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segunda-feira, agosto 26, 2013

Amor e hipocrisia


Lírio do vale
João Cruzué


Amar em termos cristãos, no sentido lateral, é fazer o bem ao próximo sem pensar em reciprocidade. Isto, está bem claro na parábola do bom samaritano. Em sentido mais profundo é estar atento à voz do Espírito para fazer o bem a alguém que necessita de algo no lugar e tempo certos.  A hipocrisia é uma das formas da negação do amor. O hipócrita exalta o bem, mas não tem  um compromisso sincero com a justiça. Sua justiça é apenas uma capa que esconde o egoísmo - o pântano onde brota todo tipo de pecado.

Jesus era movido pelo  amor de Deus. Estava sempre atento à voz do Espírito Santo. Não era assim automático. Ele separava deliberadamente tempo para estar na presença de Deus em momentos de oração e comunhão. Era por isso que chegou à cidade de Nain no exato momento em que a viúva levava o filho morto para o cemitério. E quem foi que mandou o paralítico à beira do Poço de Betesda se levantar e carregar a cama? E, por que ele decidiu pousar na casa de Zaqueu, o corrupto chefe dos Publicanos da cidade de Jericó?

O maior hipócrita da Bíblia, é satanás. Sabe o que é o bem, mas procura nos outros os defeitos e falhas que lhe finge não ter. Quando Deus falou que Jó era um homem justo, procurou  difamá-lo e mostrar os defeitos. Mania de perfeição, mas só de aparências. Ainda existe este tipo de gente nas Igrejas. A primeira coisa que procuram em um novo irmão é onde estão as suas falhas, fraquezas e defeitos. Um hipócrita procura manter o foco nas falhas do mesmo jeito que um abutre procura pela carniça.

Amar é procurar ser útil, solidário, compassivo. É lavar a louça que suja, tendo consciência de que alguém irá fazer tudo em silêncio porque os outros não fizeram a sua parte. O que tem a ver louça suja com amor? De certa forma, o sangue de Jesus foi o "sabão" que limpou os pecados de muitas "vasilhas" imprestáveis., tendo eu sido uma delas. Eu nunca pensei nisto  antes, mas de hoje em diante vou estar consciente disso.

Não é tão fácil amar, principalmente quando você tenta aconselhar alguém que não quer lhe escutar. E o que é escutar? É uma coisa fácil? Não! não é. Eu sei que Deus fala conosco, mas nossos ouvidos costuma estar destreinados para reconhecer sua voz. Certa vez, uma parente meu  me fez a seguinte pergunta: João, quantas vezes Deus chamou o adolescente Samuel, até que ele respondesse "Eis-me aqui Senhor"? Eu disse: Três vezes, mas foram quatro. Por três vezes Deus chamou-o, mas ele não conhecia a voz de Deus. Ele pensava que era a voz de Eli, o Sacerdote.

Vozes parecidas. Este é um grande perigo.  Jesus, na tentação do deserto, depois de 40 dias de jejum, teve fome. Seus olhos foram dirigidos para algumas pedras, ao ouvir uma voz macia e desafiadora: "Se tu és o Filho de Deus, diga a esta pedra que se transforme em pão". Creio que há uma multidão de vozes aparentemente proféticas nos dias de hoje aceitando aquilo que Cristo recusou a fazer.

Estamos vivendo os tempos em que um Evangelho com foco no Velho Testamento está sendo pregado.  O Evangelho da Prosperidade já ficou para trás. Jesus foi muito claro quando disse que não podemos servir a dois senhores. Parece normal, mas não é, ver pastores e Bispos acumulando riquezas em meio a tanta gente com fome de pão e de justiça. Podem dizer que é uma grande besteira, mas é isto que vem ao meu coração neste momento: acumular riquezas pode ser uma forma de escapulir da dependência de Deus. Como posso dizer que a presença de Deus é comigo, se fecho os olhos para tanta miséria e me deito em paz com jatinhos, mercedinhos e apartamentos em Miami?

Será que amar é conhecer a existência da miséria e acumular muitos bens para o futuro? Na verdade, eu considero que de tanto pregar que o cristão não precisa viver na pobreza para ser um discípulo de Cristo, os pregadores do meu tempo acabaram acreditando em um sofisma. E se Deus, da mesma forma que respondeu ao mancebo de qualidade, disser: Vai vende tudo que tens, dá aos pobres e, depois, siga-me - farão eles isto?

É por isso que temo acreditar na mensagem desse evangelho de meus dias. Parece tudo bem racionalizado e explicado, mas estou vendo o povo cristão com um rosto triste, apesar de ricos. E esta tristeza bem disfarçada, escondida, desconfio que seja frieza. E esta frieza só acontece quando a voz do Espírito de Deus não está sendo ouvida. Quando o Espírito fala de um jeito e o povo quer escutar outras coisas, o resultado é o vazio, o frio e a tristeza de coração. E a receita para curar isto está em II Crônicas 7:14.

Amar é abrir os olhos para o que está acontecendo com o nosso próximo. E não importa se ele é seu vizinho, colega de trabalho ou se encontra ferido e faminto nas decidas para Jericó. 

Nota: Fiquei por um bom tempo sem ter vontade de escrever. Acho que devagar eu volto







sábado, outubro 01, 2011

O legalismo e a Salvação pela Graça


Leo Barbosa

ADGuarulhos

"Essa história de que Cristo já efetuou a nossa salvação, e que não precisamos fazer nada para sermos salvos é conversa... não é bem assim". Por incrível que pareça, essa afirmação foi feita no púlpito de uma igreja evangélica. Um pastor, amigo meu, ouviu a frase de um obreiro, que dizia: "Somos salvos pelo que fazemos, não pelo que Cristo fez por nós na cruz"

A frase acima sintetiza todos os preceitos do legalismo. Mas o que é o legalismo? O escritor William E. Hordern, no livro Teologia Contemporânea, define legalismo como: "a preocupação em receber uma recompensa da parte de Deus, em troca de certas observâncias". O legalismo ensina que o homem tem de obedecer a certas normas e regulamentações para que possa alcançar o favor divino.

Na verdade, tanto jesus como o apóstolo Paulo lutaram bravamente contra o legalismo que dominava o pensamento religioso dos judeus do primeiro século. Os evangélhos registram inúmeros confrontos entre Jesus e os líderes religiosos legalistas do seu tempo. Algumas das cartas escritas por Paulo tinham o propósito de combater o engano do legalismo, que se infiltrava sorrateiramente na recém-nascida igreja de Cristo.

Afinal, quais os principais problemas do legalismo cristão? Por que o legalismo é tãofreqüênte condenado pela Bíblia Sagrada? A resposta não é tão simples. O legalismo tem muitas faces. E os problemas que ele produz afeta diversas áreas da vida e da teoloia da igreja cristã.

O legalismo compromete a doutrina da salvação pela graça. O primeiro e principal problema do legalismo cristão reside em sua distorção do alicerse básico do Cristianismo: a doutrina da salvação pela graça. Ao definir o conceito cristão de salvação, Paulo disse: "Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isso não vem de vocês, é dom de Deus" (Ef 2.8) Quando condicionamos a salvação de determinado indivíduo à observância de regras ou normas da sua denominação, ferimos a doutrina central da fé cristã: a de que só o sacrifício perfeito de Cristo na crusz, pode prover o perdão dos pecados e garantir a salvação do pecador arrependido. É somente em Cristo que "temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados" (Cl 1.14).

O legalismo confunde doutrinas bíblicas com usos e costumes. Num dos mais famosos confrontos entre Jesus e os líderes reigiosos de Israel, nosso Mestre usou as palavras do profeta Isaías (Is 29.13) para definir um dos problemas do legalismo religioso. Ele disse: "seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens" (Mt 15.9). No legalismo, as doutrinas bíblicas e as regras da denominação são confundidas. Quando isso acontece, a tradiçãodenominacional passa a ter a autoridade da Palavra de Deus, chegando às vezes a competir com ela. Paulo disse que "ainda que nós ou um anjo do céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado" (Gl 1.8). Isto é, nenhum líder, mestre ou instituição tem o direito de acrescentar algo àquilo que Deus já revelou nas Escrituras Sagradas.

O legalismo facilmente conduz ao orgulho e à hipocrisia. Ainda, usando as palavras do escritor William E. Hordern: "[o legalismo] é errado porque comercializa a religiosidade e conduz os indivíduos muito facilmente ao orgulho e à hipocrisia". Esse me parece ser o problema principal dos líderes religiosos do tempo de Jesus. Ao guardar minuciosamente todos os preceitos da Lei de Moisés e da tradição dos fariseus, os legalistas ostentavam uma falsa santidade e se colocavam acima do resto do povo. Jesus condenou esse orgulho religioso dos fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo o tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade" (Mt 23.27,28).

Quando pensamos que podemos conquistar o favor de Deus por nossos prórpios méritos, tornamo-nos orgulhosos (Ef2.9).

Estas são apenas algumas das razões porque temos de renunciar a nossa tendência natural para o legalismo religioso e buscar a salvação pelo caminho da graça. O único caminho apresentado na Palavra de Deus.


Leo Barbosa é Presbítero da Igreja Ev. Assembleia de Deus em Guarulhos/SP.