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sábado, setembro 16, 2017

A podridão do comunismo e a podridão do capitalismo, em dois filmes


Assisti nesta semana a dois filmes bem diferentes, dois filmes (na Netflix) para você aprender sobre SORDIDEZ.

 Em First They Killed My Father vemos a colheita maldita que foi a implantação do comunismo no Camboja, pela história real de uma família desfeita nas fazendas coletivas, alistamentos compulsórios e outras fornalhas marxistas.

Já em Capitalismo: Uma História de Amor, de Michael Moore, o alcagueta-mor do Império, vemos a sordidez inacreditável do capitalismo e seus mecanismos de vampirização e prostituição daquele que foi feito à imagem e semelhança de Deus.

Dois filmes para aprendermos sobre SORDIDEZ, sobre sistemas que em suas raízes e processos (práxis, práticas) negam o cristianismo ensinado no Sermão do Monte; para aprendermos que um outro caminho precisa ser tomado.

Recomendo que você os assista. Como gosto de provocar, são filmes para serem exibidos nas EBDs das igrejas.

Construir a justiça e viver o Sermão não são tarefas fáceis ou redutíveis a maniqueísmos; pelo contrário, são as cargas mais pesadas já dadas, a longa porta estreita que indica que, sim, um outro mundo é possível, mesmo neste rascunho traçado em pus (nosso mundo), mesmo enquanto esperamos pela nossa Pátria Celeste.

Sammis Reachers

domingo, março 27, 2016

Igreja Evangélica, Política e Lava Jato

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Dilma, antes da delação do Grupo Odebrecht
Por: João Cruzué
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O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, Sr. Eduardo Paes, criticou, em conversa recente com o ex-presidente Lula, os agentes da Polícia Federal e os Procuradores do Ministério Público que atuam em Curitiba na Operação Lava Jato. Quando Lula disse que "... esses meninos da Polícia Federal e esses meninos do Ministério Público, eles se sentem enviados por Deus, o Prefeito complementou: "É, mas eles são todos crentes. Os caras do Ministério Público são crentes,né?" Dentro deste contexto, gostaria de deixar algumas considerações e minha opinião sobre o desenrolar dos próximos acontecimentos. Não se trata de profecia ou julgamentos, mas do simples uso da minha intuição de crente em Jesus.

Tenho para mim que, quando o  ex-presidente Lula disse: "Estes meninos se sentem enviados por Deus", ele  estava desdenhando da religião do Procurador Deltan Dallagnol, que frequenta a  que frequenta a Igreja Batista do Bacacheri [bairro que conheço pessoalmente], em Curitiba. O pai do Procurador também era do Ministério Público. Ele e a Polícia Federal estavam e estão determinados a por na cadeia um bando de empreiteiros e políticos que vêm dilapidando os recursos públicos do país em benefício próprio.

Também tenho para mim também que, quando o prefeito do Rio comentou tal frase, ele pontuou que  "Eles são todos crentes, os caras do Ministério Público são crentes", também estava desdenhando dos crentes, com indiretas ao Procurador Deltan Dallagnol.

O ex-presidente quando generalizou: "..Esses meninos... E o prefeito também generalizou quando disse: "Eles são todos crentes" revelaram o velho preconceito contra os evangélicos. É público e notório o que o ex-presidente Lula pensa a respeito dos Pastores Evangélicos, notadamente quanto a colocar a culpa no diabo por todas as coisas ruins que acontece na vida dos fiéis e também sobre o recebimento dos dízimos. Quando ele precisa destes pastores, ele os mima; quando não precisa, os coloca no mesmo saco de farinha do seu partido, por causa do mal testemunho de alguns deles.

De 2002 até 2009, boa parte das lideranças evangélicas se "enamoraram" com o canto da sereia do ex-presidente Lula, porque estavam cansados da política velha, ostensivamente, desprezadora de crentes, e arriscaram a sorte no "novo". E como o "novo" ganhou, trazendo um discurso de proteção aos mais necessitados do país, não foi possível com nitidez o que estava no fundo da caixa d'água: politicas pró-abortistas, ativismo gay, lei da palmada, projeto 122 - a mordaça gay, casamento gay, discurso difamatório de desconstrução da Igreja Evangélica, rótulo de ladrões aos Pastores, projetos de retirada de imunidade tributária das Igrejas, um sufoco tremendo.

De 2002 a 2015, sem dúvida, foi o período que a Igreja Evangélica no Brasil mais sofreu com o processo de secularização, devido a sua intromissão sem limites na representação política. O sagrado se uniu ao profano e sofreu um dano irreparável. Consciências foram compradas e Igrejas foram "vendidas". Basta uma pesquisa criteriosa nos bancos de dados digitais nos anos de eleição, para que tudo que está dito seja comprovado. Nunca tivemos tanta representação evangélica no Congresso, e paradoxalmente, em nenhum outro período as ideologias ateias e comunistas avançaram tanto sobre a família brasileira. O PL 122 foi como um boi de piranha. Enquanto as atenções ficaram focadas nele, passaram o casamento gay, a mudança de interpretação do conceito de família no STF, e mais coisas.

Da mesma forma que o ex-presidente Lula e o prefeito Paes disseram, também é necessário que a Igreja Evangélica de hoje, copie o testemunho fundamentalista dos "meninos da Polícia Federal e dos meninos do Ministério Público" ligados à Operação Lava Jato. Mais fundamentalismo bíblico e menos projetos políticos. O princípio da não aceitação do jugo desigual foi quebrado por muitos líderes evangélicos, mas o ESPÍRITO SANTO DO SENHOR JEOVÁ não o revogou. O fundamentalismo evangélico esfriou. Não me canso de escrever, que hoje há mais ação e arregimentação de jovens nas periferias das grandes cidades por organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, do que crentes pregando o Evangelho. A Igreja elitizou-se, abandonou as favelas, e Missões deixou de ser prioridade, para ser apenas um artigo de presunção e propaganda.

A ganância religiosa está tão desavergonhada, que fiquei pasmo ao ouvir um dos mais novos líderes evangélicos, no canal RGI, dizendo mais ou menso isso: Preciso de um x número de pessoas que deem uma oferta de R$ 2.000,00. Se você não tem, pega um empréstimo consignado e traga o dinheiro para a "Igreja".  Não foi outros que me disseram, eu ouvi, pessoalmente. Nos últimos 30 anos, uma boa parte do se diz Igreja Evangélica apodreceu muito depressa, a ponto de isto me assustar. E onde isto começou? Bom, em algum lugar de 1990 para cá, alguém trocou o Espírito Santo por fama, TV e dinheiro. Mais ou menos as mesmas coisas que Jesus Cristo recusou do diabo na tentação.

E quanto ao momento político atual, é preciso muita oração e atenção com os gastos familiares. Estamos a poucos dias da colaboração premiada do ex-presidente do Grupo Odebrecht, Sr. Marcelo Odebrecht. Quando ele abrir a boca, provavelmente, vai ligar o dinheiro sujo da corrupção com a campanha política de 2014 da atual Senhora Presidente. Assim que isto acontecer, o TSE vai abrir um processo para cassar a chapa Dilma-Temer. A lista da Odebrecht pode sujar a campanha de centenas de políticos, inclusive, evangélicos.

Depois da cassação da chapa, novas eleições vão ser marcadas ainda para este ano. Neste cenário político novos personagens políticos devem aparecer. Temos que orar muito, para que não aconteça aqui o que aconteceu na Venezuela. O povo estava tão cansado de corrupção que elegeu um militar para Presidente. Esse Militar era Hugo Chaves, o que estava ruim, ficou ainda pior.

Não creio que tenhamos impeachment, pois é provável que o TSE casse  a chapa Dilma-Temer por usar dinheiro sujo na campanha de 2014. Por outro lado, devemos orar muito mais para que não aconteça aqui uma venezuelização do país. Se o cenário fugir do previsível, as coisa piorarem e houver confronto nas ruas, a Economia vai piorar, a inflação vai subir, o desemprego vai aumentar, e só Jesus para ter misericórdia.

Diante disso, oração apenas não basta. Também é preciso muito jejum, para que Jesus tenha misericórdia de nosso país, e dos crentes que foram levados por alguns pastores e bispos a votarem em um jararaca que foi acolhida e ajudada dentro da Igreja Católica*



*Tese de doutorado: [OLIVEIRA - UFRRJ, 2010 - fl.8 , PDF pg 45]

* Livro "Como uma Família COMEFORD, J. C. - Introdução pg. 15]















domingo, abril 26, 2015

A cidade de Deus não é feita de cartas: religião em "House of Cards"

Por André Quirino

Dentre os motivos que podem levar alguém a negar a existência de Deus ou se opor a Ele, há os que são expressão de incultura – críticas ao papel da religião na História, decepção com a má conduta de conhecidos religiosos etc. –, há os que são expressão de covardia – a dificuldade de conceber uma transcendência a este mundo, o desconforto em reconhecer que o Universo e cada ser vivente estão subordinados a uma meta-história etc. – e há os que são expressão de pura e simples imoralidade – dentre os quais eu destacaria, justamente, a sustentação do argumento do mal, a negação das teodiceias.
Sim, pois a crença oculta de quem diz “Com tanto mal no mundo, não pode haver Deus”, “Com tanto mal no mundo, Deus não pode ser bom” ou “Com tanto mal no mundo, Deus não pode ser poderoso”, é “Se eu governasse o mundo, tudo faria sentido”, o que traz implícita “Só faz sentido aquilo que cumpre meus propósitos”. E não há âmbito da vida em que a tentação dessa crença seja tão pulsante quanto na política. Mas isso enquanto teoria é raso, soa a tergiversação. Somente uma história bem narrada, de personagens complexas, tornará sua pertinência patente.
Se é verdade que boas produções de TV tendem a estrear já mostrando a que vieram, e que House of Cards – neste caso, uma série de internet, mas, de qualquer forma, uma das séries mais populares em todo o mundo atualmente – é uma boa série (como eu julgo que seja), a primeira cena da produção da Netflixdeveria nos fazer buscar questionamentos, que ela pretenderia provocar, situados além do plano dos meros bastidores políticos. Quando um carro desgovernado atinge o cão de um vizinho e o deputado Francis Underwood vê o animal agonizando, é difícil precisar o sentimento que inspira o personagem, mas certamente não se trata de compaixão. A suspeita natural é de que Francis tem prazer em causar dor; a certeza inevitável, que nos assalta quando Francis recebe os donos do cão desolados, é de que estamos perante um cínico. Mas com uma vantagem: um cínico que dialoga com o espectador e, nesses diálogos, não se furta à sinceridade. No primeiro deles, Francis vaticina:

Há dois tipos de dor: a dor que o torna mais forte e a dor inútil, que se reduz a sofrimento. Não tenho paciência com inutilidades.

A isso veio House of Cards: discutir as posturas que se pode adotar num mundo em que a dor e o sofrimento são um fato.
Nada mais oportuno: a política define-se como uma conciliação de vontades, uma desastrada mas persistente busca por justiça em meio ao caos que o mal opera neste mundo.[1] Desde os primórdios, essa é uma atividade que parece se subordinar a uma administração de justiça superior e perfeita, ainda que incompreensível: o poder político deveria prestar contas a Deus, que o legitima. Num culto em Washington que sucedia o fim de um pleito eleitoral, Francis é um dos políticos a tomarem a palavra. E ele diz (ao público presente, não a nós, espectadores), ecoando o ensino de Jesus: “Aquele que se humilhar será exaltado”.
Profunda é a sabedoria bíblica: poder verdadeiro tem aquele que reconhece a própria fraqueza; o único fundamento firme para a autoridade é a humildade. Mas não é esta a motivação de Francis em sua busca pelo poder: simplesmente ele foi traído pelo presidente eleito, que lhe prometera o cargo de secretário de Estado caso o apoiasse durante a corrida presidencial, e agora, dado o descumprimento da promessa, se vinga com ambição redobrada. Ele almeja um poder que, de tão elevado, é inescrutável. Underwood só conhece o poder comouma abstração.
            Eu disse que Francis é um cínico, mas não sejamos apressados: estamos lidando com um cínico profissional. E um traço característico da estratégia de cínicos dessa estirpe é se aproximar da sinceridade o máximo possível, não desperdiçando oportunidades de pronunciar verdades inconvenientes, ganhando assim a confiança do ouvinte, para então poder-se colocar na posição de quem faz o que deve ser feito – no caso de Francis, colocar-se na posição de alguém que se tornou frio por abnegação, fazendo dessa estratégia a sua própria teodiceia, sem assumir que não tem o controle das situações. Ainda na cena em que sacrifica o cãozinho, Francis arremata:

Momentos como este exigem alguém que aja, que faça o desagradável, o necessário.

            Dois episódios depois, em situação mais grave, Underwood destila todo seu profissionalismo na arte do cinismo. Em sua cidade natal, ele precisa convencer um pai e uma mãe enlutados a não o processarem pela morte de sua filha. No primeiro culto que se seguiu ao evento trágico, Underwood subiu ao púlpito para discursar:

Sabem sobre o que ninguém quer falar? O ódio. Eu conheço muito bem o ódio. [E, após uma descrição detalhada desse sentimento:] “Eu O odeio, Deus! Eu O odeio!” Não me digam que nunca disseram essas palavras antes. Sei que já. Todos nós já as dissemos se sentimos alguma vez uma perda tão abaladora. Há dois pais aqui esta manhã que já sentiram essa dor. A dor mais terrível de todas: a de perder um filho. Se levantassem agora e berrassem aquelas palavras, poderíamos culpá-los? Eu não poderia. Pelo menos o ódio deles eu posso entender. No entanto, o temperamento de Deus, Sua crueldade, mal posso começar a...

E conta como experimentou o ódio contra Deus quando seu pai morreu aos 43 anos – uma mentira, como confessa ao espectador: seu pai morreu jovem, sim, mas isso não lhe constituiu nenhum sofrimento. Aqui Francis se aproxima perigosamente da sinceridade, revelando um sentimento que de fato o acompanha, embora com maior frequência e por motivos menos justificados do que os alegados: é assim que consegue demover os pais da jovem falecida da intenção de processá-lo. Mas, depois de prosseguir com um discurso recheado de versículos bíblicos, retorna a uma distância segura da sinceridade, concluindo com uma falsa aceitação da verdadeira teodiceia:

Jamais entenderemos por que Deus levou Jessica, meu pai ou qualquer pessoa. Mas, embora talvez Deus nunca nos dê a resposta, Ele nos deu a capacidade de amar. Nossa tarefa é amá-Lo sem questionar Seu plano.

E ora, com a voz embargada por lágrimas cínicas.


            Eu mesmo pensei estar exagerando o papel desempenhado pela religião na trama de House of Cards, até que revi “inspecionalmente” (como se faz num dos modos de leitura elencados por Mortimer Adler) todos os episódios da série. E, conquanto nos nove episódios seguintes ao último que mencionei acima não haja referências expressas à religião – e esse não seja o único intervalo de tal tipo –, é nos momentos cruciais que a referência explícita se dá. Depois de praticamente abrir a série, ela encerrará a primeira temporada. No episódio 13, Underwood vai à igreja e começa orando:

Sempre que falei com o Senhor, o Senhor não me respondeu. Considerando nosso desdém mútuo, não posso culpá-lo pelo silêncio.

            Mas se dá conta: “Talvez eu esteja falando com a pessoa errada”.    E, agora virando-se para baixo: “Você consegue me ouvir? Você é capaz de linguagem ou só entende depravação?”. Então encerra, professoral:

Não há nenhum conforto, nem acima nem abaixo. Apenas nós pequenos, solitários, lutando, brigando uns com os outros. Eu oro para mim mesmo e por mim mesmo.


Como observa Amy Lepine Peterson, no artigo “House of Cards: the king is dead” (“House of Cards: o rei está morto”): “No episódio final [da primeira temporada] de House of Cards, numa cena que de tão similar parece uma referência intencional a “Two Cathedrals”[2], Francis Underwood também ora sozinho em uma catedral. Ele está claramente desesperado – não porque se sinta culpado pelos crimes que cometeu, mas porque receia que seus planos de conquistar mais poder falharão”.
É claro: o poder, por abstrato que seja, ainda mais o poder como forma de vingança, como é o caso aqui, é a alternativa encontrada por Underwood exatamente à nossa contingência, às incertezas da vida. E isso quem diz é o criador da série e autor da maioria de seus episódios, Beau Willimon. Numa conversa com o pastor protestante Andrew Foster Connors, ocorrida em outubro de 2014 na Igreja Presbiteriana da Brown Memorial Park Avenue, em Baltimore, Maryland, e narrada aqui, ele diz: “O que há de tão sedutor no poder, para Frank? Penso que se trate do fato de a única certeza na vida ser que vamos morrer. Assim, num nível profundo, Underwood e outros políticos na série estão brincando de Deus no pouco tempo que têm de vida”.

Durante toda a segunda temporada, talvez a religião tenha um papel maior a desempenhar na história de Doug Stamper e a jovem Rachel, que ignorarei aqui por uma questão de espaço[3], do que propriamente na trajetória de Frank Underwood – a não ser por sua escolha, no episódio 11, de uma igreja como esconderijo para uma conversa ilícita que travou com o lobista Remy Danton. O desdém pela “casa de Deus” (como a igreja é supersticiosamente concebida pela mentalidade secular) – agravado, quase ao patamar do prazer de afrontar, pelo fato de Frank folhear uma Bíblia enquanto conversa com Remy – é trivial. Podemos, sem prejuízo para o argumento, passar ao largo desse episódio e pular diretamente para a terceira temporada da série.
E aqui encontraremos imagens-chave do nível religioso da história deHouse of Cards, imagens vivas cujo simbolismo quase salta da tela.


            No quarto episódio, assim como no 13º da primeira temporada, Frank Underwood vai à igreja com a intenção de orar (por si mesmo e para si mesmo, sempre). Desta vez, antes de ficar a sós, ele tem um diálogo breve, mas profundo, com o pároco. Confessa, referindo-se ao Cristo cuja imagem, na crucifixão, está ao seu lado: “Por que Ele não lutou? Por que se permitiu ser sacrificado? Eu entendo o Deus do Velho Testamento, cujo poder é absoluto, que reina pelo medo, mas... Ele...” A resposta do pároco é brilhante: “Você não foi escolhido, Sr. Presidente. [E, apontando para o Cristo:] Só Ele foi”.[4]
            Como tenho sustentado, o motivo que leva Frank a se opor a Deus só pode ocorrer a pessoas imorais: ele nega as teodiceias clássicas em favor de uma teodiceia própria, em que ocupa o lugar de Deus e o perverte: o mal passa a fazer sentido quando lhe traz benefícios pessoais. Se tudo o que há somos “nós pequenos, solitários, lutando, brigando uns com os outros”, como é que alguém pode simplesmente se entregar à morte? Essa renúncia parece-lhe, antes de tudo, uma afronta a todos os demais, que, para ele, precisam se esfacelar mutuamente, não têm outra escolha senão enfrentarem-se com ferocidade. E tal necessariedade é implicada da urgência de se realizar os próprios desejos, a qualquer custo. No fundo, sua pergunta é: “O que Ele tem de especial para não se dobrar à nossa natureza de luta? Quem Ele pensa que é para escapar à tradição de nos guerrearmos? E por que as pessoas veneram covardes como Ele, e não corajosos como eu?”. E a resposta do pároco é o escândalo cristológico, o absurdo das teodiceias: Cristo é o eleito de Deus. O que significa dizer: antes que houvesse mundo, e portanto antes que o primeiro homem decidisse pecar, Deus já decidira se sacrificar. O que, por sua vez, significa: muito antes que você iniciasse sua busca por poder, e muito depois que você a terminar, Francis J. Underwood, Cristo já era e será escolhido. Não é verdade que em certos momentos de dor alguém precisa fazer a coisa certa, muito menos que esse alguém é você, e menos ainda que essa coisa é o mal: a única coisa que precisava ser feita pelo único homem já o foi. O momento crucial, como o nome indica, é o representado naquela escultura no altar da igreja. Como sabemos, Underwood conhece a instrução deixada pelo Cristo: humilhar-se, amar. Mas ele não pode conceber algo como um evangelho, uma boa notícia. Para ele, tudo que é pronunciado está sendo vendido, é uma moeda de troca, em última instância é a armadilha de um rival. E, quando o pároco se ausenta do templo, Frank diz ao crucificado:

Amor? É isso que está vendendo? Bem, eu não caio nessa.

E cospe no Cristo, como um fariseu do século I. Aliás: com a convicção esclarecida que faltou aos fariseus do século I. Estes cuspiram em Cristo por pensarem tratar-se de um homem petulante. Frank, o petulante, cospe no Cristo com a convicção de quem comete um agravo contra Deus. A face do Cristo é de uma tristeza compadecida, como só o eleito de Deus poderia esboçar. Frank não tem tempo para se entristecer. Ao tentar limpar o cuspe, a escultura cai e se despedaça. Frank pega a orelha quebrada: “Bem, Deus me ouve agora”. Talvez seja isso o que falta ao cínico para que possa amar a Deus: ele não tem o dom da tristeza.


            Além da pura trajetória política de Francis, há uma trama central do enredo que serve para escancarar os porões da verdadeira personalidade de nosso anti-herói e que, na terceira temporada, é alcançada decisivamente pelo elemento religioso: falo do casamento de Frank e Claire. Estes são, em geral, parceiros nas empreitadas com vistas ao poder, exceção um para o outro à regra da rivalidade generalizada. Trata-se, nalguma medida, dum oásis de hombridade em meio à conduta reprovável de Frank. Mas o casamento é sinuoso, em não poucos momentos o empenho em conquistar poder, que o sustenta, faz estremecer a relação, e tal como um oásis é normalmente percebido primeiro numa miragem, esse matrimônio é bruxuleante: Frank e Claire sentem a necessidade de, a cada sete anos, renovar seus votos, caso cheguem até lá.


O casamento é o melhor exemplo, no âmbito das relações humanas, da necessidade de cuidado meticuloso e renúncia constante.[5] Em religiões orientais como o budismo e o hinduísmo, a dedicação ascética a um trabalho delicado, conjugada à disposição a uma renúncia resignada, está representada nos rituais que cercam a mandala. Esta é uma ilustração de cores vibrantes, formas geométricas e simetrias, vagarosamente confeccionada com areia por monges. Concluída a ilustração, ela é ritualisticamente desfeita pelos monges e o material que a compunha é depositado num recipiente para depois ser despejado num rio.
            No sétimo episódio da terceira temporada, um intercâmbio cultural leva monges tibetanos à Casa Branca. Eles passam um mês ali, empenhados nos rituais de confecção e descarte de uma mandala. Frank, que não tem paciência com inutilidades, olha para o trabalho dos monges com ar de deboche.


Claire, a figura do casal que é capaz de em alguns momentos prestar atenção às inutilidades, interessar-se pelo belo, comover-se com expressões de humanidade, encanta-se com o trabalho dos monges.


            Cumpre relembrar: Frank e Claire sentem-se traídos não quando o parceiro se envolve sexualmente com outra pessoa (lembremo-nos da conivência de Claire com a relação entre Frank e a jornalista Zoe Barnes e de Frank com a relação entre Claire e o fotógrafo Adam Galloway), mas quando o parceiro falha na execução da sua própria parte do plano de conquistar poder ou o atrapalha na execução da parte que lhe cabe. A ONG de Claire e os projetos de lei do deputado Frank, e depois Claire como embaixadora da ONU e a política externa do presidente Frank, é que catalisam os atritos mais desgastantes na relação do casal. Mas Frank, sempre detentor de maior poder político, às vezes incide numa traição em que Claire, dada sua posição, jamais poderia incidir: é quando sua parte do plano não reserva nenhum papel ativo a ser desempenhado por Claire, senão o de uma subalterna, e, mesmo em prejuízo à parte do plano que cabe a ela, por muito tempo dedica todo o esforço à sua execução. Neste ponto, a simples recusa de Claire a participar de um evento político durante as disputas eleitorais torna-se para Frank, injustificadamente, uma traição grave. E é somente reagindo a tal traição que ele é capaz de ser agressivo e ao mesmo tempo olhar nos olhos de Claire: ele aperta seu rosto, machucando-o, e aproximando-se com um olhar desafiador, exige da esposa obediência.
            E, enquanto o episódio narra a renovação do matrimônio de Frank e Claire na igreja, os monges tibetanos desfazem-se da mandala.


Além do olhar de deboche, a outra iniciativa tomada por Frank em relação à mandala foi presentear a Claire com uma fotografia da ilustração, acompanhada de um bilhete em que se lia: “Nada dura para sempre – exceto nós”. Em última análise, trata-se da mesma postura: deboche. O matrimônio, a que Frank não dedica nem uma fração da meticulosidade com que os monges confeccionaram a mandala, deveria durar “para sempre” (i.e., até a morte) – mas tal não se daria, a menos que Frank se lançasse ao cuidado e à paciência dos tibetanos. Claire também não é uma esposa exemplar, mas, principalmente enquanto é ignorada por Frank em seus planos, abre-se à beleza, valoriza as inutilidades e evita embates com o marido, que é tão claramente avesso a tais ideais.
O que faz com que Frank acredite que sua relação com Claire escape à lei da finitude, se ele não trabalha para tanto? Essa é uma crença supersticiosa, de alguém que foi cegado pela ânsia de poder: a manutenção desse matrimônio, por peculiar que ele seja, serve acima de tudo para alimentar seu orgulho, para evitar problemas desnecessários enquanto objetivos “maiores” lhe ocupam toda a mente, para provar a si mesmo que é um líder. O casamento entre Frank e Claire fundamenta-se no poder abstrato, e por isso é um castelo de cartas.


Sem saber, Frank impulsionou o sopro que faria desmoronar o castelo de seu casamento quando presenteou sua esposa com uma fotografia da mandala. Sua conduta se baseia na teodiceia pervertida, na ilusão de que faz, e só faz, o que deve ser feito. Quando olhou altivo para o verdadeiro eleito, sua reação foi cuspir. Mas quando, no último episódio, sua esposa olha abatida para a fotografia da mandala, que lembra a vanidade da vida, isso lhe inspira a livrar-se de quem foi iludido pelo poder abstrato. A reação de Frank perante a morte é agarrar-se ao poder, a reação de Claire perante a morte é livrar-se de Frank. Quando Claire faz o que Frank não tem paciência de fazer – olhar para as inutilidades –, ela não pode mais suportar estar a seu lado.

Creio ter assim apresentado uma chave interpretativa esclarecedora, embora obviamente não a única possível, nem necessariamente a mais importante, para a série House of Cards. No mundo em que a dor e o sofrimento são um fato, e em que a política é um exercício de conciliação de vontades, uma narrativa inteligente e de personagens complexas nos escancara o estado natural da cidade dos homens: é um estado de rivalidade mútua, cinismo público e inimizade contra Deus. O homem que foi cegado pelo poder abstrato não é capaz de encarar a derrota, e por isso mesmo nega as teodiceias para criar a sua própria, pervertida, mágica, supersticiosa, em que faz sentido tudo que cumpre seus propósitos. Mas há um ponto fraco nesse modo de vida: basta olhar para as inutilidades, a beleza, a tristeza – com as quais ele não tem paciência –, para ficar clara sua futilidade. Toda construção que tem o poder abstrato por fundamento é um castelo de cartas, que haverá de ruir. Já a cidade de Deus não é feita de cartas. Ela prescinde de nossos interesses, estratégias e acordos. Suas colunas são firmes, e num de seus arcos está escrito: bem-aventurados os que choram. “Aquele que se humilhar será exaltado”.



[1] Pareço não estar distante da posição de Beau Willimon, o criador da série:https://www.youtube.com/watch?v=i8j_7vchHEU
[2] “Duas catedrais”, último episódio da segunda temporada da série The West Wing (A Ala Oeste, em tradução literal; Nos Bastidores do Poder, como foi traduzido no Brasil pela Warner), transmitido em maio de 2001 pela NBC, em que o personagem Presidente Bartlett passa por uma crise de fé, duvidando não da existência de Deus, mas de Sua bondade.
[3] Apenas faço questão de apontar para o contraste de um quadro que exiba, num lado, a relação de Underwood com Deus e, no outro lado, a relação da desesperada Rachel com Deus: esta, que é um alvo indireto (o que não significa afetado menos contundentemente) das maldades de Underwood e seu capacho Doug, que não é alguém em poder de causar grandes males a grande quantidade de pessoas, mas alguém rodeada de tragédias causadas por pessoas mais poderosas, se compraz fervorosamente nas teodiceias.
[4] Noutro ótimo artigo sobre a religião em House of Cards, “‘Idon’t buy it’: the Gospel according to Frank Underwood” [“‘Eu não caio nessa’: o Evangelho segundo Frank Underwood”], Cathleen Falsani diz – e eu endosso: “Que bela articulação da teologia cristã! Na primeira vez em que assisti ao episódio, eu literalmente bati palmas. É tão raro atualmente que a cultura popular tenha contato com boa teologia”.
[5] Não são nada irrelevantes na construção do personagem o fato de Frank não conseguir fazer sexo com Claire olhando para o rosto dela e sua afeição (no que é seguido pela esposa) por formas “coletivas” de sexualidade. Mas, embora numa cultura cujas mentes são maciçamente tributárias a Freud as preferências sexuais tendam a ser alçadas à posição de características sumamente reveladoras do caráter dum sujeito, creio que o traço da personalidade de Frank revelado por aqueles dados de sua atividade sexual é também, e mais claramente, revelado por sua conduta como marido fora da cama.

sábado, outubro 20, 2012

Mais Espírito Santo e menos politica no púlpito da Igreja Evangelica

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João Cruzué*

Estou escrevendo este artigo a uma semana da decisão do segundo turno das eleições paulistanas. Um dos maiores embates políticos da  nação. De um lado está o autor  "kit gay" e do outro, um vovô cuja esposa cortou o cabelão para evitar o rótulo de crente. Bem, eu vou aproveitar este momento para fazer uma crítica quanto ao futuro da  Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Naturalmente, nem tudo que vou  escrever vai agradar aos leitores deste blog, uma vez que não sou, nem pretendo ser, o dono da verdade - que não é outro, a não ser Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Dito isto, vamos adiante.

Na Rede TV, em São Paulo -Capital, hoje não está sendo veiculado o programa Vitória em Cristo - do Pastor Silas Malafaia.  Não foi ao Ar o programa da Igreja Presbiteriana, nem os 15 minutos do Pastor Jabes, nem o programa do Pastor Silas - das 09 às 10:00 h. Nada. Desconfio de que  deve ter alguma liminar, alguma coisa que barrou o programa do pastor. Esta reação, com certeza, tem a ver com a fala do Pastor Silas Malafaia, que extrapolou o limite do bom senso.dizendo uma grande  besteira: Que iria "arrebentar" com Haddad nas urnas com o assunto do kit gay.

Não vai. 

E não vai porque o que está em questão não são  assuntos religiosos, mas as coisas inerentes ao próximo governo político de uma metrópole  com 11,3 milhões de pessoas.  Pastor Silas se esqueceu da máxima de Jesus Cristo. Dai a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus. Cada um no seu quadrado.

O povo pode ser ignorante, mas quando descobre a verdade ele não é burro. Celso Russomano não foi para o segundo turno, em São Paulo, porque o conceito que o povo hoje tem da Igreja Universal e do Bispo Macedo é péssimo. Se fosse bom, como no tempo em que o Senador Crivella financiou com sua voz o desenvolvimento da Fazenda Canaã, a história de Russomano teria sido outra.

Creio que a  função principal da Igreja é fazer política, senão ser  sal para conservar a  terra que se vai corrompendo dia a dia. A Igrerja não foi instituída por Jesus Cristo para o governo secular da Terra, mas para anunciar o Evangelho aos habitantes do reino espiritual do pecado e da CORRUPÇÃO carimbar seus passaportes para o Reino de Deus , àqueles que aceitarem de bom grado a palavra da salvação.

 Quando uma liderança da Igreja ultrapassa a linha do bom senso, o resultado é um tiro no pé - e má fama para a Igreja. Foi isso que o Pastor Silas fez. Achou que faria a diferença se convidando para um debate que não era da sua conta.  Eu posso criticá-lo, porque sou contribuinte do seu Ministério. Como neste momento ele deve se achar que tudo que faz e diz está   acima  qualquer crítica, não vai ouvir ninguém.

A Igreja Evangélica do ramo pentecostal, que era completamente alienada da política, tomou gosto pela coisa, e pendeu para o outro extremo -  ser um dos agentes principais do próprio processo político. Ora, o bom senso não está nos extremos. A Bíblia diz assim: que aquele que milita, não deve se embaraçar com os negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a "guerra". Guerra contra as trevas espirituais. O curioso é que, aqueles que ensinam a Bíblia, costuma não ter tempo aferir se estão seguindo a Bíblia.

Fernando Haddad vai ser o próximo prefeito de São Paulo. Eu não vou votar nele. mas, vai ganhar a eleição com um "pé nas costas". E vai ganhar porque a periferia da Cidade ficou abandonada. O povo neste momento não está preocupado com kits ou coisas parecidas, mas com  a Saúde - que não funciona; com o trânsito, que está travado; com a segurança, em uma cidade em que até a própria polícia não tem segurança. Diante disso o assunto do kit gay do Pastor Silas é coisa terciária, foi isso mesmo que várias lideranças evangélicas paulistanas pesquisaram e concluiram.

Penso que  pregação contra o kit gay, neste momento, é  tranca em porta arrobada. E deixando o Pastor, para falar sobre a Igreja evangélica - e principalmente a Assembleia de Deus, o que ela deveria ter feito - não fez - mas,  ainda há tempo de fazer - é trabalhar em um projeto evangelístico  nacional de cunho SOCIAL, levando o Cristo COM MAIS ENTUSIASMO tanto para cada coração paulistano quanto brasileiro.

A Assembleia de Deus está perdendo mais tempo com projetos políticos e  com sua própria política eclesiástica (Eleições da CGADB)  do que com o  objetivo que a tornou a maior Igreja Evangélica brasileira.  JESUS SALVA, JESUS CURA, JESUS LIBERTA E LEVA PARA O CÉU. A Assembleia de Deus trocou o principal pelo secundário, com um agravante: ela veio da classe "D" e "E" para a classe "C". Mas, à medida que vai se afastando da pobreza, vai construindo um muro alto para não mais ver a pobreza que ficou do outro lado.

O que a Igreja precisa é de um grande projeto de evangelização pessoal. Mas não é isto que está sendo desenhado nos bastidores da Igreja. Ela está encantada com o poder político, segue pelo mesmo caminho da Igreja Católica que já quebrou a cara com isto.
Há uma verdade inequívoca que não pode ser DESMENTIDA: os agentes do tráfico de drogas em São Paulo e nas grandes cidades brasileiras têm  conquistado mais jovens e adolescentes para mercadejar o pó, do que a Igreja Assembleia de Deus tem trazido para dentro de seus templos para cantar nos grupos de jovens. E alguém já disse com muita propriedade: que os nomes dos jovens encarcerados de hoje são muito esclarecedores. E  digo mais, se alguém fizer uma pesquisa entre os fiéis que descem às águas dos tanques batismais assembleanos, vai constatar que na verdade a esmagadora maioria veio das próprias famílias.

A Igreja Evangélica Assembleia de Deus está se distanciando dos pobres e necessitados, porque está perdendo a sentimento da solidariedade como na parabola do bom samaritano. Os olhos de suas lideranças no momento estão mais entusiasmados com o poder político, construção de grandes templos e com a  eleição da  presidência da CGADB em 2013.

Isto é uma vergonha. Do que adianta ter 12 veradores evangélicos na Câmara  Municipal se  o entusiasmo dos jovens crentes está se arrefecendo, a  periferia não se vê mais a ação da Igreja que está sendo substituída pelos "missionários" do tráfico de drogas? Porque a Igreja não está funcionando? Uma provável resposta é: porque os fiéis se animam com os projetos de suas lideranças. E, quando há mais campanha política no púlpito do que o fogo do Espírito Santo, o resultado não poderia ser diferente - a PERDA DE CREDIBILIDADE! Diante da mocidade da Igreja e diante da sociedade.

Portanto, menos projetos políticos, menos política eclesiástica  e mais Espírito Santo nos púlpitos  e mais Evangelho para os pobres - para quem saiam da pobreza, pois antes da  Educação o que mais redistribui  renda em qualquer país é a aceitação do Evangelho. Onde Jesus entra, a miséria vai embora e a pobreza vai sendo combatida.




João Cruzué, é agente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo Presbítero da Igreja Assembleia de Deus e Diretor da Academia Brasileira de Blogueiros Evangélicos.




segunda-feira, setembro 12, 2011

A corrupção de nossa sociedade e a manifestação dos (verdadeiros) Filhos de Deus



Na imagem acima, Collor, Sarney e Maluf, três abnegados 'heróis' da Pátria, três variados exemplos do 'melhor' de nossa raça... Três intocáveis, uma trinca de ases de um baralho viciado, no jogo de poker sujo em que se tornou nossa política. Eleitos com milhares de votos, e muitos destes votos, de cristãos. E, vergonha nossa!, reeleitos - também com muitos votos cristãos. 

Quando despertaremos de nossa sacrossanta alienação? Onde estão nossos candidatos, aqueles que representem não apenas nossos 'interesses' enquanto segmento social, mas nosso PADRÃO MORAL? Temos a Marina Silva, o Magno Malta... e mais quem? Ano que vem temos eleições. Já é tempo de começarmos a nos informar e articular.

Abaixo um texto para nossa reflexão, da filosofa e escritora Ayn Rand, que nada tinha de cristã, mas que pelo visto sabia das coisas:

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”. Ayn Rand

Para acrescentar, mais um texto clássico, desta vez de nosso compatriota Rui Barbosa, a grande Águia de Haia:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."
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Uma ação efetiva da igreja, na figura de cada um de seus membros, se faz cada vez mais premente e necessária. Enquanto muitos cristãos se alienam ou lavam as mãos, nossa sociedade desaba. Alguns pastores recusam-se a falar de política. Em sua boa-fé não percebem que assim podem estar ajudando a condenar a sociedade na qual estamos todos inseridos - privando esta sociedade da participação ativa de alguns de seus melhores cidadãos. Já disse com toda a propriedade o economista inglês Arnold Toynbee: "O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam."

A atuação política não é de maneira nenhuma incompatível com a vida e a atuação eclesiástica. Você pode dizer: 'Claro que mil vezes é melhor realizar a direta Obra de Deus do que se ater a questões deste mundo', mas como grande Corpo, cabe a cada um exercer um papel. Ou múltiplos papéis. Nossa missão é integral, e se manifesta não apenas na pregação do Evangelho, mas por meio de ações que promovam o bem-estar da comunidade: o Evangelho todo, para o Homem todo (em todos os aspectos de sua vida). 

Faça o seu melhor como cristão e cidadão de direito - dê o exemplo - cobre - proteste - denuncie! E tenha fé e coragem para lutar pela ocupação dos espaços políticos através dos cargos eletivos - a uma sociedade desesperançada, que acha que a corrupção já não pode ser vencida, mostremos o valor do verdadeiro cristianismo, pois você e eu, contra tudo e contra todos - somos (ainda e até o fim) a luz do mundo.

Sammis Reachers
*Este texto pode ser livremente republicado.

domingo, setembro 19, 2010

Pela quebra do sigilo fiscal dos partidos, candidatos, coordenadores de campanha e ocupantes de cargos públicos - Zé Maria inicia o debate

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 Amados irmãos, já a princípio compartilho que meu voto para Presidente vai para a Marina Silva. Mas a proposta que vocês lerão abaixo, do candidato à Presidência Zé Maria (PSTU), sobre a quebra do sigilo fiscal dos partidos e candidatos, merece todo o nosso apoio. 

De minha parte creio mesmo que o golpe mortal na corrupção generalizada que assola o máquina pública no Brasil (em todas as esferas possíveis e imagináveis) passa pela sistemática quebra dos sigilos bancário e fiscal dos candidatos a cargos públicos, sejam cargos eletivos, ou sejam cargos concursados (neste caso em especial os de policiais e do judiciário, além de cargos classificados como de confiança). 

Claro, em tal realidade os 'atingidos' pularão nas tamancas e escoicearão, mas a caravana da Justiça não pode parar. É preciso dar um basta, e, a pagar-se o preço necessário, podemos sim reduzir a níveis mínimos (em face dos atuais) a corrupção que ora grassa. 

Lembremos do caso da Lei da Ficha Limpa. Tudo começou com uma idéia, e um esforço de mobilização. Vamos pensar, propor, compartilhar e debater estas idéias. Podemos mudar radicalmente nosso maquinário público, e dar exemplo para todo o planeta.

Sammis Reachers 

Abaixo  o texto do Zé Maria:

Pela abertura fiscal de todos os candidatos

Zé Maria

Muitas pessoas têm perguntado qual minha opinião sobre essa baixaria que se estabeleceu entre a Dilma e o Serra. Nossa resposta é firme: se não há irregularidades, não há por que temer. Os dados fiscais de todos partidos e candidatos devem ser abertos, ter ampla divulgação, para que a população possa ter acesso a essas informações.

De qualquer forma, nada justifica as ações do PT. Esse partido, que chegou ao poder pela confiança dos trabalhadores, utiliza o aparelho do Estado para obter informações de seus adversários. É o vale-tudo eleitoral. Não é a primeira vez que caso como esse acontece. Em 2006, o PT já protagonizou o escândalo dos aloprados, quando surgiu um dossiê sobre os gastos pessoais de FHC, produzido dentro da Casa Civil, quando Dilma era ministra. Até hoje, ninguém foi punido.

Mas Serra também tem o rabo preso. É por isso que quer manter o sigilo fiscal. O problema começa no financiamento de campanha. Os grandes bancos e as grandes empresas dão dinheiro para as campanhas eleitorais e depois cobram a fatura.

O PT e o PSDB carregam nas costas escândalos de corrupção. Quem não lembra do mensalão do PT em 2005? Ou do panetone do Arruda, governador do Distrito Federal, no ano passado? É o sujo falando do mal-lavado.

No entanto, os trabalhadores não têm o mesmo direito ao sigilo. As informações sobre as suas vidas, seus dados, podem ser facilmente comprados nas grandes cidades. Neste dia 15 mesmo saiu na imprensa uma denúncia de que a polícia civil de São Paulo quebrou o sigilo criminal daqueles que tentaram emprego na Petrobras. Fizeram isso durante dez anos a pedido da empresa!

O PSTU não teme. Defendemos o financiamento público de campanha e não nos corrompemos aceitando dinheiro de empresas e bancos: nossa campanha é financiada pelos trabalhadores.

Reafirmo: é preciso acabar com o sigilo fiscal dos partidos, candidatos, coordenadores de campanha e ocupantes de cargos públicos.

via http://www.zemariapresidente.org.br