segunda-feira, agosto 04, 2008

Negócios do Evangelho ou evangelho dos negócios?


E, se alguém também milita,
não é coroado se não militar legitimamente.
2 Timóteo 2: 5

Pastor Carlos Roberto Silva

Blog Point Rhema


Talvez este assunto seja um tanto controverso, no entanto se faz necessária uma reflexão mais aprofundada sobre as dificuldades impostas pela realidade de um “evangelho” que virou negócio, e digo mais, negócio de marketing, mídia, poder e manipulação de massas.

O natural crescimento da obra de Deus foi mal interpretado por alguns líderes, os quais transformaram Igrejas e Ministérios por eles dirigidos em verdadeiros impérios, nesse caso um império requer um imperador.

Por outro lado, evangelistas transformaram a pregação do evangelho em um negócio, e isto mais do que nunca está totalmente às claras e à vista de todos. O dom da palavra precisa estar associado a técnicas de psicologia, marketing e publicidade. Essas combinações quando mal interpretadas, quase sempre transformam seus participantes em verdadeiros ícones de gerações, referenciais, artistas e pop stars.

A pergunta que não quer calar é a seguinte: onde erraram, quando e como começaram com isso? Foi proposital ou entraram em uma cadeia de ações e atitudes, nas quais foram enredados e não conseguiram mais sair?

Em algumas oportunidades de conversas, comecei a descobrir que tudo começa com a simplicidade do evangelho, no entanto o inimigo, como sempre, não satisfeito começa a criar situações, a princípio muito simples, do tipo café quer leite e leite quer café, e, quando se vê foram extrapolados os limites e o princípio da ética cristã foi em muito deturpado em nome da pregação do evangelho.

Não quero utilizar-me deste ensaio, para de forma banal e irresponsável atirar pedra em quem quer que seja, muito pelo contrário, a idéia é trazer à baila e colocar como tema de reflexão para a Igreja dos tempos modernos, um assunto de tamanha importância.

A mídia é necessária, mas todos sabem também ser muito cara.

Uma vez se adentrando a ela, só sobrevive quem utilizar-se das diversas formas de arrecadação de recursos para sua manutenção. A necessidade de mega ofertas, venda de CDs, DVDs, Livros, Bíblias de Estudos e tudo mais que se possa imaginar, começa então trazer certo grau de concorrência para dentro do próprio reino.

Nesse caso, tal concorrência começa importar sistemas e artifícios não condizentes com a ética cristã e os princípios do próprio evangelho. A Inveja nasce, o ciúme se prolifera e gente boa começa a se perder no meio e por conta da própria pregação do evangelho.

Até onde isso está correto?

Os programas, o desempenho dos pregadores, cantores, músicos, a qualidade dos profissionais de bastidores, a capacidade de operação de publicidade e marketing, os índices de audiência, o resultado das equipes de telemarketing, tudo isso e algo mais que possa ainda haver, em conjunto, começa a descaracterizar a MOTIVAÇÃO ORIGINAL das finalidades a que tudo se destina.

Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. 2 Timóteo 2:4

QUAl A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO PARA TUDO ISSO?

Reflitamos sobre as palavras do Apóstolo Paulo:

Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 1 Coríntios 2:2

Onde está o ponto “X” da questão, onde se pode limitar o ético e o exagero?

Onde deixamos a simplicidade e o foco do evangelho e adentramos no terreno minado da grandeza humana e terrena, da concorrência desleal e passamos a lutar indiretamente pela queda do próximo, tudo isso em nome de um pseudo crescimento no reino?

Quando falo desses assuntos, incluo a indiscriminada fundação de Igrejas e mais Igrejas, numa verdadeira promoção do “vem pra minha você também”.

Não podemos esquecer a guerra das editoras que chegam a anunciar sua literatura evangélica como a melhor, com melhor conteúdo, maior número de páginas e o menor preço.

Os temas abordados, no afã de venderem a contento e atingirem em massa o público alvo, normalmente deixam de lado a ortodoxia bíblica e suas doutrinas fundamentais e versam abundantemente sobre psicologia, auto ajuda, prosperidade, finanças, confissão positiva, afinal, do jeitinho que o mundo faz, isso sem falar nas diversas Bíblias de conveniência e afinidades.

Isso vende como água, parece até reproduzir a propaganda de certo biscoito que dizia: Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?

Onde vamos parar? Como Deus vê e reage a tudo isso?

Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. 1 Timóteo 4:16

A pergunta é: Onde fica a simplicidade do evangelho?

Voltando ao princípio dos meus questionamentos, quantos bons obreiros se perderam nesse emaranhado de negócios do evangelho. Alguns começaram tão bem a carreira, e era muito melhor para eles mesmos, que tivessem ficado no anonimato das suas primeiras ações.

Fama, poder e riqueza, são ingredientes nefastos para a vida de qualquer um, principalmente para aqueles que militam a boa milícia. Isso tudo sem falar na correria dos negócios, viagens constantes, prazos, eventos, conferências e representações institucionais, o que aos poucos vai minando a família, o casamento, e deixando uma lacuna sentimental e de carência que quase sempre leva um líder à ruína.

"Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína". 1 Timóteo 6:9

É preciso preparo espiritual, ministerial e acima de tudo a graça de Deus e a orientação do Espírito Santo para que não se caia nas tentações e ciladas impostas pelo inimigo em nome da pregação do evangelho.

Fonte: Texto original-Blog Point Rhema

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