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sábado, outubro 20, 2018

segunda-feira, julho 14, 2014

Quem inventou o cristianismo não foi Constantino – nem Caio Fábio


Texto publicado originalmente no blog Teologia Pentecostal.

Eu confesso: a entrevista de Caio Fábio ao “TheNoite” (SBT), de Danilo Gentili, me surpreendeu. Surpreendeu-me positivamente, sim, quando o entrevistado insistiu que o profeta Jonas pode ter sido literalmente engolido por um grande peixe e que há possessões demoníacas reais. Isso mostra que Caio não é exatamente um liberal. Surpreendi-me negativamente também, quando ele contou com naturalidade um caso de abuso sexual que sofrera na infância, como fosse uma experiência saudável e recomendável. O flerte com o marcionismo (google it) já não me surpreende. Tampouco o linguajar agressivo – que não é menos contraproducente em personas pretensamente “intelectualizadas” como Caio Fábio do que em figuras mais vulgares como Silas Malafaia ou Datena. Ainda que Caio faça críticas certeiras e necessárias à religiosidade popular evangélica, sua arrogância latente e seu estado de “imponderabilidadequântica” (sic) quase sempre o levam a cometer gafes pueris. Surpreendi-me negativamente principalmente quando o entrevistado, que já estudou a fundo Francis Schaeffer e teve contato com obras de gente como Louis Berkhof, soltou um clichê imperdoável vindo de um homem de estudos: “o cristianismo”, asseverou ele, “é uma invenção de Constantino”.

Eu sei, Caio Fábio não é um “homem de estudos” no sentido “newtoniano” (sic) da palavra, e provavelmente me responderia que Jesus é a chave hermenêutica dos estudos. De fato, Jesus é a chave hermenêutica dos estudos, da Bíblia, de mim, de você. Por isso mesmo, os estudos, a Bíblia e tudo o mais devem ser levados a sério. Mesmo porque há que se reconhecer que Caio Fábio em algum lugar estudou (bem ou mal) esses equívocos que dissemina. Ele não os inventou. E hoje jovens revoltados – sem saber muito bem com o quê – que acreditam na primeira informação que a Wikipedia lhes traz repetem clichês como o supracitado aos borbotões.

Quem, no século passado, dizia algo semelhante ao que disse Caio, mas com elaboração mais refinada, era John Howard Yoder, um anabatista americano, professor na Universidade de Notre Dame, crítico de Reinhold Niehbur. Outro professor de ética cristão com convicções pacifistas, antinacionalistas e, por assim dizer, anticlericais, que recebe grande influência da obra de Yoder, é Stanley Hauerwas, autodenominado pós-liberal. Ele atua ainda hoje, também em Notre Dame; certa vez, chamou a sola scriptura de heresia; defende a teologia narrativa; como intelectual público, fez participações no programa da Oprah Winfrey. Não, não tenho implicância com teólogos que participam de talk shows. Reconheço, Hauerwas é mais profundo que Caio Fábio: também recebe a saudabilíssima influência dos gigantes Dietrich Bonhoeffer e Alasdair MacIntyre (este, ainda vivo).

Pois bem. É em resposta a Hauerwas e, principalmente, Yoder (autor de “The Politics of Jesus” [“A Política de Jesus”]) que surge o livro “Defending Constantine: The Twilight of an Empire and the Dawn of Christendom” [“Defendendo Constantino: O Crepúsculo de um Império e o Alvorecer da Cristandade”] (IVP Academic, 2010), de Peter J. Leithart. Os acólitos de Caio Fábio que queiram se aprofundar nos estudos da História da Igreja fariam bem em acompanhar o debate que o livro desencadeou. Em tempo: Caio e outras figuras do meio teológico evangélico gostam de ostentar as acusações e perseguições que sofreram. Leithart já foi acusado de heresia pelo presbitério da PCA (Presbyterian Church of America). Foi inocentado. Não tem medo da polêmica (escreveu há pouco tempo, na First Things, o excelente artigo “The end of Protestantism” [“O fim do protestantismo”]; talvez o título nos traga à memória um “Deus nos livre de um Brasil evangélico”, de outro figurão tupiniquim – a diferença é que o artigo deste último é pouco mais que um esbirro de ideologia política), mas também não tem medo de estudar e pensar com seriedade ao mesmo tempo em que professa a fé na una e santa Igreja universal.

Quem diz que “o cristianismo é uma invenção de Constantino” está querendo dizer uma de duas coisas: ou que o estabelecimento do núcleo de dogmas e doutrinas que até hoje é considerado a ortodoxia cristã (é a prática comunitária disso que eu preferencialmente entendo por cristianismo) foi decisivamente influenciado por Constantino, que o teria paganizado (parece ser essa a intenção da fala de Caio Fábio, que também menciona a crença numa deusa romana como componente da mixórdia que haveria originado esse “cristianismo”); ou que, antes de Constantino, os cristãos associavam-se e agiam com certa espontaneidade que lhes autorizava a pensar como Caio Fábio pensa hoje, a saber, que “Igreja sou eu, é você” (resposta que ele deu a Danilo Gentili, quando este lhe questionou se o movimento Caminho da Graça não acabaria por se transformar numa igreja como as outras), e que, após Constantino, essa espontaneidade acabou.

Vejamos de perto cada uma das duas hipóteses, a partir da contribuição de Peter Leithart.

Constantino paganizou a fé em Cristo?
O livro de Leithart é uma biografia de Constantino, mas é também uma análise da crítica de Yoder ao que este chamava “constantinianismo”: a tendência teológica moderna de se achar que os Estados nacionais (ou ao menos um deles) devem caminhar para uma “cristianização”, a fim de que o Reino de Deus se estabeleça na Terra. Em termos teológicos: trata-se do reconstrucionismo pós-milenista, comum em alguns círculos calvinistas. Muitos alegam que Schaeffer tendia a essa posição. O famoso teólogo arminiano Roger Olson, em sua resenha do livro deLeithart, pondera que este também pende ao reconstrucionismo – embora o livro ainda seja, nas palavras de Olson, “altamente recomendável”.

Mas Leithart não discorda integralmente da crítica de Yoder. Hauerwas diz que “Defending Constantine” é “um livro importante”, cuja crítica seria “apreciada e levada a sério por Yoder”, e desabafa: “Como um pacifista, eu não poderia esperar um parceiro de diálogo melhor que Peter Leithart. Deus é bom”. Podemos dizer com tranquilidade que não é preciso ser um reconstrucionista para apreciar “Defending Constantine”. Tanto é assim que a resenha de Stanley Hauerwas é quase integralmente um elogio ao livro, em que, segundo ele, inegavelmente o autor fez sua “lição de casa” histórica: foi rigoroso nas pesquisas que o levaram a reconstruir uma figura tão polêmica como a de Constantino. De fato, a tese é de que a imagem que popularmente se tem do imperador (de um inescrupuloso que se aproveitou da religião cristã por interesses políticos e, de quebra, paganizou a Igreja) é por demais simplista, já que Constantino – como, na verdade, todos nós – foi um ser humano cheio de complexidades.

Podemos todos partir de um ponto em comum: a relação entre o império romano e os cristãos a partir de Constantino foi mesmo problemática para nossos padrões atuais. Mas a primeira pergunta a se fazer, após constatar-se isso, é: os padrões modernos são válidos para se julgar um procedimento do século quarto? Ou, mais pontualmente: poderia ter acontecido de modo diferente após a conversão de Constantino? Parece-me que a resposta é obviamente não. E é nessa direção que caminha Peter Leithart. Nas palavras de Roubert Joustra, em sua resenha de “Defending Constantine:

Constantino viu sua religião como um continuum integrado com sua política. Ele não usou a religião para unificar seu império, como se fosse algum tipo de externalidade. A religião e suas funções estavam vinculadas à vida romana pública e privada. Portanto, a conversão de Constantino também significou mudança política; não por causa de alguma mistura original, odiosa de teologia e império, mas porque a Roma do quarto século não conhecia nada diferente.

Aqui começa a se desnudar a deficiência fundamental da tese de que “o cristianismo é uma invenção de Constantino”: falta-lhe a consciência histórica, absolutamente fundamental no processo de maturação intelectual de qualquer indivíduo. A aliança entre o império romano sob Constantino e a Igreja não foi friamente conspirada por bispos sedentos de poder e o imperador. Foi uma decorrência natural da conversão de Constantino.

Sua conversão foi sincera? O império melhorou em algum aspecto após a “cristianização”? Leithart argumenta que sim – e “convincentemente”, segundo a adjetivação de Hauerwas. Ele aponta que, após a visão de Constantino da cruz com a frase “In hoc signo vinces” (“Sob este símbolo vencerás”), o helênico se tornou um cristão verdadeiro e, tendo compreendido que Jesus era o fim do sacrifício, “dessacrificiou” a ordem política romana. É bom lembrar que, ao contrário do que muitos dizem, não foi o edito de Milão (do ano 313) que tornou o cristianismo a religião oficial do império romano, mas o edito de Tessalônica, publicado em 380 por Teodósio. O primeiro apenas tirou os cristãos da clandestinidade. Mas Leithart não pretende isentar o governo de Constantino de erros. Pelo contrário: a imagem que ele usa é de que o império sob Constantino recebeu a Igreja dentro de si e permitiu ser batizado por ela; tratando-se de um “batismo infantil” (não uma conversão repentina ou completa), ele foi apenas um começo.

A avaliação do historiador Eusébio de Cesareia é mais entusiasmada:

Assim, depois que toda a tirania havia sido finalmente purgada, o império foi com justiça conservado firme e sem rival a Constantino e seus filhos. Os quais, em primeiro lugar eliminando aquela inimizade contra Deus mostrada pelos governantes anteriores, sensíveis às misericórdias a eles conferidas por Deus, também mostraram seu amor pela religião e por Deus, com  devoção e gratidão a Ele pelas obras e operações que apresentaram à vista do mundo inteiro. (CESAREIA, Eusébio de. “História Eclesiástica: Os Primeiros Quatro Séculos da Igreja Cristã”. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 403).

Muitos dizem que o entusiasmo de Eusébio se deve a uma simpatia do historiador à posição de Constantino na polêmica ariana. Já chegaremos nesse ponto. Por ora, prefiramos a apreciação comedida de Leithart. Mesmo porque não é preciso gostar do governo constantiniano para negar que ele tenha paganizado a fé cristã. Nosso ponto é mais elementar.

O que permanece agora é a pergunta: a mistura Igreja-império, que para Roma parecia natural, não foi prejudicial à fé cristã? A Igreja não piorou em algum aspecto após sua “imperialização”?

No aspecto administrativo, sim. A Constitutum Donatio Constantini (Doação de Constantino) é um emblema de que a dependência da capital do império por parte da Igreja se agravou – ao ponto de, quando da sua mudança para Constantinopla, ter-se o germe do Grande Cisma do Oriente. Mas o próprio cisma, e futuramente a Reforma Protestante, são sinais de que a piora não foi irreversível.

Outras arbitrariedades, e estas gritantemente banais, que se condena na era Constantino são a construção da Igreja do Santo Sepulcro onde antes havia o templo de Afrodite e o estabelecimento da Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera. Bem, não posso conceber que alguém em sã consciência considere essas duas instituições definidoras do cristianismo. Elas são uma construção e uma data contingentes que nos lembram a nós, seres contingentes, da única coisa necessária: Cristo. Essas instituições só são “necessárias” por causa do homem, por causa de mim, por causa de Constantino. Não deve haver espanto, muito menos condenação, em que Constantino influenciasse no estabelecimento delas.

Lembremo-nos de que o “continuum integrado” do qual nos fala Joustra parecia natural também à Igreja. Mais tarde, partes dela, em momentos e lugares diferentes, perceberiam seus desvãos administrativos. Mas, no século IV, eu e você não gritaríamos: “Vejam só, Constantino está criando algo que o Senhor jamais criaria, e isso se chamará cristianismo!” Primeiro porque, se de fato o cristianismo só tivesse se iniciado com a aliança da Igreja com o império, nós não perceberíamos o evento já na época em que ele ocorreu. Ainda não teríamos lido Montesquieu, John Locke e Hobbes, nem Tomás de Aquino ou Agostinho, o qual contava 17 anos de vida quando Constantino veio a falecer. Somos, tanto quanto os fatos históricos, contingentes.

E, em segundo lugar, porque o cristianismo não se iniciou com Constantino. Para percebê-lo, façamo-nos a pergunta: quanto ao conteúdo da fé, a Igreja piorou com o governo constantiniano? Ela foi, poder-se-ia insistir, paganizada? Resposta: de maneira nenhuma. Consultemos o credo resultante do Concílio de Niceia, que Constantino convocou, e o confrontemos com as crenças pagãs daquela época. Sobre Cristo, o Credo afirma:

[Cremos] em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria, e foi feito homem; e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele padeceu e foi sepultado; e no terceiro dia ressuscitou conforme as Escrituras; e subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim.

Escreve Oskar Skarsaune:

Certamente os pais de Niceia não “helenizaram” a cristologia com seu credo. Já vimos como era ofensiva a simples ideia do Deus real encarnar-se, e mesmo sofrer, em contexto helênico. Em Niceia, a igreja confessou que o Filho, um ser único com o Pai, sofrera de fato. Não havia como abrandar isso recorrendo-se à explicação de que a divina natureza do Filho era menos divina ou de caráter semidivino. Em Cristo Deus sofreu. Isso era algo tão repugnante para um helenista como para qualquer outra pessoa, porém os pais de Niceia entenderam ser essa a doutrina da Escritura. (“À Sombra do Templo: As Influências do Judaísmo no Cristianismo Primitivo”. São Paulo: Vida, 2004, p. 348).

O helenismo tendia, isso sim, ao arianismo – i.e., à tese de que Jesus não era eterno, mas apenas um homem superior. Posição que, aliás – e aqui voltamos ao tema que, quando citamos Eusébio de Cesareia, ficou suspenso –, contava com a simpatia de Constantino. Foi ele quem obrigou o bispo de Constantinopla a readmitir Ário como cristão. Se o cristianismo foi paganizado em Roma, por que, então, o Credo de Niceia desafia frontalmente o status quo helênico? Se Constantino influenciou na elaboração do Credo (e não apenas convocou o concílio que o estabeleceu), por que sua opinião foi rejeitada?

A associação automática que se faz entre posições ortodoxas e pessoas que estão no poder é um cacoete intelectual tipicamente moderno. Leva-se quase que como um axioma insofismável, um princípio autoevidente, que é do interesse do poder preservar a ortodoxia e perseguir os hereges. Alister McGrath desmonta esse cacoete em “Heresy: A History of Defending the Truth” [“Heresia: Uma História da Defesa da Verdade”]. Não são raras as vezes em que os hereges é que estão no poder, e os ortodoxos é que são perseguidos. Foi o caso da polêmica ariana na época de Constantino. E, para não parecer que se tratou de um desmando exclusivo desse imperador, lembremo-nos de que Atanásio, bispo de Alexandria e oponente dos seguidores de Ário, foi por causa desse posicionamento exilado nada menos que cinco vezes: uma pelo próprio Constantino, outras duas por seu filho Constâncio II, mais uma por Juliano e a última por Valente.

Só há uma explicação possível para a tamanha persistência de Atanásio: Constantino não estava criando uma coisa nova chamada cristianismo, mas se relacionando com algo que já existia antes dele e continuaria a existir depois que seu governo acabasse. Essa relação poderia ser boa em alguns sentidos e ruim em outros. E esse algo era o cristianismo.

Constantino alterou o modo de vida dos cristãos primitivos?

O segundo sentido possível para a frase “O cristianismo é uma invenção de Constantino” seria o de que, a partir desse imperador, a comunidade cristã perdeu sua dinâmica, engessou-se. Decorre um julgamento semelhante da tese do pacifista John Howard Yoder de que, antes de Constantino, os cristãos eram pacifistas quase que no sentido moderno, e repudiariam a política constantiniana – que se pretendia cristã, mas era bastante belicista. Leithart procura demonstrar historicamente que as coisas não foram assim, e que mesmo antes de Constantino os cristãos não se deixavam nortear unilateralmente por algum princípio semelhante a “Jamais ore para que alguém vença uma guerra”. A tese do pacifismo pré-constantiniano servia de ponto de partida para que Yoder sustentasse que, de maneira geral, com Constantino o cristianismo iniciou uma paulatina decadência. Terá sido mesmo assim?

Antes de prosseguir, notemos que não se pode menosprezar os debates teológicos de caráter mais teórico para afetar que esta discussão se dá entre “os verdadeiros espirituais que preservam a dinâmica dos cristãos primitivos” e “os carnais que apostataram do espírito cristão inicial, trocaram-no por doutrinas humanas e, ainda por cima, estabeleceram estas doutrinas como a ortodoxia” (expediente comum entre caiofabianos). Definitivamente não é esse o panorama real. Por exemplo, quando Caio Fábio diz que o autor da carta aos Hebreus dá por certo que a obra de Cristo faz o Antigo Testamento caducar, está implícito aqui um pressuposto que não pode ser depreendido apenas de um “estado de espírito”. Trata-se de uma doutrina clara (que Caio, talvez inconscientemente, estabelece como a ortodoxa): o Novo Testamento anula o Antigo. Trata-se do marcionismo, que já foi declarado como heresia pela Igreja.

É aqui que os anticlericais se escandalizam: “Como um grupo de pessoas tem o desplante de se autodeclarar a Igreja? E de determinar o que é e o que não é heresia?!” A réplica é logicamente inescapável: “Como vocês têm o desplante de se autodeclarar a verdadeira Igreja, mais fiel a Cristo que a ‘falsa’? E de determinar que o que a outra Igreja chama de ortodoxia é que é heresia?!” É a pergunta de Danilo Gentili que deve ecoar sempre nas mentes de quem declara guerra à Igreja: “Mas esse movimento de vocês não se torna também uma igreja?”

Os atos da Igreja no sentido de definir a doutrina ortodoxa e combater os ensinos heréticos não começaram com Constantino. Paulo e João, em suas cartas, opõem-se duramente ao gnosticismo. Semelhantemente, se os cristãos primitivos não se reuniam em templos, era unicamente porque a perseguição não lhos permitia; ainda assim, o autor da carta aos Hebreus insta-os a não deixarem de congregar nas casas que lhes serviam de templos. E, por fim, os erros administrativos da Igreja na época de Constantino ou em qualquer outra época são erros dessas épocas. Assim como Paulo errou ao desistir de João Marcos numa viagem missionária. Quando a Igreja cresce, seus problemas e as consequências destes também crescem. Devemos aprender com eles, evitando-os, porque estamos sujeitos a repeti-los; mas sem condenar apressadamente quem originalmente os cometeu. “Aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” Essa é a dinâmica da Igreja. Os erros que se comete dentro dela não invalidam sua própria instituição, não invalidam o próprio cristianismo.

Ademais. Se por “institucionalização” ou “criação” do cristianismo se entende o estabelecimento de uma ordem ministerial, a sistematização de uma doutrina, o diálogo com as culturas etc., julgá-la um mal só pode ser uma piada de mau gosto. No princípio da cristandade, é verdade, os cristãos, poucos que eram, podiam confessar e comunicar sua fé apenas reportando-se ao fato Jesus de Nazaré: seu nascimento virginal, seus milagres, sua morte na cruz, sua ressurreição corporal e sua ascensão ao céu. Isso é o Evangelho: um acontecimento, um evento. É essa a ordem, aliás, do surgimento de todas as religiões e crenças que já existiram. Primeiro o mito (que não necessariamente é algo irreal; aqui, uso o termo apenas no sentido de “acontecimento surpreendente” que, sendo disseminado, impacta o imaginário de toda uma comunidade), depois – se e quando necessário – a sistematização de sua doutrina. Foi assim que aconteceu na História porque é assim que o funcionamento da nossa mente requer que aconteça. Mesmo doutrinas que não partem de uma revelação – por exemplo, filosofias pagãs – só puderam surgir depois de a comunidade já compartilhar de um imaginário mais ou menos homogêneo, com signos comuns, que permitissem-lhe a comunicação. A filosofia grega só foi possível após o teatro grego. Platão só foi possível após Téspis. E é a nós neste estado – rigorosamente idêntico ao dos gregos: humanos – que a Revelação de Deus em Cristo se dirige.

Deus, que contempla nosso estado, sabia das desventuras por sobrevir. Por isso Jesus escolhe doze discípulos e confia-lhes intimamente Seu ensino e Sua obra. Por isso Jesus fundou uma Igreja, e prometeu que as portas do Inferno não prevaleceriam contra ela. Por isso Ele prometeu estar com Seus seguidores todos os dias até a consumação dos séculos. Por isso incentivou-os à vida em comunidade, prometendo que onde estivessem dois ou três reunidos em Seu nome ali Ele estaria presente. Por isso prometeu enviar o Espírito Santo, que lembraria aos discípulos de tudo o que Ele disse. Não, eu sozinho não sou Igreja. Você sozinho não é Igreja. Eu individualmente posso ser templo do Espírito; você individualmente pode ser templo do Espírito. Mas apenas nós somos Igreja. Nós, em conjunto, que somos movidos pelo Espírito e confessamos aquEle que desceu do Céu e subiu novamente para nos preparar lugar, é que somos Igreja. Sim: o cristianismo é uma invenção de Jesus.

Não podemos imputar-Lhe a nossa lastimável falta de consciência histórica. Ele sabia que, com o tempo, a comunidade de crentes cresceria, o acontecimento fundador ficaria mais distante no tempo, os novos crentes teriam dúvidas sobre o que pode e o que não pode se preservar das culturas de que eles provêm, e seria preciso sistematizar o acontecimento doutrinariamente para estes. Concílios lhe parecem antidemocráticos? Os discípulos foram quem os inventaram. Os judeus convertidos tinham dúvidas quanto ao que fazer com suas práticas cerimoniais e os apóstolos do primeiro século realizaram, para as responder, o Concílio de Jerusalém – está em Atos 15. A ordem ministerial (com diáconos, presbíteros, pastores) parece-lhe tirânica? Paulo, mais de uma vez, escrevendo aos efésios e escrevendo aos coríntios, fala dos ministérios que Deus provê à Igreja. O mesmo Paulo, também, visitando Atenas, fala aos filósofos estoicos e epicureus, no Areópago, que “o Deus desconhecido” que eles veneravam era o que ele lhes anunciava. Desse diálogo com uma cultura surgia uma civilização, a nossa civilização, a civilização que nos permite amar tanto quanto hostilizar a Igreja. Agora parece-lhe que foi Paulo, e não Constantino, quem estragou o que Cristo fundou? Friedrich Nietzsche já o dissera.

Sim, leitores. Como se vê, Caio Fábio não é o inventor da crítica ao cristianismo. Mas, quando ele diz que o inventor do cristianismo é Constantino, o que no fundo sua frase implica é que ele, Caio Fábio, que a pronuncia, e só ele, é que é capaz de perceber o verdadeiro significado da fé cristã, que Constantino deturpou e que desde então ninguém mais encontrou. O que no fundo sua frase implica é que Caio Fábio inventaria algo melhor do que o que Constantino inventou. Sabemos: nem Constantino inventou o cristianismo, nem Caio Fábio – ou eu, ou você – poderia inventá-lo. O imperador foi parcialmente responsável por alguns erros administrativos da Igreja, sim, mas nisso ele também é vítima de sua época, da dinâmica histórica, da condição humana. A fé cristã é a mesma antes e depois de Constantino. A Igreja errava antes do imperador e continuou errando após ele. Acertava antes do imperador e continuou acertando após ele. A Igreja é um drama dentro do drama que é a História humana. Ela necessariamente implica o cristianismo. Jesus a fundou, e a tem guiado há dois mil anos, revitalizando-a sempre no Espírito Santo, que nos faz lembrar do bendito acontecimento Jesus, orientando-a na sistematização da doutrina – para o que contamos com a incomparável ajuda das Escrituras Sagradas – e fortalecendo-a contra o surgimento de heresias. É precisamente por causa do homem que a Igreja existe. E, na medida em que um cristão é cristão, ele também está na Igreja, e coopera com o cristianismo. Caio Fábio só pode dizer que “o cristianismo é uma invenção de Constantino” porque um dia o cristianismo lhe introduziu a algum conhecimento. No limite, porque a Igreja sobreviveu a Constantino. A Igreja nos afeta enquanto cristãos e enquanto humanos. E só se pode negá-la porque ela é viva.

A multidão a-igreja-é-imperfeita odeia Constantino e noções de cristandade, mas eles querem que a igreja seja patrona das artes, e execute programas educacionais, e faça unir o mundo em paz e amor. (DeYOUNG, Kevin; KLUCK, Ted. “Why We Love the Church: In Praise of Institutions and Organized Religion” [“Por Que Amamos a Igreja: Em Louvor às Instituições e Religião Organizada”]. Chicago: Moody Publishers, 2009, pp. 87-88)







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quinta-feira, novembro 21, 2013

O papel da Igreja e a política


A MISSÃO DA IGREJA É PREGAR O EVANGELHO

BÍBLIA

João Cruzué

Quero deixar registrado com bastante clareza, aqui, minha opinião sobre o papel da  Igreja  e de seus pastores na política da nação brasileira. Blogueiro evangélico desde 2005, e cristão servo do Senhor Jesus Cristo desde os 19 anos, sou compelido a posicionar-me de forma clara, de acordo com o conhecimento da vontade do Senhor que adquiri neste quase 40 anos. Se o interesse exagerado da Igreja Evangélica brasileira  e de seus pastores não for criticado, comentado, reprovado, combatido, ele só vai aumentar!

É certo que sem a Política, o Estado não vai destinar com eficiência e equidade os recursos dos tributos que pagamos. A Política, para mim, é a arte de conversar com o propósito de conhecer os problemas da nação e levar recursos  para onde há maior carência. Por exemplo: estamos praticamente em 2014 e a transposição do Rio São Francisco ainda não foi concluída. Por outro lado, fala-se abertamente na licitação do trem bala, entre São Paulo - Rio de Janeiro, a um custo de 50 bilhões de reais. Nos meios políticos, o feeling é que a primeira obra está atrasada e precisa ser concluída, enquanto que não é hora de licitar a obra do trem bala.

Quanto a Igreja, O Senhor Jesus não a edificou para outro propósito senão para ser uma casa de oração para todos os povos. Uma instituição divina e mística para cuidar da vida espiritual das pessoas. A Igreja é a porta e o caminho de  reino totalmente distinto do mundo social. Dessa forma, representação política e Igreja são coisas bem distintas. Na Igreja, a autoridade maior é o SENHOR JESUS. Na política, a autoridade maior pode ser qualquer cidadão/cidadã. Mas, em nenhuma passagem do Novo Testamento, seja pelas palavras do SENHOR, ou de Paulo, João, Pedro ou Tiago está escrito que a missão da Igreja é fazer política. A César o que é de César e a DEUS o que é de DEUS.

"Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15) - é esta a missão da Igreja.

O abandono do arado. É esta, a imagem que vejo quando percebo a preocupação das grandes denominações evangélicas, através de seus líderes,  em participar ativamente de projetos políticos, aspirando posições e cargos de poder temporal. Isto  não é bom. Isto é condenável. Um pastor que recebeu a convocação do SENHOR, a unção ministerial para cuidar do rebanho do SENHOR, quando larga tudo isso para ser um Vereador, um Deputado, Senador, Governador, ou até mesmo um Presidente, está trocando o sagrado pelo profano. Está jogando no lixo o dom do SENHOR.

Não importa se esse pastor, bispo, evangelista, apóstolo seja quem for: trocou a chamada para cuidar do rebanho do SENHOR por uma  cadeira de representação política, sinto muito. É sim, um profeta velho e um homem desviado.

Um erro de estratégia. Uma falta de paciência. Se as denominações evangélicas estivessem trabalhando prioritariamente em projetos de evangelização nos últimos 20 anos, a metade do Brasil já seria do Senhor Jesus. Isto por si só, evitaria a grande perda de tempo (e ministérios pastorais) em projetos políticos, porque se o povo de uma nação se converter ao Senhor, seus políticos serão homens com temor de DEUS.

O que a Igreja tem ganhado com a participação direta de seus pastores nas casas legislativas brasileiras? Meu comentário: pode até  ter colocado muitos pastores no poder, pode a bancada evangélica até ter chegado a 20%. Todavia,  a um custo muito alto: a sua credibilidade. Hoje, diante dos olhos da nação, qual tem sido a imagem, por exemplo: de Bisbo Macedo, de um Marco Feliciano, de um Valdemiro Santiago, R. R. Soares, Silas Malafaia...

Decididamente a de homens de negócios! Têm fama, mas não têm credibilidade perante o povo. Têm poder, mas o sucesso que eles têm não é sinônimo de inerrância. Poder temporal e fortuna são coisas que destoam do perfil do CRISTO e, se destoam, devo tomar cuidado com a voz dos falsos profetas.


Lugar de Pastor evangélico não é na política, mas cuidando da sua missão espiritual: Orando, evangelizando, pastoreando, consolando, aconselhando, repreendendo, ajudando a levantar, a perdoar... Deixar o espiritual pelo material é loucura.  

O crente deve ficar afastado da política? Note bem: até agora estava criticando a postura de LIDERANÇAS EVANGÉLICAS que têm exagerado em projetos políticos. Quanto aos crentes que não têm chamada pastoral, nem unção ministerial para o trabalho do SENHOR, ao meu ver, estão livres para ser: médicos, políticos, cantores, esportistas, militares, juízes, advogados, ministros, deputados, governadores, senadores e até presidentes. Cada um ore e aja sempre de acordo com o propósito de Deus para si.

O papel da Igreja não é separar seus pastores mais populares para serem candidatos a cargos eletivos, porque eles têm compromisso com Aquele que os separou. Se a Igreja fizer isto, estará pisando nos dons ministériais de seus líderes, e Deus não vai deixar isto impune.

O papel da Igreja Evangélica é pregar o Evangelho da salvação ao pobre para que ele encontre o caminho da prosperidade; ao enfermo para que ele receba a cura; ao oprimido pelo diabo para que ele seja liberto; ao corrupto para que ele deixe de roubar o sustento do pobre, a correção da aposentadoria da viúva,  o sustento dos velhinhos, o pão da criança desamparada.

O papel da Igreja é condenar a corrupção, e não caminhar ao lado dos corruptos. O papel da Igreja é preparar seus jovens para apregoar o ano aceitável do Senhor Jesus, em lugar recrutá-los para distribuir "santinhos" na porta dos templos.

O papel da Igreja não trazer candidatos ao púlpito, mas ensinar  os novos convertidos o som da voz do Espírito Santo, para que possam discernir de pronto  se é o santo ou o profano que está falando. 

Com tantas almas perdidas na miséria e no pecado, a Igreja está precisando de mais Pastores, mais Bispos, mais Apóstolos para enviar ao campo em lugar de mandá-los para ser políticos em Brasília. Mais juízo e menos vaidade.

Por outro lado, é também o papel da Igreja levar, por meio da Palavra de Deus, homens e mulheres  a possuir o temor de Deus, para que sejam aptos a toda a boa obra, inclusive, servir à nação em qualquer cargo ou função da carreira pública, porque se isto não for feito, a corrupção continuará apodrecendo a política e roubando o futuro de milhões de brasileiros.

Crente na política e Pastor na Igreja!










quinta-feira, janeiro 17, 2013

Gratidão



Tenho aprendido a cada dia que a gratidão é uma das coisas mais poderosas que existem, que depois da fé talvez ela seja o fator mais importante para definir a felicidade de alguém.
A bíblia diz que Israel não entrou em Canaã devido a incredulidade e uma das maneiras que a falta de fé se manifestou foi através da ingratidão. Ef 5:18 em diante diz que uma das maneiras de sermos cheios do Espírito é com “ações de graças”. Se a gratidão atrai a Deus, a ingratidão nos aproxima do diabo. Isto é tão verdadeiro que num dia Saul invejou Davi, e no noutro um demônio entrou na vida dele. Ora, só tem inveja do outro quem não é grato pelo que tem.
As pessoas do mundo acham normal reclamar, tanto que o fazem com tudo. Reclamam do salário, do tempo, do país... Entretanto, uma das marcas do crente verdadeiro é um coração cheio de gratidão, que em tudo dá graças a Deus.
Só que aí surge a pergunta: o que é gratidão? É muitos mais do que dizer “graças a Deus” num momento de culto, é acima de tudo se submeter aos desígnios de Deus durante a vida. Dizer aleluia durante o culto de domingo é fácil, o duro é agradecer a Deus na segunda, na hora que você recebe aquele “salarinho”.

Princípios da gratidão

1- Mais importante que planejar minha vida é aceitar as oportunidades que Deus me dá

Em Tg 4:3 o apostolo diz que não podemos ficar dizendo: amanhã farei isto e aquilo e sim: “Se o senhor permitir vamos lá ou cá”. Por que? Simples, não temos controle de nada na vida.
No entanto os gurus da auto-ajuda e os pastores mundanos não cansam de dizer: “Planeje sua vida!”, “Você pode tudo o que quiser, desde que se dedique. A formula deles é: planejamento + dedicação= realização.
Mas será que somos tão donos de nós assim? Conheci um rapaz que era extremamente talentoso e dedicado quando o assunto era futebol a ponto de todos profetizem acerca dele: “Este vai ser um craque”. No entanto, num dia desses, ele saiu de casa andando e voltou paralitico, após um acidente de carro. Ele tinha planejamento e dedicação, mas mesmo assim não chegou lá. Eu sei que aqui, estou dando um exemplo extremo, mas o que vale para ele vale para qualquer: nós não podemos tudo o que quisermos, e sim somente aquilo que o Senhor permitir. Pv 16:9 diz “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”.
A bíblia diz que Abraão “saiu sem saber para onde ia”. O que é isso? muitos diriam que ele era um homem projetado para o fracasso. No entanto, como deixou a VIDA o conduzir acabou se tornando o referencial de fé das três maiores religiões do mundo.
Se existiu um homem dedicado e capaz este era Davi. No entanto, nem ele conseguiu tudo o que quis. Quando desejou construir o Templo, Deus lhe deu um retumbante “NÃO!”.
O que os pastores de hoje diriam de uma situação dessa, onde Deus decide não fazer algo que nós pedimos? Eles diriam: “Determine, jejue e assim você irá dobrar Deus”. E Se no fim de tudo seus desejos não se realizarem, eles irão olhar para você e dizer: “É porque você não teve fé”.

Qual o resultado desta teologia? Um monte de crente frustrado.

Tem gente que não conquistou algo em Deus por preguiça, falta de fé ou pecado? Claro, Israel, por exemplo, diante de Canaã. Agora, há outros que mesmo fiéis, não viram seus desejos se realizando. Esperavam que a vida fosse de um jeito, mas viram Deus reescrevendo nosso roteiro. Nestas horas fazemos o que? Você se sentir frustrado ou fazer como Davi: “Eu não tenho tudo o que quero, mas possuo muito mais do que eu mereço”.
Em I tm 4:4 “Tudo o que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável”. Quer que eu aplique este versículo na sua vida? É assim: “Esta não era a profissão que eu tinha, mas com gratidão no peito dá pra ser feliz até aqui. Eu não gosto muito deste tipo de carro, mas com ações de graças até o fusca vira Ferrari”.
Eu tinha muitas preferências, agora tenho aprendido a preferir o que Deus me dá. Eu gosto mais de carro novo, mas não tem problema também aprendo a gostar de carro velho. Eu prefiro casa e se o Senhor me der a oportunidade é numa casa que vou morar, no entanto se ele não der eu aprendo a gostar de apartamento, aliás já aprendi, pois moro a sete anos num. Mas porque o ser humano tem dificuldade de aceitar aquilo que Deus lhes dá? É porque achamos que merecemos mais.
Ao dizer tudo isto, eu estou afirmando que planejamento e dedicação é errado? Deus me livre, o planejar e se dedicar não é pecado, agora, a arrogância é. Dedique-se por algo, mas se no meio do caminho você perceber que os planos de Deus para você são outros, seja humilde e abrace a cruz que ele te deu.

2-Mude o que dá pra mudar, aceite o que não dá

I Co 7:21 “Foste chamado, sendo escravo? Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade”.
Em outras palavras, o que Paulo está dizendo aqui é: “mude o que dá para mudar, aceite o que não dá”. Dá para mudar de emprego? Mude, se não dá acostume-se com este. Dá para trocar de esposa? Não, então aceite esta”.
“Mas pastor, Deus não quer que eu suporte isto?”, já posso ouvir alguns dizendo. Quer sim, na realidade ele já começa o chamamento para andar com ele nos seguintes termos: tome a sua cruz. Diz em I Co 13 que o amor tudo suporta e falou que Paulo ia sim ter que suportar o espinho na carne durante toda a vida.
Nosso problema é que temos ouvido demais o cristianismo destes falsos pastores. O cristianismo de Cristo nos promete uma cruz, o deles uma coroa. A religião de Jesus profetiza que mesmo os crentes irão enfrentar sofrimento, a religião dos falsos profetas vê em todo desconforto obra do diabo. E por conta disso, muitos de nós não conseguem aceitar certas privações e espinhos que Deus coloca em nossa carne.

3-Entenda a graça e seja grato

Para que você seja grato, você precisa entender duas doutrinas: A graça e a soberania de Deus. A graça diz: tudo o que temos e somos vem de Deus. Daí o termo, graça, porque é de graça, não fiz por merecer, não trabalhei, ainda assim recebi Rm 11:36 e Ec 9:11. O que esta doutrina diz é que eu sou pecador e que se fosse receber com base no que mereço a única coisa me seria dada era o inferno. Portanto, quem entende a graça sabe: “Eu não mereço nada, e ainda assim ele me deu”. Resultado? Graças a Deus por Jesus Cristo.
Só que esta doutrina não resolve tudo para alguns. Por que se todos pecaram e ninguém merecia coisa alguma e tudo o que temos nós temos por causa de Jesus, por que eu tenho menos que o outro já que ele é tão “imerecedor” quanto eu? para tratar nesta nossa rebeldia que mesmo de uma graça maravilhosa quer brotar, entra a doutrina da soberania de Deus.
O que ela diz? Que Deus escolhe e distribui a salvação e seus dons do jeito que bem entende. Rm 9, a parábola dos trabalhadores nos ensinam isto.
Davi e Paulo, mesmo sendo homens de Deus tiveram vidas totalmente opostas. Um morreu em ditosa velhice, rico e cheio de glórias. Outro morreu cedo, pobre e numa angustiosa cadeia. Como se explica isto? Qual a resposta para este mistério? Hoje nenhuma. Mas quem disse que temos que saber de tudo para então confiar? Santo Agostinho, afirmou: “Creio a fim de compreender”.
Nós queremos saber muitas coisas, mas no fundo, no fundo, o salmista nos dá a dica da única coisa que realmente precisamos saber: “Sabei que o SENHOR É Deus” (Sl 100:3).

Uma colaboração de © 2013 Blog do Heverton
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quarta-feira, outubro 10, 2012

A influência da Igreja na política brasileira



“Certamente o Senhor Deus não fará cousa alguma, 
sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.’’
 Amós 2.7

Pastor Mauricio Price*

     Creio que o mundo globalizado caminha em sintonia com o calendário profético das Escrituras Sagradas, inclusive no Brasil. Aliás, não poderia ser diferente, pois o próprio Senhor Jesus afirmou que:  “passará o céu e terra, porém as minhas palavras não passarão”(Mt 24.35). O Mestre alertando os discípulos a cerca de alguns acontecimentos do cenário mundial que antecederiam o arrebatamento da Igreja e a sua segunda vinda, disse assim:

 “Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino, contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Estas coisas são o princípio das dores.Estai vós de sobreaviso, porque vos entregarão aos tribunais e às sinagogas; sereis açoitados, e vos farão comparecer à presença de governadores e reis, por minha causa, para lhes servir de testemunho. Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações......Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo.” Mc 13.7-9,13

        É importante ressaltar que vivemos atualmente num cenário político de plena transformação em nosso país. O debate moral e religioso estiveram em evidência na agenda da disputa eleitoral para a Presidência da República em 2010. Percebe-se nitidamente a contagiante influência que as igrejas exercem sobre o voto em solo brasileiro. Aliás, estima-se que o colégio eleitoral evangélico atual seja de mais de 40 milhões de votos,  sendo, portanto,  capaz de decidir uma eleição presidencial no país. Apesar do  Estado ser laico, a religião está profundamente envolvida na política brasileira desde que o descobrimento foi celebrado com um missa em 26 de abril de 1500 pelo frade Henrique de Coimbra. Dessa forma, os políticos tem disputado articuladamente  o voto religioso ao longo das eleições, bem como os líderes religiosos buscam com a mesma intensidade o poder e influência política, seja através de apoios partidários ou participação direta no partido. 

        Tivemos um aumento de quase 50% da bancada evangélica no Congresso Nacional nas eleições em 2010. Um levantamento feito pelo departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) registrou a reeleição de 32 dos 45 parlamentares da bancada e a eleição de mais 34 representantes de igrejas evangélicas. A bancada evangélica conta agora com 63 deputados e 3 senadores.  Creio que ainda é muito pouco diante da proporcionalidade populacional evangélica em nosso país. Certamente, deveríamos ter bem mais representantes cristãos no Congresso Nacional, pois embora o Estado seja laico, os valores e princípios cristãos precisam ser preservados e defendidos nesse momento crítico em que se encontra o país. Essa realidade se aplica também nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais. Por isso, creio que precisamos de líderes cristãos idôneos, qualificados e preparados para estarem lá. Precisamos enxergar a democracia nas urnas como uma benção para a nossa nação, pois através dela podemos preservar princípios de conduta moral em nossa sociedade que atrairão as bençãos de Deus sobre o Brasil, e não a Sua maldição e juízo. Pense nisso.   

        Talvez possa arriscar dizer que nunca na história de nosso país, a moral, os valores e os princípios, pilares eternos de uma sociedade, foram tão hostilizados. É lamentável dizer que grande parte do povo chamado “cristão” nesse país continue alienado, desinformado e até desinteressado sobre essas sérias questões que antevemos sobre o país. Durante muitas décadas o povo de Deus nesse país foi conhecido por sua passividade e demonização  da  política nacional. Hoje, o cenário é bem diferente. O cristão pode até, por opção pessoal, optar por uma postura apolítica, mas nunca antipolítica. Sabe por que? Porque ele(a) além de ser cidadão do reino de Deus é também cidadão brasileiro e, dessa forma,  tem direitos e deveres nesse país.  A Igreja não pode se omitir, nem se calar. Meu amigo(a), o que você tem feito?  Pense nisso.     

      Definitivamente, todo o Povo de Deus em nosso país precisa agir, reagir e resistir contra toda a iniquidade. Meus irmãos, não é hora de alimentarmos divisões, disputas ou competições denominacionais carnais, que são uma verdadeira vergonha no Corpo de Cristo. Chega de tanta vaidade! Chega de tanta mediocridade!  Ao contrário, é hora de toda Igreja de Cristo soar a trombeta, orar pelo Brasil, pregar o Evangelho ao imenso povo da nossa nação e como Povo de Deus unido declarar como voz profética : 

Feliz é a nação! Cujo Deus é o Senhor”      
  Sl. 33.12. Aleluia! 
 Ele espera por você!    
  “Em Deus faremos proezas...”    

No amor de Cristo,   Pastor Mauricio Price.

Missionário e médico. Ministro do Evangelho filiado a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Presidente do Diretório Estadual no Rio de Janeiro e Conselheiro Nacional da Sociedade Bíblica do Brasil(SBB). Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil(AELB). Coordenador Geral do Movimento Evangélico Universitário na Universidade do Estado do Rio de Janeiro(UERJ). Evangelista, radialista e escritor.







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terça-feira, setembro 25, 2012

A real motivação da existência da igreja


A igreja precisa estar atenta às obrigações de sua missão. A missão da igreja, além de pregar o evangelho é cuidar de vidas. Promover a educação, a saúde e a qualidade de vida de seus membros, como também da comunidade onde está inserida. Neste foco é preciso que a igreja disponibilize meios de alcançar os marginalizados. Ela deve primeiramente produzir uma educação interna para promover a consciência nos cristãos da responsabilidade que todos devem ter de promoverem frentes de ação social que alcance a todos os excluídos.

Um exemplo seria elaborar projetos que atendam pessoas com necessidades especiais, como os deficientes visuais, por exemplo. Hoje já existe a Bíblia em braile, como também muito conteúdo literário cristão que pode ser oferecido pela igreja. Outro projeto a ser desenvolvido na grande maioria das igrejas, é a adaptação dos templos para a acessibilidade facilitada para os cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção.

A igreja poderia também ter atividades para os idosos e subsidiar abrigos para os mesmos. Fisioterapeutas, psicólogos e médicos colocados a disposição.

Em relação às crianças, a igreja pode promover atividades junto à comunidade complementando o tempo de estudo, utilizando-se do tempo livre que as crianças possuem após saírem da sala de aula do ensino regular.

Programas de planejamento familiar, de amparo a mães-solteiras. A criação de bancos de emprego e oficinas de capacitação para profissionais desempregados também podem ser sucesso e fator de transformação.

Atendimento e recuperação de pessoas que desejem atendimento psicológico e médico para deixarem os vícios das drogas e do álcool podem também ser promovidos pela igreja assim como a captação e atendimento social de moradores de rua. A igreja tem nas mãos o poder de transformar a sociedade e promover um mundo melhor e esta deve ser a real motivação da existência da igreja.

"E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo(igreja) daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.” Lucas 10 30-37


É preciso que quando um crente (bom samaritano) passe por um marginalizado ele tenha uma "hospedaria" e um "hospedeiro" habilitado a socorrer o ferido. O bom samaritano tinha sua vida e seus compromissos, assim como eu e você também temos os nossos. Ele não poderia perder muito tempo com os "feridos da estrada" Porém, ele além de amar e se importar, tinha uma "hospedaria", um lugar para cuidar daquela vida.


Gilberto Horácio
http://www.gilbertohoracio.blogspot.com.br/

sábado, maio 19, 2012

A Genealogia dos filhos de Deus



"E a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo". Mateus 1:16


Wilma Rejane 
A Tenda Na Rocha
 

Genealogias não são textos tão agradáveis de se ler: exige certo conhecimento das pessoas citadas e pausas para compreender melhor a linha de parentescos. A Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento preserva essa cultura, tão valorizada até os dias atuais pelos judeus. Eles acompanhavam cada acréscimo das linhas reais sucessórias a fim de conhecer quem seria o Salvador prometido por Moisés ( e os antigos) a livrar Israel dos inimigos. Algumas escolas judaicas até desenvolveram certas superstições rigorosas em relação as genealogias, o que fez com que Paulo advertisse em suas epístolas:

Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina,Nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora. Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. 1 Timóteo 1:3-5

Genealogia havia se tornado praticamente doutrina, isso desagradava a Deus, especialmente porque amar o próximo estava em falta. Era a letra matando e o coração esfriando. Mas esse fato, me chama atenção: Se os judeus eram tão metódicos e rigorosos em observar as genealogias, a fim de reconhecerem o Messias Salvador, por que então não o fizeram quando chegou a hora? Por que não viram em Jesus o verdadeiro Rei de Israel? 

É que em algum lugar da história de Israel, a linha sucessória de Davi perdeu a importância. Com Roma no poder, os reis passaram a ser estrangeiros e o povo tinha reverência e respeito a isso. Apesar da corrupção e opressão dominante que formou cenário favorável para a vinda de um Messias. A opressão era tanta que a nação acreditava ser o Messias Salvador e Rei em Israel um líder politico a libertá-los do domínio romano.

Os Evangelhos de Mateus e Lucas, fazem o resgate da linha sucessória do reinado em Israel a fim de estabelecer Jesus como: Filho de Abraão, filho de Davi, Rei em Israel, em cumprimento as promessas existentes desde o Gêneses. Jesus, o Alfa e o Ômega, o Principio e o Fim ( Ap 22:13). E para Davi, foi dito: "Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre." II Samuel 7:16 

Note um fato muito interessante e que foi negligenciado por Israel quando do nascimento de Jesus em Belém: "No tempo do nascimento do Salvador, Israel era governada por estrangeiros . Os direitos da família real de Davi não foram reconhecidos e o legislador dos judeus era indicado por Roma. Fosse Judá uma nação livre e independente, governada pelo soberano legal, José o carpinteiro, teria sido coroado rei , e seu sucessor legal seria: Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus." (E.Talmage, O Cristo, Pag 83) 

A salvação vem dos judeus Jo 4:22 .Eis a grande e essencial questão: O Reino anunciado, chegado, já não era desse mundo, estava firmado e alicerçado no espírito: Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. João 18:36. Jesus era rei de fato, de direito e de um Novo Reino que só poderia ser reconhecido através de olhos espirituais. "É chegado a vós o reino de Deus." Lucas 10:9 

Conclusão 

O mundo em que vivemos é uma batalha entre dois reinos: bem e mal. Essa batalha está em nosso exterior e também interior. De qual dos reinos somos participantes? A qual dos reis estamos servindo? Em qual dos livros está sendo escrita a nossa genealogia? 

José era rei em Israel quando do nascimento de Jesus. Um rei sem coroa, sem trono, invisível aos olhos dos poderosos. Ser cristão é isso: Abnegar, renunciar a glória dos homens e receber a glória de Deus em humildade, sabendo que poderá ser perseguido pela fé. Perseguido por hostes espirituais e humanas, mas vencedor pelo mesmo espírito que ressuscitou nosso Rei Jesus!


Ser cristão é ser filho de Deus, inscrito na genealogia de Jesus: "Mas a todos quanto O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem em Seu nome" Jo 1:12. Enquanto os reinos desse mundo fazem sua história firmada em fama, sucesso e toda sorte de males, uma história paralela é contada. Uma genealogia é escrita no céu. Quem sabe, invisível aos olhos humanos, assim como a genealogia de José. Contudo, continuamente sob os olhos e cuidados do Pai.

A história dos maus é escrita para genealogia de morte eterna. A dos cristãos para salvação eterna! Essa história está guardada para o dia do juízo, quando os livros serão abertos e lá estará seu nome: 

"Então, se abriram livros,ainda outro livro, o livro da Vida foi aberto..." Ap 20:12


Wilma Rejane, nascida filha de Dionísia e Euzébio, recebeu o Reino de Deus no coração e eis filha de Abraão, filha de Davi, remida pelo sangue do Cordeiro, resgatada do reino das trevas, para o reino do filho do amor de Jesus: Filha de Deus, a ti está destinada a vida eterna com Deus, aleluia!!! 

Espero verdadeiramente que essa breve reflexão sobre a genealogia de Jesus, tenha falado ao seu coração, assim como falou ao meu. Quero fazer parte do reino do bem, da genealogia de Jesus, quero ter o meu nome escrito no livro da vida para viver eternamente com Deus em um lugar onde a dor e a morte jamais poderá chegar. 

Amém. 

domingo, abril 15, 2012

Os senhores do Senhor.


Quando olhamos para os cristãos no mundo, olhamos para o resultado da Igreja fundada pelo Senhor Jesus Cristo, olhamos para o resultado do seu penoso trabalho. Jesus escolheu doze homens para serem seus discípulos, para que fossem os líderes da igreja. Posteriormente o Senhor Jesus enviou setenta homens com a missão de evangelizar o mundo. (Mateus 10; Lucas 10. 1)

Glórias a Deus, o poderoso Deus, transcendente, porém imanente, que conduziu a Igreja por todos os séculos até ao dia de hoje para que o evangelho continuasse vivo entre os homens. Tudo aquilo que Jesus ensinou há mais de dois milênios, hoje, é pregado, ensinado e vivido em todo o mundo. O cristianismo no século XVI é prova de que deu certo, de que a mensagem do evangelho é realmente poderosa e verdadeira. "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;" (Mateus 16 : 18)

Quem conduziu a mensagem até nós, não são os donos da mensagem. Quem conduziu o evangelho até nós não tem qualquer autoridade sobre ele. Quem recebeu a missão de propagar as boas novas é apenas um canal, uma parte, uma peça do grande “encanamento”, do grande aqueduto que conduziu a água da vida, do puro rio de Deus, de Jerusalém a todo o mundo.

Ainda há milhares de quilômetros dessa imensa rede de condução da água para ser construído em todo o mundo e para isto Deus precisa contar com novas peças, novos homens para cumprir a missão.

Cada Igreja a Terra se tornou uma subestação de distribuição do evangelho, de distribuição da água da vida que é Jesus. Entretanto, não somos donos da mensagem, somos apenas condutores dela. Não há donos da Igreja, nem apóstolo, missionário, bispo, pastor, presbítero, diácono, obreiro ou quem quer que seja que seja proprietário, por direito, dela, pois a ninguém pertence a mensagem, a não ser ao seu supremo fundador, que é o Senhor Jesus.

É possível e preciso presidir e deliberar sobre a igreja, mas jamais vendê-la, negociá-la, fali-la ou substituí-la. Não é possível inclusive defendê-la. Ela mesma é sua fiel defensora. É preciso entender que fazemos parte desta imensa rede de propagação e preservação do evangelho neste século. Somos os “utensílios” para que esta mensagem salvadora que muda a vida de um ser humano, sem qualquer interferência externa, chegue aos nossos descendentes, chegue até os confins da Terra. "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra." (Atos 1 : 8)

Você e eu não pertencemos a senhores que conduzem à mensagem, assim como não detemos domínio sobre quem conduzimos à mensagem, mas somos apenas o resultado do trabalho de Jesus o Supremo fundador da Igreja, de Simão, chamado Pedro, de André, seu irmão; de Tiago, filho de Zebedeu, e de João, seu irmão; de Filipe, de Bartolomeu; de Tomé, de Mateus, o publicano; de Tiago, filho de Alfeu, e de Lebeu, apelidado Tadeu; de Simão o Zelote, incluindo Judas Iscariotes, aquele que traiu Jesus. Depois destes citaríamos Paulo, Lutero, João Calvino, eu, você e infinitos outros. Somos o resultado dos setenta homens enviados, de dois em dois por Jesus. Somos enfim, genuinamente representantes de Jesus Cristo. E para isto não há qualquer título, a não ser saber que NÓS SOMOS DO MEIO DOS CRISTÃOS! NÓS SOMOS CRISTÃOS.

"Porventura começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de recomendação de vós?" Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica. (II Coríntios 3.1-6)

Gilberto Horácio

terça-feira, outubro 25, 2011

Chegada dos Protestantes no Brasil

 



Os evangélicos brasileiros formam um contingente que equivale a duas vezes e meia a população de Portugal. E os números não param de aumentar. Templos gigantescos, controles de meios de comunicação, conversões em massa, representantes no Congresso Nacional.   Embora uma explosão numérica tenha acontecido nas últimas décadas, os protestantes aportaram aqui no século XVI, tempo em que os católicos portugueses mal tinham se espalhado pela costa brasileira. A colonização do Brasil, iniciada sob o impacto das disputas entre a igreja de Roma e os protestantes, reproduziu ao longo dos séculos XVI e XVII as querelas religiosas do tempo de Lutero e Calvino. Aceitos no país definitivamente apenas na época de D.João VI, os cristãos reformados chegaram em massa ao Brasil no século XIX. O protestantismo se manifestou de diversas formas até o século XX, quando surgiram os movimentos pentecostais.

Primeiros Mártires Protestantes

A presença protestante no Brasil data do período colonial (1500-1822). Os franceses que invadiram o Rio de Janeiro no século XVI, em busca do pau-brasil e de refúgio religioso, eram huguenotes, isto é, reformados de origem francesa. Foram eles que oficializaram, em 1556, o primeiro culto protestante no Brasil. Disputas religiosas que já vinham da França dividiram, no entanto a comunidade, e os protestantes foram obrigados a voltar para a Europa. Os três religiosos que resistiram à intolerância do comandante Frances Nicolau Villegaingnon foram mortos, e são considerados os primeiros mártires protestantes no Brasil.

No século seguinte, em 1624, os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais, interessados no comércio do açúcar e outros produtos tropicais, invadiram a Bahia, eles atacaram Pernambuco em 1630 e conquistaram parte da atual Região Nordeste, onde permaneceram até 1654. Nesse período, organizaram a Igreja Cristã Reformada, que funcionava com uma estrutura administrativa similar à européia, oferecendo escola dominical e evangelização aos indígenas e africanos.

Luta Por Território

Durante o período holandês, especialmente no governo de Maurício de Nassau (1637-1644), experimentou-se pela primeira vez no Brasil um clima de tolerância religiosa. Católicos, protestantes e judeus conviviam então pacificamente. Conforme o historiador Frans Schalkwiijk, citando um pastor holandês da época, “essa liberdade era tão grande que se não achava assim em nenhum lugar”.


terça-feira, setembro 20, 2011

Igreja: a voz profética contra corrupção

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“Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel;
da minha boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte.’’
Ezequiel 3.17


Pr. Mauricio Price

www.mprice.com.br

O mundo está em plena decadência moral, e no Brasil não é diferente. Apesar de sermos conhecidos mundialmente como um país de maioria “cristã”, o Brasil tem sido palco ultimamente de grandes conquistas, mas também de intensas crises, principalmente na esfera moral tanto do seu povo, quanto na vida de seus líderes e governantes. Os desvios morais e éticos são cada vez mais freqüentes principalmente na vida daqueles que deveriam ser exemplo para o povo do nosso imenso e amado Brasil.

Inserido nesse cenário, nós cidadãos, religiosos e não religiosos, estamos acompanhando um momento crítico em nosso país: a institucionalização da corrupção no Brasil. Diariamente, acompanhamos diversas notícias na mídia que evidenciam que essa “praga” tem contaminado todas as esferas do Poder Público. A população anda descrente. A impunidade tem desanimado os mais esperançosos por um Brasil de todos e para todos. Pergunto-lhe: qual será o futuro moral da nossa nação? Pense nisso.

O ex-reitor da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque, nos lembra que o patrimônio maior de um povo é o seu capital moral. Ele afirma que: “Durante décadas, o Brasil concentrou seu projeto de desenvolvimento nos resultados que obteria de investimentos de capital econômico. Procurou financiamento externo, mobilizou capital estatal, investiu em indústrias, proibiu importações, montou uma sofisticada infra-estrutura econômica, mas o País continuou subdesenvolvido. O Brasil esqueceu que seu futuro depende também de capital moral. Foi o prêmio Nobel de economia, Amartya Sem, quem chamou a atenção para a necessidade de capital moral na promoção da riqueza de um país.

Segundo ele, a honestidade do povo, especialmente dos líderes políticos, empresariais e profissionais, a auto-estima elevada e a motivação coletiva para os projetos nacionais têm um papel tão importante quanto os investimentos diretamente financeiros. Em nossa estratégia de desenvolvimento, esquecemos o capital moral. A crise moral brasileira é tão grande, que ao despertarmos para a corrupção jogamos a culpa apenas nos outros, especialmente os políticos, como se não tivéssemos, cada um de nós, uma parte na degradação do capital moral de todo o País. Sem uma forte e decente infra-estrutura moral de nada adianta todo o esforço de fazer a democracia funcionar e a economia crescer.”

Uma pesquisa feita por um economista da Fundação Getúlio Vargas, Marcos Fernandes da Silva, reunindo dados de investigações da Controladoria Geral da União, da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União, revelou que pelo menos o valor equivalente à economia da Bolívia foi desviada dos cofres do governo federal em sete anos, de 2002 à 2008.Cerca de R$ 40 bilhões foram perdidos com a corrupção, sendo este valor subestimado pois não foi considerado os desvios em Estados e municípios, que possuem orçamentos próprios.

São R$ 6 bilhões por ano que deixam de serem aplicados na provisão de serviços públicos essenciais como aúde, saneamento e educação.

Com tal volume de recursos, seria possível aumentar em 23% o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família – hoje quase 13 milhões. Ou ainda reduzir à metade de casas sem saneamento – no total, cerca de 25 milhões de moradias.

Creia, meu amigo, que a corrupção mata nesse país! Essa “praga” tem causado estragos inestimáveis em nossa população já tão sofrida. Pense nisso.

Meu amado(a), estamos às vésperas de um colapso moral em nosso país e talvez de intensas e até violentas mobilizações sociais contra o Estado corrompido que assola o país, ou pelo menos parte dele. E não adianta só orar; é preciso agir. Precisamos enquanto Igreja de Cristo nessa nação exercer a autoridade que nos foi confiada pelo Senhor Jesus, sendo uma voz profética denunciando todo mau e todo tipo de pecado que afronta ao próprio Deus e ameaça à vida e à dignidade humana.

É hora de toda a Igreja de Cristo orar, agir e reagir contra essa “praga” da corrupção que contamina o país, pois é “....a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”(1Tm3.15) é uma voz profética contra toda manifestação do pecado, inclusive contra a corrupção e seus agentes malignos.

Desperta Igreja! Reage Brasil! Pois, assim diz o Senhor:‘’ Sai dela, povo meu, para que não sejas participantes dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas, porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela.’’(Ap 18.4-5). Ele espera por você! “Em Deus faremos proezas...”

No amor de Cristo, Pastor M. Price