domingo, janeiro 27, 2013

Morte. Dia de festa ou de luto?

Pr. Rodrigo David Mocellin

Como pastor, já fiz e fui a muitos velórios. Nestes momentos, o que nos vem a cabeça, sem dúvida, é trazer uma mensagem de consolo para as pessoas que ficaram, pois como evangélicos que somos não cremos que podemos fazer alguma coisa por aqueles que partiram. Entretanto, muitas vezes o que dizemos para consolar acaba por desconsolar. Afirmamos: “Não chore! Ele está melhor que nós”. E estes dias, num velório, ouvi uma frase mais louca ainda: “Hoje é dia de festa!”. 
  
   Isto é muito engraçado porque Jesus não comemorou a morte de Lázaro mesmo estando completamente certo da ressurreição do seu amigo naquele e no último dia, antes chorou ao ver o que o pecado fez com o ser - humano. “O salário do pecado é a morte”. A conseqüência final e mais visível do pecado pode ser vista num velório, portanto como um dia como este pode ser chamado de “festa”? Este pensamento não é bíblico e sim oriental, são os japoneses que dizem que o dia do nascimento é de tristeza e o da morte de alegria. O livro de Eclesiastes capitulo três, por sua vez declara que há tempo de chorar e tempo de rir. E pode ter certeza, a hora do funeral é momento de derramar lágrimas e não de soltar foguetes, pois o nosso Deus é o Autor da Vida e não da morte, que veio nos vivificar e não mortificar, tendo a morte como inimiga e a vida sua amiga. 
 
     “Mas quando um crente morre ele vai para o céu não vai!? Então porque ficar triste?”, talvez você esteja se perguntando. Lázaro também ia e mesmo assim Jesus chorou. Não choramos por causa da presença dele no céu, e sim devido a sua ausência na terra. Sl 116:15 diz que a morte dos santos é preciosa para Deus, mas não fala que é para nós. Ora, qual a alegria do Pai quando seus filhos morrem senão que Ele os terá mais perto de si do que nunca? Então, se Deus fica feliz com a proximidade é natural que venhamos a nos entristecer com a distância. 

 
      A bíblia afirma que é melhor ir numa casa onde há luto do que numa onde há festa. Primeiro, se o velório é uma festa já não dá para seguirmos este princípio. Segundo, é melhor no sentido de que ali vemos o fim da existência de todos e assim refletimos na vida, desta forma a morte serve como um remédio para nos curar de uma existência vazia. No entanto, eu não tenho que comemorar o uso do remédio, melhor fora que nunca estivéssemos doentes. 

 
     Sendo assim, deixar de chorar no dia do luto é ir contra a própria natureza, de tal forma que derramar lágrimas é o melhor consolo para lavar e refrigerar a alma. Porém, o crente fica lutando contra elas, pensando que permitir ter os olhos cheios d’água é o mesmo que possuir um coração vazio de fé. E aí entra naquela crise de culpa, pois está mal, no entanto tenta mostrar que está bem. Quer usar roupas festivas enquanto que nestas horas os judeus sempre colocavam pano de saco e cinzas. 

 
     Não fique triste porque você está triste, pois apesar de ser crente, não deixamos de ser gente. E em Cristo somos os entristecidos sempre alegres, os chorões risonhos. 



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2 comentários:

Pastor Francisco Santos-Sertânia PE disse...

Muito bem explanada essa postagem.

Anônimo disse...

Obrigada Pastor por palavras tão consoladoras. Eu perdi minha mãe esta semana e chorei muito, muito... não gritei, não blasfemei, mas chorei lágrmas copiosas... Não tive dúvidas que Deus me deu o choro para eu fazer uso dele nos momentos necessários. O seu texto é real para àqueles que estão sofrendo com a perda de seus entes queridos. Que Deus o abençoe, para que continue a nos abençoar com os seus textos genuinamente Bíblicos. Abraços Fraternais.