: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?” (João 3.4).

Vendo a expressão de dúvida estampada no rosto de Nicodemos, Jesus lhe disse: “Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (v. 5-6).

Nicodemos era um respeitado e influente membro do Sinédrio. Sendo fariseu, foi instruído de acordo com a lei e teologia judaicas. O próprio Jesus o chamou de “mestre de Israel”.

É bem provável que Nicodemos tenha ido encontrar Jesus durante à noite por temer sua reputação e, especialmente, sua posição social: um simples carpinteiro que falava sobre o Reino de Deus e operava milagres no meio do povo.

Jesus ensinava que, para entrar no Reino de Deus, era necessário que uma pessoa nascesse de novo. Esse, no entanto, não era um nascimento comum. Não se tratava de um segundo nascimento biológico. Cristo se referia a um nascimento espiritual.

Como os hebreus usavam termos como “água” e “gota” para descrever o nascimento natural, está explicado o porquê de Jesus ter usado uma palavra que o povo compreendia. “Espírito” se refere ao nascimento espiritual realizado mediante o poder de renovação e transformação do Espírito Santo. Somente o Espírito de Deus é capaz de fazer isso.

Sem o novo nascimento não existe vida, nem relacionamento com Deus. Quando uma pessoa nasce de novo, sua perspectiva muda à medida que é capaz de contemplar o Reino de Deus. Através desse nascimento, somos apresentados a um novo domínio em que a vontade de Deus prevalece.

Nascer de novo não significa somente ser salvo ou esperar algo que virá futuramente. É uma nova experiência, um novo estágio de vida, que nos concede novas oportunidades em nossos relacionamentos com outras pessoas e não só com Deus.


3° Texto/Concurso Literário/Prêmio Blogueiro Cristão 2010

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segunda-feira, agosto 09, 2010

Louvor na tempestade



LOUVANDO NA TEMPESTADE
Renato Collyer


Sempre fui apaixonado por barcos. Já tive a oportunidade de fazer algumas viagens. Gosto da tranquilidade das águas. É inspirador o modo como a brisa sopra por cima das pequenas ondas. As belas aves planam no imenso céu azul como se não se importassem com a presença de seus admirados visitantes.

Certa vez, viajei de lancha pela Amazônia. As águas do Rio Amazonas são tranquilas e parecem formar uma linda sinfonia que se une à paisagem incomparável da floresta.

O rio corta a floresta e por isso não é difícil encontrar troncos no meio das águas. O piloto da embarcação precisa ficar sempre atento para desviar das armadilhas do caminho e evitar um desastre. Experiência e atenção são indispensáveis para garantir a segurança dos passageiros.

O que quero dizer é que mesmo em meio à tranquilidade (rio), as adversidades surgirão (troncos). Mesmo sendo servos de Deus, não estamos livres dos problemas da vida. Nascemos de novo em Cristo (João 3.7), mas ainda vivemos em um mundo onde o mal impera, onde o pecado, muitas vezes, vence a santidade.

Você pertence ao Pai, ele toma conta da sua vida. Você, no entanto, vive em um mundo entregue às paixões da carne. “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno” (1 João 5.19).

Talvez o ambiente onde você trabalhe não seja exatamente um paraíso na terra. As pessoas falam mal de você pelas costas, tentam, de todas as formas, impedir seu crescimento profissional. Mas não se preocupe, não deixe que isso lhe abale. Seja luz no meio das trevas! Pode, por acaso, a luz brilhar no meio da luz? Não, a luz só brilha no meio da escuridão. Deixe sua luz brilhar no meio do caos e faça com que as pessoas percebam que há algo diferente em você!

Permita-me voltar a falar sobre barcos. Em minhas experiências nessas viagens, um sentimento sempre me incomodou. Ao mesmo tempo em que ficava feliz por ter chegado à terra firme em segurança, entristecia-me o fato de ter que abandonar a embarcação. As águas me traziam um estado de verdadeira paz.

Comumente vemos na Bíblia algumas passagens que se referem a “águas”, como no Salmo 23.2: “Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas”.

Agora imagine o seguinte: uma grande tempestade se aproxima. Antes que o comandante da embarcação perceba, ventos fortes começam a soprar. Os instrumentos de navegação nada podem ajudar, pois estão danificados! O que fazer? A que grupo de pessoas você pertence?

Você irá fazer de conta que nada está acontecendo e esperar a morte iminente? Irá se desesperar e, não se importando com ninguém, cuidará de salvar sua própria vida? Ou terá simplesmente fé?

É possível louvar ao Senhor em meio à tempestade?

Lucas nos conta o que aconteceu com ele e os demais discípulos: “Num daqueles dias, [Jesus] entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos para o outro lado do lago. E partiram. E, navegando eles, adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se de água, estando em perigo. E, chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, perecemos. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança. E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?” (Lucas 8.22-25).

Os discípulos ficaram apreensivos. Eles pertenciam ao segundo grupo, se desesperaram. Estavam com tanto pavor que somente lembraram que Jesus estava a bordo do barco quando as águas representavam perigo para suas vidas. Aqueles homens estavam acostumados com o mar. Aquela tempestade era apenas mais uma que deveriam enfrentar. Eles pensavam que poderiam passar pela tribulação pelas suas próprias forças, pelos seus próprios meios. É bem provável que antes de acordarem Jesus, os discípulos tivessem tentado – porém, sem sucesso – deter o avanço da água sobre a embarcação.

Até que ponto você consegue suportar? Até onde suas forças são capazes de aguentar as pressões deste mundo? As águas inundaram seu barco e você já não sabe o que fazer?

Mesmo em meio à tempestade, a luz de Cristo brilha forte. Você já percebeu que a luz não se abala com o vento? A luz não se move por causa das tempestades ou das chuvas. A luz permanece imóvel, parece não se importar com os problemas. Eles não a atingem.

Jesus é a nossa luz. Todos os seus problemas são pequenos perante ele. O Salvador está sempre disposto a ajudar, basta você simplesmente “acordá-lo”. Jesus quer ouvir a sua voz a chamar por seu Nome. Ele quer que você confesse com seus lábios: “Mestre, não posso caminhar com minhas próprias forças, preciso do seu amparo. Me ajude. Me salve!”.

Jesus deseja ouvir a sua voz. Louve ao Senhor não importa a situação. Não ligue para a tempestade. Deposite sua fé na luz de Cristo.

Muitas vezes reclamamos da vida. Reclamamos que Deus não se importa conosco, não nos salva de nossos problemas. Eu faço a seguinte pergunta para todos nós: temos conversado com Deus o suficiente? Estamos buscando intimidade com ele? Eu lhe desafio a buscar intimidade com o Senhor. Também me incluo nesse desafio. A voz de Deus deve ser constante em nossas vidas.

Nossas orações são levadas pelos anjos como fumaça até a presença do Senhor (Apocalipse 8.4). Deus se importa com seus filhos. Ele se importa com todos nós. O Pai Celestial se importa com você! Ele reserva uma atenção toda especial para você. Ele só deseja ouvir a sua voz. Converse com seu Pai.


Texto 2/5
Concurso Literário/Blogueiros Cristãos 2010

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terça-feira, agosto 03, 2010

Amor do Pai nos torna responsáveis uns pelos outros




“E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão?

E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gênesis 4.9)


Renato Collyer


Sempre fui apaixonado por água. Quando criança, todos os finais de semana minha família e eu íamos a um clube que tinha uma enorme piscina. Eu ficava fascinado com o tamanho do escorregador que, depois de inúmeras voltas, concedia mais brilho à brincadeira ao finalizar com um lindo mergulho na água.

Lembro-me que me divertia bastante, mas meu irmão, nem tanto. Ele tinha a árdua tarefa de tomar conta de mim. Ele me protegia. Ou pelo menos deveria. Minha mãe se deslocava à beira da piscina de vez em quando para ter certeza de que tudo estava seguindo o curso da normalidade.

Graças a Deus, nunca aconteceu nenhum acidente comigo na piscina. Mesmo sendo pequeno, eu tinha confiança que meu irmão mais velho estava lá para me proteger. Eu compreendia o significado de ser responsável pelos outros. Somente o amor é capaz de fazer isso.

Não estou me referindo ao amor entre irmãos de sangue. Não se trata somente disso.

Mesmo Caim sendo irmão de Abel, aquele não pensou duas vezes em matá-lo por causa da fúria que tomara seu coração. Ele sentiu uma profunda inveja de seu irmão e o matou por pensar que Deus o amava mais.

Certa ocasião, Jesus estava falando à multidão, e alguém o avisou que Maria, sua mãe, e seus irmãos estavam também ali e gostariam de falar com ele. Jesus, no entanto, respondeu: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?” (Mateus 12.48).

É bem provável que algumas pessoas tenham ficado confusas com essa declaração. Mas, logo em seguida, Jesus completou, apontando para todos que estavam ouvindo suas palavras: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe”.

Jesus não rejeitou sua família, mas expandiu o círculo para incluir relacionamentos espirituais. Ele nos dá uma verdadeira lição de um amor responsável pelos outros. Nós somos responsáveis pela maneira como tratamos nossos irmãos e irmãs.

Toda humanidade procede do mesmo sangue. O apóstolo Paulo disse aos atenienses que “de um só sangue [Deus] fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação” (Atos 17.26). Não seria mais do que justo que todos vivêssemos em perfeita harmonia?

A vida humana é uma criação divina única. O homem é a excelência da criação do Pai, por isso deve ser profundamente respeitado. A vida é sagrada. “Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gênesis 9.5-6). Somente Deus tem o direito de tirar a vida, pois ele a concede.

Esse amor que nos torna responsáveis pelos outros é capaz de romper as barreiras. Conheço algumas pessoas que exercem algum tipo de trabalho beneficente. Elas estão preocupadas com seu próximo, mesmo que esse próximo nem a conheça. O próximo não é somente aquele que convive com você, ou que faz coisas que lhe deixam feliz.

Jesus demonstrava uma preocupação social em sua maneira de agir e de tratar as pessoas. A caminhada cristã pressupõe profunda preocupação pelos que são marginalizados pela sociedade, pelos que passam fome, pelos que estão presos ou que não tem lugar para morar. Nossas atitudes devem demonstrar o amor que Jesus tinha por essas pessoas.

Algumas pessoas vivem em um mundo ideal. Elas criam verdadeiras paredes que as separam das demais que não possuem igual estabilidade financeira. Para essas pessoas, o cristianismo é apenas mais uma bandeira que ostentam. Para elas, a igreja se tornou um clube social, um lugar para rever seus amigos e combinar certas atividades. Elas não conseguem entender que a preocupação social não pode ser desassociada à vida cristã. “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício” (Provérbios 19.17).

Jesus nos ensina que somos julgados por Deus pela forma como tratamos os famintos, os que não tem um lar, os pobres, presos e doentes. “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25.35-40). Como você tem tratado essas pessoas?

Jesus iguala o tratamento que damos a essas pessoas ao tratamento que damos a ele. Se tratarmos mal essas pessoas, também o estaremos desprezando. O que fazemos por eles, faremos por Cristo. A vida cristã não é apenas um empreendimento espiritual. Nossa missão é servir à humanidade. Mesmo que não tenhamos condições de ajudar a todos, devemos fazer a nossa parte.

Quando não conseguimos cuidar das necessidades sociais, falhamos em dar o devido valor aos outros, diminuindo nosso próprio mérito aos olhos do Pai. O apóstolo Tiago escreveu, em poucas linhas, um verdadeiro tratado de solidariedade: “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser. Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2.14-17).

Jamais devemos valorar as pessoas devido à raça, riqueza, classe social ou à educação acadêmica que possuem. Diante de Deus, todas as pessoas são valiosas. Para o Pai, até o menor entre os homens é significativo.

Perante à cruz, somos iguais em nossa necessidade de aceitar o dom da salvação de Cristo. Devemos honrar e respeitar as pessoas sem dar atenção à sua posição social ou cor. Todos fazemos parte de um mesmo corpo. Todos contribuem para o bem desse corpo.

Por menor que seja o dedinho do pé, quando o batemos ou cortamos, todo o corpo sente, não é mesmo? Fica até difícil nos locomovermos quando o machucamos. Mesmo tão pequeno, o dedinho faz parte do corpo e é importante para seu pleno funcionamento. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” (1 Coríntios 12.12).

Jesus morreu por todas as pessoas e não por uma em especial. Ele morreu por todos nós e não para salvar uma raça ou um grupo social específico. Considerar uma raça ou um indivíduo menos importante é pecado, porque a salvação é para todos quanto crerem. Quem somos nós para dizer quem são os mais valiosos?

O Apartheid

No ano de 1948, a população negra da África do Sul se viu obrigada a conviver com o terror de um racismo politicamente estabelecido. O apartheid foi estabelecido pelo Partido dos Nacionalistas, que bloqueou a política integracionalista após ter chegado ao poder. Esse partido representava unicamente os interesses da pequena elite branca.

O sistema de segregação racial atingiu seu auge em 1948, com a classificação juridicamente codificada da população de acordo com o grupo social que pertenciam: brancos ou negros.

A segregação atingiu níveis extraordinários. Casamentos entre brancos e negros foram proibidos. Os negros não podiam sequer ocupar o mesmo transporte coletivo usado pelos brancos, bem como não podiam residir no mesmo bairro e realizar o mesmo trabalho deles.

A minoria branca passou a controlar cerca de 87% do território do país. O restante poderia ser ocupado pelos negros (territórios independentes sem qualquer riqueza natural).

O governo sul-africano passou a ser definido como uma ditadura da raça branca. Na década de 1970, o governo tentou encontrar fórmulas para assegurar a legitimidade internacional do regime, porém, organizações como a Organização das Nações Unidas e a Organização da Unidade Africana votaram diversas resoluções contra.

Após inúmeras revoltas e devido às pressões internacionais, em 1989, Frederic W. de Klerk assume a presidência do país, conduzindo o regime sul-africano a uma mudança que põe fim ao apartheid. No ano de 1990, o líder negro Nelson Mandela, cumprindo pena de prisão perpétua desde 1964, é posto em liberdade.

Mandela é eleito presidente da África do Sul nas primeiras eleições livres de 1993 e governa de 1994 a 1999.

Quem somos nós para dizer quem são os mais valiosos?


Renato Collyer
(link do post na ABC: http://ablogsx.ning.com/profiles/blogs/o-amor-do-pai-nos-torna)

PRIMEIRO TEXTO (JULHO/2010)