sábado, janeiro 28, 2017

Enfim, o Casamento... Bem-Vindo a Um Novo Mundo!

Jonas M. Olímpio
A realização maior em nossa vida
terrena está no casamento; pois é
a partir dele que várias
conquistas se seguem fazendo
com que nos sintamos mais dignos
como cidadãos e como servos do
Senhor.
    Passado o período de euforia do início da vida à dois, depois de amenizar a ansiedade das novas experiências, é hora de começar a perceber que o sabor do mel é muito bom, mas para poder saboreá-lo, as vezes, é preciso suportar algumas ferroadas. Mas fique tranquilo, pois vale a pena sentir um pouco de dor para poder ter a honra de olhar no espelho e dizer: “Agora sou um chefe de família!”, “Agora sou uma dona de casa!”; afinal, a sensação de autoridade e liberdade é algo incomparável e não tem preço. Porém, é melhor ir com calma aí porque é preciso se lembrar de algo muito importante: o casamento é constituído por duas pessoas, sabe o que isso significa? Significa que você não está só e, se não está só, tanto a autonomia quanto a liberdade são limitadas, pois é preciso haver respeito e cuidado em relação àquela pessoa que agora vai viver ao seu lado até o fim da sua vida. E se você quer que essa convivência seja mesmo até o fim da vida é melhor ir se acostumando com essa ideia: “Não estou só!”; “Tudo o que tenho não é só meu!”; “Não posso tomar decisões importantes sozinho!”; “Quero ser amado, mas será que estou amando?”. É a partir do momento que conseguir fazer e responder essas perguntas a si mesmo que você poderá ter a certeza de que está agindo como um esposo ou uma esposa cristã (1ª Pe 3:6,7[1] [2] [3]).
    Uma das primeiras coisas que um recém-casado precisa é se acostumar com a ideia de que não está sozinho e que agora, querendo ou não, vai ter que aprender a impor limites a si mesmo para poder respeitar os direitos do cônjuge. Sendo assim, muitos costumes, hábitos ou manias precisam ser mudados ou até abandonados de vez, pois algumas atitudes que pareçam não ser um problema para você, talvez sejam um problema para a pessoa que está ao seu lado. A vida conjugal depende muito do amor[4], e amar, na prática, significa abrir mão de qualquer coisa que possa interferir negativamente em seu relacionamento com a pessoa amada ou também suportar algumas práticas dela que não te agradem muito; pois quem ama respeita, e quem respeita se sacrifica. Porém, é óbvio que você não vai ter que renunciar a tudo que faça parte da tua vida e nem também aceitar atitudes da parte dela que ultrapassem os limites do tolerável, afinal, o “sacrifício” tem que ser mútuo, ou seja: ambos devem se respeitar se limitando e se suportando dentro da medida do possível. Isso significa que em alguns momentos você precisará convidá-la para uma conversa um pouco mas séria e expor com clareza o que pensa, o que sente e apontar uma solução razoável para ambos: uma alternativa que não pareça apenas te favorecer, mas que seja viável também para ela. Esses diálogos não apenas representam uma saudável preocupação de sua parte em manter a harmonia no lar, mas demonstram também o quanto você é atencioso e se interessa não somente pelo seu próprio bem-estar, mas também pelo dela, lembrando ainda que, além de marido e mulher, são também irmãos em Cristo (Rm 12:9-11[5]).
    Outra coisa muito importante a aprender nos primeiros passos da vida conjugal é que praticamente tudo o que é seu também pertence a ela e vice-versa; quem não conseguir compreender o sentido da “lei do compartilhamento”, definitivamente, não vai se dar bem no casamento. O sentimento de egoísmo é uma das maiores causas de conflitos entre casais, pois não há como viver sob o mesmo teto estabelecendo “fronteiras de acesso proibido” ao seu próprio cônjuge. Tanto objetos de uso em comum quanto coisas mais sérias como senhas de cartões e decisões sobre negócios relacionados às finanças, estudos, saúde, questões sentimentais e quaisquer tipos de projetos devem ter plena participação de ambos. Afinal, casamento é liberdade de opinião e correção, parceria, confiança, amizade e até cumplicidade; a falta de algum desses fatores é o indício de que algo não está bem: um sinal de alerta indicando que alguma peça precisa ser ajustada antes que a engrenagem apresente problemas de funcionamento ou pare de vez. Sendo assim, entre duas pessoas que compartilham o mesmo sentimento, não pode haver restrições, desconfiança, segredos, vergonha ou deslealdade; caso haja, isso significa que um dos dois - ou os dois - não está compartilhando de fato do mesmo sentimento (1ª Co 13:4-7[6]).
    No que se refere às decisões importantes da casa, não deve o marido agir autoritariamente achando que tem direito sobre tudo ou mesmo jogando esse peso nas costas da esposa, e nem a mulher se excluir de suas responsabilidades pensando que isso não é problema dela ou ainda tomando a liberdade de não respeitar a autoridade do esposo. É preciso haver consenso: equilíbrio e concordância. E isso é necessário porque, além de ser uma demonstração de respeito, se algo der errado um não vai poder culpar o outro, afinal, ambos optaram juntos por essa decisão. O descumprimento dessa regra tão básica de convivência é um erro tão grave que não sou poucos os casos de separação porque, de repente, chegaram contas, ou cobranças de contas não pagas, que o esposo ou a esposa nem sequer imaginavam sua existência. Com exceção de ser um presente surpresa, ainda que os dois trabalhem para ganhar seu próprio dinheiro, é importante sim que cada um saiba dos negócios realizados pelo outro até mesmo porque num caso de desemprego, por exemplo, o parceiro estando ciente da dívida pode se programar para ajudar no pagamento da mesma. E esse acordo nas decisões é importante não apenas em assuntos financeiros, mas em tudo quanto seja realizado no dia-a-dia, pois é apenas um simples detalhe que pareça não fazer diferença alguma para você que pode fazer muita diferença para ela e provocar gravíssimos problemas com danos quase irreparáveis, sendo que tais prejuízos poderiam ser facilmente evitados com simples atitudes como, por exemplo: sempre ligar informando aonde está e para onde vai, não esconder recados e nomes de amigos adicionados em redes sociais, pedir opinião sobre qual roupa vestir ou com quem deve ir a determinado lugar e sempre comentar sobre seus sonhos ou objetivos demonstrando total disposição e interesse em saber o ponto de vista dela. Comunicar e pedir participação nas decisões, assim como em qualquer relacionamento, estruturam e fortalecem o casamento, pois a Bíblia nos ensina a não fazermos projetos sozinhos  (Pr 15:22; Ec 4:9,10).
    Outra falha que se deve evitar a todo custo são os questionamentos ou as cobranças excessivas, principalmente quando você não pratica como deveria aquilo que questiona ou cobra, e uma dessas coisas é o amor. A correria cotidiana tende em nos transformar em egoístas levando-nos pensar que estamos fazendo muito e recebendo pouco do nosso cônjuge. Um bom exemplo disso é o fato de que quando um homem chega em casa cansado, se a mulher pede atenção, ele se sente no direito de não lhe atender e, por outro lado, se é ele que lhe pede atenção e ela se justifica dizendo que está cansada, já acha que ela não está querendo retribuir ao seu amor; e como o inimigo adora essas brechinhas começa a colocar um monte de minhocas na cabeça do sujeito, tipo: “Ela está agindo com ingratidão, desinteresse, acho que não me quer mais, deve estar me botando chifre!” e por aí vai. Essa situação se aplica a ambos, e para evita-la basta simplesmente compreender que todos nós temos momentos de indisposição e a não ser que esses argumentos sejam rotineiros, não podem ser encarados como desculpas, mas sim como eventualidades as quais você vai sobreviver. Quem realmente ama passa a conhecer a pessoa de uma tal forma que dificilmente se consegue enganar com qualquer aparência e sabe entender as fraquezas e esperar, não se tornando assim um “torturador” da pessoa amada. Você ama de verdade? Então com certeza você a trata da mesma forma como espera que ela te trate (Mt 22:39; Rm 13:10).
    O casamento é muito mais do que uma mudança de casa, membros familiares e estado civil nos documentos, ele significa uma alteração total em sua rotina que interfere não só em seu coração, mas te faz sentir mudanças psicológicas e até físicas. É a partir daí que você vai aprender a conviver com uma realidade que te exigirá mais responsabilidade, autocontrole, firmeza, coragem, sabedoria, boa vontade e até fé em Deus... ou seja: tudo o que você já tinha ­- ou pensava ter­ - antes, agora precisa ser incalculavelmente multiplicado por valores indefinidos e dividido por dois. Mas não se assuste e nem pense que isso é negativo, pois é exatamente ao contrário: as experiências adquiridas a partir daí, ainda que algumas possam ter sabor amargo, te produzirão efeitos tão positivos que em pouco tempo você perceberá que evoluiu de tal forma que conquistas que pareciam impossíveis agora são uma realidade em sua vida. Casamento é a concretização da vontade divina em relação ao estabelecimento da família e a possibilitação da continuidade da raça humana de uma forma decente e honrada: dentro de um lar oficialmente constituído por meios legais e estruturado pelo sentimento do amor. A união conjugal, quando realizada sob a direção de Deus, é sinônimo de paz, segurança, honra e alegria; por isso, o consagre ao Senhor orando diariamente por ele e viva-o intensamente (Ec 9:9[7]; Pr 18:22; 19:14[8]).



[1]Sara: Significa "Princesa". Esposa de Abraão e mãe de Isaque. Até os 90 anos foi chamada de Sarai que significaria "Briguenta" (Gn 11:29-31; 12:1; caps. 16-23; Hb 11:11; 1ª Pe 3:6.
[2]Abraão: Esse nome significa pai, ou líder de muitos. É um personagem bíblico citado no Livro do Gênesis a partir do qual se desenvolveram três das maiores vertentes religiosas da humanidade: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Obedecendo as ordens de Deus, saiu com Ló de Harã, juntamente com sua esposa e seus bens, indo em direção a Canaã. Abrão já teria setenta e cinco anos de idade e dá a entender que já tivesse pessoas a seu serviço, embora nenhum filho. Teria sido pai pela primeira vez aos oitenta e seis anos, quando nasceu Ismael: filho que ele concebeu com sua escrava Hagar, sob consentimento de sua esposa Sara que era estéril. Sara deu à luz a Isaque com a idade aproximada de 90 anos e Abraão tinha quase 100. Ele é considerado como o pai da fé e morreu com 175 anos de idade.
[3]Coabitar: Habitar em comum; viver em comum. Ter relações sexuais com alguém. Conviver intimamente.
[4]Amor: Sentimento de apreciação por alguém acompanhado do desejo de lhe fazer o bem.
[5]Cordialmente: De forma cordial. Amável; sincero. Relativo ao coração. Afetuoso, franco, sincero. Que estimula o coração.
[6]Leviandade: Procedimento irrefletido, precipitado ou sem seriedade; imprudência (Jr 23:32; 2ª Co 1:17).
[7]Vaidade: Ilusão. Qualidade do que é vão, instável ou de pouca duração. Desejo imoderado e infundado de merecer a admiração dos outros. Vanglória, ostentação. Presunção malfundada de si, do próprio mérito; fatuidade, ostentação. Coisa vã, fútil, sem sentido. Futilidade. Jactância, presunção.
[8]Fazenda: Riquezas e bens; Finanças.

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